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Luís Ferreira

Tempos de mudança

Na complexidade da vida e das barreiras que ela nos coloca pela frente, há sempre decisões que será preciso tomar. Podem ser as certas, ou não, mas temos de as tomar, seja em que contexto for. A Europa vive hoje momentos difíceis e que não eram esperados há bem pouco tempo. Desde uma pandemia que nos colocou entre a vida e a morte, entre a clausura e uma liberdade temerária, uma guerra inesperada e que se pensava nunca mais acontecer nesta Continente e ainda todas as consequências que tudo isto provocou. As consequências que são sempre imaginadas antes de as conhecermos, revelam-se gigantescas depois quando temos de conviver com elas. Absolutamente. Com a pandemia convivemos com a morte bem perto de todos nós e pensávamos que só acontecia aos outros, mas depressa nos apercebemos que afinal estávamos errados. Os nossos familiares e amigos morriam ali ao lado e nem sequer podíamos ir aos funerais para uma derradeira despedida. Foi terrível. Mas desengane- -se quem pensar que acabou. Não acabou e lá pelos lados da China, vão adiantando mais uma pandemia de milhões com um novo vírus que grassa por lá. Simplesmente assustador! A guerra desmesurada e que se pensava ser uma pequena escaramuça entre a Rússia e a Ucrânia, a exemplo do que tinha acontecido com a Crimeia, também foi um engano. Afinal não era uma escaramuça e muito menos uma quezília entre dois protagonistas que ansiavam por imediatismo precoce. A guerra veio para ficar e por muito tempo, destruindo cidades inteiras numa ambição desmedida e insuportável, onde as justificações não têm sentido, já que nada há que justifique os milhares de mortos espalhados pelas ruas das cidades ucranianas. É uma chacina levada a cabo por um homem doente, sem consciência, sem sentido de vida, de oportunidade ou de futuro. Desprezível. Um homem à espera de ser julgado, como todos os outros seus iguais, se ainda for vivo quando for apanhado. Porque todos são apanhados e julgados. As consequências desta guerra só ainda as conhecemos pela metade. A contra ofensiva ucraniana começou já. A destruição da barragem no rio Dnipro, ao que parece de iniciativa russa, vai ter consequências enormes a todos os níveis. Terrenos férteis submersos que vão ficar sem produzir, vão provocar fome e ainda mais desigualdades sociais. A par disto, o preço dos produtos a aumentar diariamente devido ao custo do petróleo, dos transportes e de tudo o que envolve a manutenção desses produtos. A fome que já se vive porque não há dinheiro para comprar os bens alimentares mais necessários, a falta de empregos, o aumento geral do custo de vida. Enfim, um sem número de consequências que será difícil enumerar e resolver no imediato. Tudo por causa de uma guerra absurda. Mas há mais consequências a que podemos apelidar de paralelas. São as consequências políticas. Se alguém pensava que os governos se aguentavam sem serem atingidos por toda esta crise mundial, estavam enganados. Foram e muito. Os governos europeus estão a braços com eleições e as oposições espreitam a oportunidade de alcançar bons resultados e até de ganhar. A Direita está atenta e vai ganhar pontos. Para isso propõem mudar tudo, dar melhores condições de vida, aumentar salários e descer os impostos. Promessas, que em tempos de crise fazem ganhar eleições. Aconteceu com Hitler na Alemanha, com Mussolini na Itália e com mais alguns países. Nessa altura a viragem foi essencialmente à direita. Os governos liberais que tinham ganham eleições igualmente em tempo difíceis, era a vez destes ganharem igualmente em tempos de crise. Hoje e, depois de tempos mais serenos e democráticos, reclamam-se alterações governativas uma vez mais à Direita. A Espanha acaba de ter o seu sabor amargo. O PS demitiu- -se do governo e vai a eleições. Perdeu a confiança do povo. O governo socialista não conseguiu sobreviver à crise. A Direita irá ganhar certamente. Vai acontecer a mudança. A Itália já está a governar com a Direta no poder. Tempos que fazem lembrar Mussolini. A mudança já se deu. Estamos no início. Na França, Macron está nas mãos da oposição. Ganhou as eleições, mas sem maioria. É contestado em toda a França e pedem a sua demissão. O aumento da idade da reforma, levou o país a uma situação de ferro e fogo. Saíram à rua e incendiaram o que lhes apeteceu, assaltaram as lojas, queimaram carros e pediram a cabeça de Macron. Ele não cedeu, mas o tempo está a contar e não é a seu favor. Está a iniciar-se a mudança. Na Turquia Erdogan conseguiu manter-se no poder, mas apanhou um susto. Em Portugal, também com tempos muito difíceis, Costa aguenta-se porque tem maioria, mas nem assim consegue governar descansado. O caso Galamba veio para ficar e causar confusão. O povo está na rua e as greves não páram. Pede-se a queda do governo e novas eleições. Marcelo não está pelos ajustes. Mas os tempos são deveras difíceis. Será que Costa aguenta, ou fará como fez o seu amigo e correligionário Sanchez? Nunca se sabe. Os tempos são mesmo de mudança!

