Minuto e Meio

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O gigantesco problema que a nação enfrentará nos próximos vinte anos, é o da demografia, despovoamento e esvaziamento do território. Algo avassalador que, a cada ano que passa, será mais visível e sentido por todos de várias formas. A geração nascida na década de setenta, mesmo juntando-se-lhe os seus filhos, não se aproxima sequer da média da grande dimensão familiar dos nossos avós. Um problema que, mesmo com decisões radicais de resolução tomadas hoje, só teria efeitos visíveis e eficazes daqui a mais de duas décadas, pela demora lenta na reposição de novas gerações de compensação. Ou seja, o declínio demográfico nos próximos vinte anos é messiânico. Já em 2030, a população de Portugal atingirá um decréscimo de meio milhão de pessoas e o número de pessoas com 65 anos ou mais será o dobro do número de pessoas com menos de 15 anos e atingir quase o triplo em 2050. Existem muitos outros dados estatísticos, claros e verdadeiros, que a generalidade dos políticos não dá a conhecer. Garantidamente porque para resolver este “problemazinho”, seria necessário cortar nas políticas dos governos que gerem apenas a pequenez do dia-a-dia, desprezando os verdadeiros problemas da nação. Por ser tão drástico, talvez estejamos até hipnotizados a contemplar esse tsunami lento, aparentemente longínquo, mas poderoso e imparável. Tudo isto vai ter efeitos na escassez da força produtiva de Portugal, com consequente o aumento brutal dos custos do trabalho e, por arrasto, a escassez de bens e serviços e o consequente aumento generalizado dos preços. Além do drama dos encargos esmagadores que a geração dos (poucos) jovens assumirá com as gerações anteriores. O próprio imobiliário, cujos preços (talvez artificialmente) não param de aumentar, irá ter um destino ermo e triste, pois o desaparecimento rápido de uma grande faixa da população, implica um esvaziamento de centenas de milhares de habitações em poucos anos. Isto apenas para falar de coisas comuns que todos entendemos. O resto, será assim como a pandemia: quando acontecer nem vamos acreditar.

Telmo Cadavez