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Vitória “histórica” para o PS no distrito de Bragança

Ter, 01/02/2022 - 12:09


O Partido Socialista (PS) conquistou, no domingo, o país e Bragança não negou a tendência nacional

No distrito as eleições legislativas ficaram marcadas por uma verdadeira reviravolta, já que a primeira e única vez que os rosas tinham saído vitoriosos fora em 2005. O Partido Socialista cantou assim vitória com 40,3% dos votos e conseguiu “roubar” um deputado aos laranjas. Logo atrás, naquela que foi uma autêntica disputa, ficou o Partido Social Democrata (PSD), com 40,28%. Os social democratas perderam por apenas 15 votos e, por isso, perdem também um de dois deputados que tinham. Nessa altura, em 2005, ainda assim, o PSD elegeu dois deputados, tal como os vencedores das eleições, os socialistas. Isto aconteceu porque o distrito de Bragança ainda era representado por quatro deputados na Assembleia da República (AR). Desde 2009 que, por Bragança, só se elegem três deputados e esta é assim a primeira vez que os socialistas conseguem ter mais representantes que o PSD, sendo eles Sobrinho Teixeira e Berta Nunes. “É extraordinário para a região”, considerou o cabeça de lista socialista pelo distrito. O ex-presidente do IPB, que em 2018, assumiu a secretaria de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, em declarações ao Jornal Nordeste, revelou-se bastante feliz com os resultados. Dizendo- -se satisfeito pela vitória de António Costa, líder do partido, que, a nível nacional, venceu as eleições com maioria absoluta, com 41,68% dos votos, Sobrinho Teixeira assumiu com agrado o “resultado histórico” conseguido em Bragança, até aqui um bastião social democrata. “Acho que o resultado se deve àquilo que foi a apresentação e discussão das nossas ideias. Penso que fizemos uma campanha bonita e impactante. O resto, depois, já era com quem votou. E é a essas pessoas que votaram, a quem nos elegeu, que quero dizer que assumirei um compromisso de confiança: lutarei por uma região melhor, com mais pessoas e onde as pessoas se sintam melhor”, esclareceu. Sobrinho Teixeira considerou que “os brigantinos acreditaram na mensagem” de que “o problema do distrito é a redução demográfica” e que para ela a solução passa pela “criação de economia e de emprego”.

Crescimento do Chega baralhou resultados

Adão Silva, desta vez, defenderá sozinho, em nome do partido, os interesses da região. Em 2019 fez parceria com Isabel Lopes e, agora, se surpresas não houvesse, governaria ao lado do vice-presidente da Câmara Municipal de Bragança, Paulo Xavier. Tendo sido eleito deputado à AR, pela primeira vez, em 1987, onde fazia parte da Comissão Parlamentar da Juventude, Adão Silva diz que os resultados em Bragança foram “fortemente influênciados pela subida eleitoral do Chega”, que foi a terceira força política mais votada no distrito (8,55%) e também no país (7,15%). “Esta subida é muito forte e, como tal, baralhou completamente os resultados. Temos a percepção de que o Chega cresceu, sobretudo, à base de eleitorado do CDS mas também muito do PSD. Com este aumento reduziu-se a diferença que era normal entre o PSD e o PS, que ficou curtissíma”, esclareceu ainda, deixando assente que aqui se viu que “por um voto se ganha, por um voto se perde”. O também presidente do grupo parlamentar considerou, em termos de deputados, que “o PS não rouba nada ao PSD”. “O povo é soberano e entendeu que a repartição dos três mandatos deveria ser um para o PSD e dois para o PS. Inverte-se a situação mas o povo manda e merece o melhor dos seus eleitos no parlamento”.

PSD pede esclarecimentos

Em Bragança, onde a abstenção, de 52,21%, superou a nacional, de 42,04%, votaram 65 742 dos 137 572 inscritos. 15 votos chegaram para mudar tudo e é sobre esses votos que agora se pede uma explicação. O presidente da distrital de Bragança do PSD explica que não é pelo facto de a diferença ser tão diminuta que o partido vai pedir, na Assembleia Geral de Apuramento, um esclarecimento dos resultados eleitorais no distrito. Segundo Jorge Fidalgo, em causa está uma situação que o partido detectou no acompanhamento dos resultados, na página oficial, ao longo da noite eleitoral. “Temos um print em que o PSD está à frente, com 63 votos, com uma freguesia por apurar, neste caso na de Olmos, no concelho de Macedo de Cavaleiros. Passados alguns minutos o PSD já só aparece à frente com um voto e, na mesma, com uma freguesia por apurar. Portanto, houve aqui alteração de dados. No final, o PS aparece vencedor, por 15 votos, e na freguesia em causa, a que estava por apurar, perdemos por sete”, esclareceu. O presidente da distrital social democrata sublinhou que “não se está a pôr em causa a vitória do Partido Socialista”. “Já dei os parabéns ao PS e desejamos-lhe um bom mandato, a bem do país e principalmente do nosso distrito, mas a Comissão Nacional de Eleições deve esclarecer o porquê destes dados e, certamente, haverá uma justificação”, vincou Jorge Fidalgo. Agora será o partido a nível nacional que tomará as devidas medidas para ver a situação resolvida.

Brigantinos foram votar com receio

Em vespéra de eleições, sábado, havia, pelo menos, um milhão e duzentas mil pessoas em isolamento, entre as quais quase 600 mil infectadas com covid-19, que puderam sair de casa para votar. Resultados e reviravoltas à parte, as eleições, a nível nacional, ficaram bastante marcadas por esta excepção de “liberdade” concedida a quem estava a cumprir isolamento. As opiniões, entre os brigantinos, foram bastante divididas. Uns consideraram não haver problema, outros vincaram que não foi boa ideia. Ainda assim, mesmo quem não viu grandes dores de cabeça na questão, revelou algum receio. “Não deviam vir à mesa de voto. Deveriam ter direito a votar mas de outra forma”, disse Rosa Silva. Já Manuel Pires considerou tudo isto uma “aberração”. Apesar de se ter recomendado que estas pessoas votassem entre as 18 e as 19h, o horário não era imposição. Portanto o eleitor considerou que “a mistura pode não ser benéfica”. “Acho bem que possam votar mas deveria ter sido num outro dia”, assinalou Hélder Falcão. Nos 12 concelhos do distrito, o PS venceu em sete: Alfândega da Fé, Bragança, Freixo de Espada à Cinta, Macedo de Cavaleiros, Torre de Moncorvo, Vila Flor e Vinhais. Já o PSD venceu nos restantes cinco: Carrazeda de Ansiães, Miranda do Douro, Mirandela, Mogadouro e Vimioso. Face a 2019, o PS ganhou agora em três concelhos que tinham sido ganhos pelo PSD: Bragança, Macedo e Vila Flor.

 

Jornalista: 
Carina Alves