Ter, 28/01/2020 - 12:34
A Polícia de Segurança Pública reforçou que os crimes de ofensa à integridade física graves são pouco frequentes em Bragança, tendo-se registado quatro ocorrências em 2019, e que este foi um caso isolado. Apesar de não se prever reforço de meios depois da morte do estudante cabo- -verdiano, de 21 anos, na sequência de agressões à saída de um bar na cidade, o comandante da PSP de Bragança adiantou que está, já há 6 meses, no terreno um projecto designado Noite Segura, prevendo que cada espaço de diversão nocturna tenha um “sentinela” para “sinalizar os problemas e os comunicar” às autoridades. Mas José Neto admite que neste caso não funcionou como esperado. Questionado sobre se esta comunicação tivesse sido feita imediatamente a seguir às altercações no bar, na madrugada de 21 de Dezembro, teria originado um desfecho diferente, o comandante afirmou: “A resposta é sim”. “As pessoas que gerem e trabalham nestes espaços conhecem bem os comportamentos das pessoas e provavelmente houve a confiança por parte do estabelecimento que tinha tudo controlado e as coisas precipitaram-se”, acabou por admitir, na primeira vez que falou publicamente do caso. O desentendimento começou dentro do bar, mas os dois grupos foram separados. No entanto, Giovani e os jovens que o acompanhavam acabaram por ser agredidos à saída do bar. A força de segurança admite que há necessidade de estreitar a comunicação com outras entidades, nomeadamente bombeiros e da área da saúde, para perceber “que leituras têm dos episódios a que são chamados a intervir durante a noite” para ser possível “despistar se estão perante uma situação que, à primeira vista, não projecta a violência que é capaz de carregar” e serem “capazes de a tratar convenientemente”. No conselho de segurança, a PSP adiantou ainda que vai analisar possíveis fenómenos de violência na cidade que não chegam às autoridades. “Num universo ainda desconhecido por nós há, muitas vezes, altercações e episódios de violência que não são conhecidos por parte da PSP, porque as pessoas não formalizam uma denúncia. Em 2019, tivemos quatro episódios de ofensas à integridade física graves, o que achamos, em função do conhecimento que temos, que não corresponde de todo à verdade”, afirmou o comandante José Neto. “Temos obrigação de pensar todos nisto e de perceber se há um conjunto de jovens que deliberadamente se junta à noite num ou outro espaço e que têm um comportamento agressivo”, acrescentou. O comandante da PSP de Bragança reforçou ainda que a investigação aconteceu no tempo e espaço adequados. “O que tinha de ser feito pelas instituições foi feito e tivemos resultado em tempo recorde, na minha opinião”, afirmou. O caso do jovem estudante cabo-verdiano que faleceu vítima de agressões que aconteceram à saída de uma discoteca em Bragança levou à antecipação da sessão anual do Conselho Municipal de Segurança. O presidente da câmara de Bragança, Hernâni Dias, explicou que se impunha a análise da situação e reforçou que se tratou de um caso isolado que não deve criar alarmismo. O Conselho Municipal de Segurança de Bragança acabou por aprovar uma resolução a pedir um reforço de meios para a PSP. “As exigências das autoridades policias hoje são maiores e é necessário que tenhamos a garantia de que o nosso território continua a ser seguro. Para isso entendemos que será necessário haver mais reforço policial”, afirmou o autarca que se frisou a necessidade de rejuvenescimento do comando local.