Não chamem nomes à democracia

Há muitos governos que se apelidam de democráticos e exercem um poder nada condizente com a democracia a que recorrem para arvorar uma bandeira que não lhes pertence, mas que fica bem aos olhos da comunidade internacional. Mas esta não é lorpa. Não sei se os dedos das mãos chegam para contar os países que não sendo democráticos, se identificam como tal. No entanto, muitos deles foram eleitos a coberto da democracia e só por isso mereceram os votos dos eleitores, embora estes se arrependessem mais tarde. Exemplos temos muitos. A Venezuela diz-se democrática e no entanto é liderada por um ditador que não admite oposição organizada e que ameaça quem se opuser ao seu governo e à suas leis. Todos condenam o regime, mas para Maduro ele é o mais democrático que existe. Nunca ninguém ouviu dizer que a China não é democrática e o seu líder faz disso bandeira de regime. É comunista ou socialista como dizem, mas isto é democrático! Como se pode ser democrático se o governo não é eleito através do voto? Claro que há uma diferença enorme entre ser comunista e ser socialista. O primeiro é extremista e ditatorial, o segundo até pode ser democrático se não cair no extremismo e na tentação do poder absoluto. É o que aconteceu a alguns governos. Aqui situam-se, por exemplo, a Turquia e a Rússia. Dois países que desempenham na atual conjuntura política um papel primordial. Um porque vai ter de enfrentar eleições e outro porque não as quer perder custe o que custar. Pois é verdade. Erdogan vai enfrentar sessenta e oito milhões de eleitores e terá de os convencer que vale a pena continuar a governar a Turquia. É um trabalho duro, especialmente quando dez mil eleitores são curdos e estão contra ele. Erdogan foi eleito prometendo muita democracia, muitas reformas e melhor economia para o país. Enfrentou logo a seguir um povo enfurecido pelas reformas que não eram as esperadas e uma guerrilha fronteiriça que em nada o favoreceu politicamente. Reforçou o seu poder político e hoje é quase um ditador. Ultimamente tem tentado tirar alguns dividendos ao esforçar-se por mediar o conflito entre a Ucrânia e a Rússia. Os acordos da exportação de cereais ucranianos e russos deram-lhe alguns pontos, mas poderão não ser os suficientes. A situação interna do país não é a melhor. Os turcos querem muito mais e melhor. A Rússia de Putin é outro caso. Putin ao assumir o governo, não deixando de ser socialista como disse, prometeu ser mais democrático e liberal. Isto deu-lhe um certo campo de manobra que ele soube aproveitar a seu favor. Já correu os cargos mais importantes sendo ora presidente, ora primeiro-ministro e presidente novamente. Foi trocando pelo simples facto de não poder ocupar o mesmo cargo mais tempo do que a lei permite. Mas isto não poderia ser um impedimento, pois Putin logo decretou alterações que lhe permitem fazer o que quiser. Isto é, aos seus olhos, o mais democrático possível. Mas não houve eleições democráticas! Para quê? A Duma decidiu, está decidido. Ele manda na Duma democraticamente. Já Lenine e Estaline assim faziam. Ou seja, Putin nada mais é do que um ditador que se assume como democrático e critica as democracias ocidentais que acusa de o serem. Não lhe interessa! Aliás, invadir um país estrangeiro e fazer guerra sem razão aparente contra ele, é o mais democrático que existe aos olhos de Putin. Por que será? Porque é um ditador democrático! Simplesmente. Para não enfrentar uma oposição concertada em eleições próximas, Putin mandou encarcerar Navalni, o seu mais acérrimo opositor e possivelmente o ganhador das eleições, se fossem democráticas. Acusado sem razões plausíveis, foi preso para enfrentar alguns anos de cárcere, os suficientes para não ser opositor a Putin. Como isso pode alterar com o tempo e a conjuntura, não será de excluir mais um envenenamento na prisão. Sempre pode justificar a sua morte com uma doença súbita. Claro que isto é tudo muito democrático! Enfim. Se Erdogan não ganhar as eleições, as relações entre a Rússia e a Turquia podem alterar e muito e quem vai acabar por apanhar os destroços são os países ocidentais, já que a guerra da Ucrânia vai tomar outro rumo certamente. Não podemos esquecer a força dos Curdos dentro da Turquia e fora dela. Terão sempre uma palavra a dizer. Não sei se a democracia passará muito por aí, mas não é uma carta fora do baralho. A ver vamos. Cá por casa, a democracia anda um pouco esquecida. As maiorias levam a alguma prepotência governativa e a meter a democracia na gaveta quando interessa. Felizmente a separação de poderes funciona e isso impede a tentação da exacerbação dos mesmos. Mas não digam que é democrático o conjunto de asneiras e desonestidades que se têm praticado ultimamente neste governo. Terá outro nome certamente!

