Vereadores do PS de Bragança acusam presidente da Assembleia Municipal de os querer calar

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Qua, 05/08/2020 - 12:36


Luís Afonso iria trazer um negócio para Bragança mas diz que não o fez por causa das questões levantadas pelos vereadores relativamente a outros projectos em que estaria envolvido

Os dois vereadores do Partido Socialista de Bragança, Nuno Moreno e Graça Patrício, consideram que o presidente da Assembleia Municipal, Luís Afonso, quer “silenciar” a oposição. Esta reacção surge na sequência das declarações do empresário Luís Afonso, dadas a um órgão de comunicação social, dizendo que tinha intenção de expandir para Bragança o seu negócio de distribuição farmacêutica veterinária, trazendo para a cidade um armazém, que seria instalado num terreno que tem junto ao matadouro. Contudo, Luís Afonso, dizendo que “infelizmente os vereadores do PS prestaram um mau serviço à cidade e ao concelho”, assinalou que desistiu porque o “chatearam muito” e o quiseram difamar com as questões levantadas acerca da venda do terreno municipal junto ao ISLA, para se instalar o hospital privado, empresa onde integrava os órgãos sociais. Nuno Moreno, vereador do PS, mostrando-se indignado com as palavras do empresário, disse que se trata de uma “desculpa de mau pagador”. “O que nos chocou profundamente foi estar a utilizar a vereação do Partido Socialista como uma desculpa para não investir em Bragança”, esclareceu, dizendo ainda não compreender o que é que a actividade política do partido tem a ver com os projectos do empresário. “Está a desculpar-se connosco quando nos limitámos a fazer o nosso trabalho de oposição, que, aliás, foi reconhecido pelo presidente da câmara”, adiantou o vereador, reportando-se ao facto de Hernâni Dias ter decidido pela revogação da venda do terreno em causa, após a oposição ter alegado existir conflito de interesses já que Luís Afonso estaria dos dois lados do negócio, como presidente da Assembleia Municipal de Bragança e como membro dos órgãos sociais da sociedade. Contactado por este jornal, Luís Afonso esclareceu que as declarações que prestou foram suscitadas pelo facto de não se sentir “acarinhado” em Bragança. “Fiquei muito magoado, muito aborrecido e decidi que este armazém não vai para Bragança”, disse o empresário, lembrando que o empreendimento que dizia respeito ao hospital ficou à espera de melhores dias, após as questões levantadas pelos vereadores, fazendo com que se voltasse atrás na venda do terreno para o construir. “Disposto a arriscar centenas e centenas de milhares de euros para criar dezenas de postos de trabalho neste concelho, e depois assisto a um confronto por parte do Partido Socialista”, lamentou. Luís Afonso garantiu que expandirá o negócio de distribuição farmacêutica para Vieira do Minho, deixando de parte a cidade de Bragança, onde, ainda assim, prevê instalar uma fábrica de máscaras. Nuno Moreno disse ainda lamentar que se mantenha por resolver a situação da venda do terreno e esclareceu acreditar que a questão do conflito de interesses neste processo merece uma resposta. “Quem tinha que apresentar uma nova solução não a apresenta”, explicou. Questionado sobre esta matéria, Luís Afonso esclareceu que o conflito de interesses está resolvido. “Saí dos órgãos sociais e não estive envolvido, em momento algum, nas negociações”, sublinhou.

 
Jornalista: 
Carina Alves