Onde fica a alimentação na sustentabilidade ambiental e económica?

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Segundo a Organiza- ção das Nações Uni- das para a Alimen- tação e Agricultura (FAO) estima-se que em 2050 a população mundial ascen- da aos 9 mil milhões, o que levará a produzir mais 60% de alimentos e au- mentar drasticamente as emissões de gás de estufa devido ao uso de recursos como água, energia, etc, que são utilizados pelos desperdícios alimentares. Para além dos recursos na- turais, a preocupação tam- bém se estende à encomia global, pois ao ritmo da inflação atual é essencial optar por uma alimenta- ção mais acessível, sem descuidar a saúde. No caso particular de Portugal, devido ao eleva- do consumo de alimentos de origem animal, cada português necessita em média entre 2000 a 5000 litros de água por dia para produzir os alimentos ne- cessários e desperdiça em média 97 kg de comida por ano. A produção de alimentos de origem animal têm uma pegada hídrica e de carbono e financeira maior que os alimentos de origem vegetal, já que 1 kg de bife de vaca consome cerca de 15,5 litros de água, pro- duz 16 kg de dióxido de carbono equivalente, usa 7,9m2 de solo e custa cer- ca de 17€. Comparando com a mesma quantidade de frango, que consome cerca de 3,9 litros de água, produz 4,6 kg de dióxido de carbono equivalente, usa 6,3m2 de solo e custa 2,5€, e comparando com a mesma quantidade o trigo, que consome cerca de 1,3 litros de água, produz 0,8 kg de dióxido de carbono equivalente, usa 1,5m2 de solo e custa 0,8€. O impacto ambiental e financeiro dos alimentos também pode ser medido consoante o seu processa- mento, pois um alimento processado pode implicar mais custos devido ao uso de mais recursos huma- nos, ao modo e tempo de conservação (p.e. conge- lação, refrigeração, etc), o número e tipo de embala- gem, o acondicionamento no transporte e a distância desde o produtor até ao consumidor. De forma a ter uma ali- mentação sustentável e saudável podemos optar por ajustar alguns hábitos no nosso dia-a-dia como: escolher alimentos sazo- nais e locais adquiridos di- retamente ao produtor, evi- tar alimentos processados e embalados, caso seja ne- cessário optar por embala- gens familiares, trocar pelo menos duas vezes por se- mana a carne vermelha por leguminosas, como é o caso do grão, feijão, ervilhas, etc., comprar apenas os alimentos que constam na lista e reaproveitar as so- bras, não deitar fora as cas- cas e fazer chás de casca de cebola, laranja, limão etc, quando possível evitar des- cascar os alimentos para as sopas e conservar os ali- mentos adequadamente no frio para maximizar a sua rentabilidade. Optar pelo uso de jarros elétricos para ferver a água e panelas de pressão, que requerem me- nos energia, também é uma boa estratégia. Cabe a cada um de nós fazer pequenas mudanças com grande impacto global, no ambiente e na carteira.

Nádia Santos