E agora, quem se segue?

A falta de respostas adequadas ou certas, a perguntas que todos fazemos em situações complicadas, só são possíveis quando não temos a certeza das soluções que são necessárias para ultrapassar as complicações que aparecem. Aqui, o problema está no quem, pois exige saber a pessoa que, aparentemente, pode resolver as complicações expostas. O atual governo tem sido exposto a situações tremendamente caricatas, por sua própria culpa, como todos sabemos. Não sei se é uma falta de tacto político ou se é mesmo falta de pessoas capazes de ocupar os lugares para que são indicadas. Seja como for, o certo é que entram e saem do governo como se fossem empurrados por um vendaval. Alguns nem sequer chegam a aquecer o lugar. As razões que conhecemos para que tal aconteça não são as melhores. E o mais caricato é que nem se apontam falta de conhecimento ou de perfil ou outra qualquer razão para a saída dos cargos políticos, como falta de habilitações. É falta de honestidade, falta de sabedoria, falta de ginástica política. É, em alguns casos, um assomo de prepotência indevida. É um querer mais do que se deve. Perante tudo o que tem acontecido a este governo completamente desatinado e sem rumo, chego a ter pena de Costa, pois possivelmente nem merecia ter gente desta no seu partido e que o tem levado a enfrentar situações deveras assustadoras. Não, não merecia ou se calhar até merecia, pois tinha o dever de conhecer os seus pares e de os saber escolher. Escolheu mal, tem escolhido mal e continua a não ser servido devidamente. Cada um é pior que o outro. Depois de tanta remodelação já feita e desfeita, Costa continua encostado à parede e sem saber o que fazer. Ele bem esbraceja, bem barafusta, fala alto, grita no aniversário do Partido, mas não vai além disso. São palavras para o interior de que a comunicação social faz eco. Resultados positivos, nenhuns. Os vários Partidos da oposição, criticam o governo, apontam os erros e as indecisões, mas também pouco adiantam. Não podem. Quem tem maioria é que deve governar! Será? A verdade é que não se tem visto essa governação de quem sabe, de quem ouve as criticas, de quem quer resolver os problemas do país. Os vários setores estão em greve constantemente. São os professores que ameaçam continuar as greves e fazer greve às avaliações no final do ano, são os enfermeiros que não vêm resolvidas as suas exigências, são os trabalhadores da CP e, enfim, é a questão da TAP que se transformou num sorvedouro de milhões que nós teremos de pagar. Para agravar tudo isto, continuamos a não saber onde vai ser construído o próximo aeroporto. Mas a polémica está no ar e todos apontam soluções. Contudo, há sete ou oito ou nove locais possíveis e em estudo e tudo isso nos leva milhões em estudos e mais estudos. À conta de todos estes imbróglios, alguns ministros e secretários já rolaram e outros estão em vias de rolar. E Costa tenta segurar-se aos ramos que estão na margem, antes de se afundar. Não tem solução fácil. Todos estão a empurra-lo para o fundo. Não tem ajudas. A única com que ainda conta é, curiosamente, do Presidente Marcelo que não está interessado em derrubar o governo e partir para novas eleições. É uma ajuda de peso! Na verdade, o problema da TAP e da CEO demitida e dos milhões que giram à sua volta, tem feito perigar a continuidade do Ministro das Finanças e, mais recentemente, o Ministro das Infraestruturas, Galamba. Embora ele diga que não sai pelo seu pé, o mais certo é sair pela porta das traseiras. A demissão do seu adjunto, veio complicar o que, para ele, seria fácil, mas não foi. Sucedem-se então uma série de ilegalidades, quer da parte do Ministro, quer dos que ele envolveu, desde o SIS à PJ passando pela Ministra da Justiça. Como é possível? É o descalabro total. Perante estas situações, a oposição pede o derrube do governo. O PSD e o seu secretário-geral exigem que o governo caia e que se passe à fase seguinte. Montenegro diz que está pronto para substituir Costa. Estará? É verdade que tomou algum alento ao saber que as sondagens lhe dão uma pequena margem acima do PS, mas não chega. Tomar conta de um barco desgovernado e em plena tempestade e levá-lo a bom porto, não é fácil. É preciso ter muita experiência. O Chega também está à espreita e diz que sem ele não haverá governo. Pois pode estar enganado. Curioso é que mais ninguém parece estar disponível para tomar conta do barco. Resta saber se perante tudo isto, Marcelo vai continuar em manter o governo e o seu amigo Costa até ao fim da legislatura, ou se, como pede a oposição, dissolve a Assembleia e vamos para eleições. A altura é péssima para isso, mas alguma coisa terá de ser feita. O país está no caos. Se formos para eleições, quem se seguirá? Apesar de tudo, Costa ainda não está derrotado e não admite perder. Montenegro ainda pretende ganhar. Ventura só espreita, por enquanto. Adivinham-se tempos difíceis. Nós ficamos à espera do senhor que se segue. Quem será? Todos. À esquerda e à direita. Sem excepção!

