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Rural Castanea é a montra de um sector que movimenta 25 milhões de euros em Vinhais

Ter, 29/10/2019 - 11:19


A cultura do castanheiro tem tido na região cada vez mais interesse e, segundo garante a directora regional de Agricultura e Pescas do Norte, o cenário traduz-se nas candidaturas que vêm sendo feitas ao Plano de Desenvolvimento Rural e que se pautam por incentivos e programas para a plantação.

“Temos agora mais 66 candidaturas e, falando do concelho de Vinhais, com mais 540 hectares de área plantada, num investimento de 5,3 milhões de euros, apoiado em 2,5 milhões e meio, pelo PDR 2020”, revelou Carla Alves à margem da XIV Rural Castanea, que decorreu este fim-de-semana. Nas palavras da directora regional, os valores, que são “interessantes”, mostram a “vitalidade” de um sector que tem como “bom” o escoamento da produção. 

Produtores sem seguro

Ao longo de três dias várias foram as actividades e iniciativas que fizeram rumar milhares de pessoas à feira a Vinhais. Como já vem sendo hábito, a Rural Castanea contou com as Jornadas Técnicas do Castanheiro, que este ano se apresentaram na sua XVII edição. Promovidas pela Associação Agro-Florestal e Ambiental da Terra Fria Transmontana – ARBOREA, têm-se assumido com o propósito de esclarecer e aconselhar os agricultores acerca dos problemas que vão surgindo. Um dos temas em destaque foram os seguros mas, no concelho, segundo Abel Pereira, presidente da entidade organizadora, há pouco ou ninguém que os tenha, já que apenas cobrem as intempéries, um problema que ainda não é tão alarmante quanto as pragas ou doenças. “Eu desconheço que haja algum produtor que os tenha”, começou por sublinhar. Ainda assim, Abel Pereira ressalva que, a continuar assim, “as intempéries naturais irão causar cada vez mais problemas”. Já Carla Alves lembrou que o Ministério da Agricultura financia estes seguros e “é muito importante dar nota disto antes que os problemas aconteçam”. A directora regional, neste aspecto, diz que se tem percebido que os agricultores agrupados, como em cooperativas, “chegam mais rápido aos seguros” mas é preciso estar-se atento porque “as alterações climáticas vão ser cada vez mais um problema de futuro e tudo isto deve ser precavido”.

Feira deu espaço a mais expositores

A Rural Castanea foi criada para dar visibilidade a este fruto de outono já que o concelho, em termos de produção, é o que mais peso assume em Portugal. Com mais dez expositores que no ano passado, perfazendo um total de 90, apesar de as atenções estarem voltadas para a castanha, quem esteve a vender não deixou faltar, ao longo de três dias, os produtos mais característicos da região. Ana Santos, uma das produtoras que não tem faltado, faz um “balanço positivo” do certame. “Os nossos produtos são todos naturais, produzidos na aldeia, e as pessoas vêm à procura disso”, explicou, acrescentado estar sempre à espera da colheita da castanha porque “dá algum rendimento”, ainda que este ano haja “menos”. Já Fernando Gonçalves, da Cooperativa Agrícola de Vinhais, entidade que recolhe e vende as castanhas dos associados, garante que se tem percebido que há cada vez mais produtores, o que se justifica por ser esta uma cultura “rentável”. “Já há uns anos que não vinha e este ano fiquei surpreendido”, comentou sobre a feira. Natália Ferreira, que tem cerca de dois mil castanheiros, que já herdou dos pais, reforça que, estando num concelho essencialmente rural, “é disto que se vive” e que o rendimento que a castanha traz, nas contas de casa, revela-se “uma grande ajuda”. Na feira esteve ainda representada uma cozinha regional de fumeiro que também aposta noutros produtos locais e não deixa a castanha de lado. Elisabete Diegues, deste projecto transmontano, acredita que “para quem é produtor individual, as feiras são sempre boas porque há mais onde vender”.

Feira encerra com “balanço positivo”

O certame que conta com produtores e as principais empresas ligadas ao sector da castanha, assim como com os produtos relacionados com o fruto em causa, com vinhos, licores, queijos, azeite e toda a gastronomia, artesanato e tradição local, “no geral correu bem”, garantiu o presidente da câmara de Vinhais. Para Luís Fernandes a maior mais valia tem a ver com a visibilidade que é dada ao concelho. “Vê-se que há uma grande procura e muita gente. Há um retorno muito grande em termos de visitação”, garantiu o autarca que assegurou ainda que os espaços de restauração foram estando “cheios” por esta altura e que “as pessoas acabam por regressar”. Em Vinhais, a castanha “nunca fica por vender” mas era “importante”, segundo o autarca vinhaense, criar um certame para dar valor ao fruto e daí ter surgido a Rural Castanea. No concelho, em que a produção representa uma média anual de 15 toneladas, movimentando cerca de 25 milhões de euros, “fazia todo o sentido” ter um evento para “honrar” o que é conhecido como o “ouro” de Trás-os-Montes. A feira contou com as Jornadas Técnicas do Castanheiro, as Jornadas de Apicultura, a IX Rota do Javali TT, a 1.ª ULSNE Walk, demonstração equestre e arte a cavalo, chega de touros de raça mirandesa, concurso da castanha, de doçaria com castanha e do mel e ainda, em termos de concursos, o da cabra preta de Montesinho. A animação esteve garantida através dos grupos musicais “Cláudia Martins e Minhotos Marotos” e “Nova Dimensão”.

Sete anos de Magustão

Chama-se “Bom Dia Tio João” e é o programa da Rádio Brigantia que dá ser ao “magustão”, iniciativa que reúne a família radiofónica que Nicolau Sernadela tem vindo a construir há 30 anos. O encontro das gentes a quem o anfitrião do programa apelida de “tiozinhos” acontece há sete anos em Vinhais, não fosse este o melhor cenário para um verdadeiro magusto já que é aqui que está, desde 2007, o maior assador de castanhas do mundo, inscrito no Guiness World Records. Quanto ao encontro deste ano, o Tio João diz que “foi o maior de sempre” e percebeu-se pela gente que ali foi passando ao longo da tarde de domingo.

 

Jornalista: 
Carina Alves