Venderam a vergonha

A vida é complicada, mas tem que ser vivida enfrentando em cada dia as agruras que nos aparecem pela frente, ultrapassar as barreiras tremendamente injustas que nos põem à prova, experimentando a nossa capacidade de resistência. Mas é deveras difícil conseguir e tanto mais difícil quanto menos possibilidades se tem para encarar as dificuldades do dia-a-dia. Desde os tempos imemoriais que o homem procura o seu próprio abrigo. É lá que se sente seguro. Primeiro, uma caverna profunda que a própria Natureza lhe concedia. Nus, sem vergonha, lá se abrigavam, passavam os tempos livres e se entretinham a sonhar com os dias seguintes. A Natureza foi-lhe fornecendo o que precisava e o resto foi o engenho e a arte que o bafejaram juntamente com a sorte da própria sobrevivência. Lá criavam os filhos e a família. Depressa porém, as exigências levaram esse homem a construir as suas próprias casas e a criar os seus animais. Deixou de andar de um lado para o outro à procura de alimentos e a fugir ao clima agreste de certas regiões. Surgiram assim os aldeamentos e depois as cidades. Com o tempo, elegeram quem os governasse e orientasse. Ruas e avenidas ligavam as casas espalhadas pela cidade. Todos tinham direito a viver na sua casa, fosse própria ou até mesmo alugada. Na verdade, os alugueres não surgiram só agora. E no meio de todos estes alugueres, havia quem se aproveitasse da miséria dos outros. Quanto mais a procura, maior o preço! Leis do mercado. Com o passar dos anos e dos séculos, as coisas não melhoraram muito no que diz respeito ao aluguer de casas, de casas próprias e mesmo da construção de casas e prédios. Quem é dono procura ganhar o mais que pode. Vergonha, não têm. Na Grécia antiga, já se referia que todos deviam ter direito à propriedade própria incluindo a casa para morar com a família. Era um direito de todos os cidadãos. Já se referenciava a democracia como o regime mais justo para combater as desigualdades, as injustiças e a corrupção. O facto é que poucos aprenderam que deveria ser sempre assim e desviaram o rumo de acordo com os seus interesses económicos e políticos. Agora em pleno século XXI e vivendo em democracia, segundo dizem, vemos o governo de Costa completamente desorientado e a braços com o problema da habitação. Os Bancos sobrepõem os seus interesses aos do governo e obriga este a pensar duas vezes antes de agir. Sem solução à vista, o povo sai à rua e manifesta-se contra a política de arrendamentos e da falta de habitação. A Ministra da tutela não sabe o que fazer e, quase calada, encolhe os ombros sem nada dizer. Costa encurralado, faz asneira atrás de asneira, sem ter consciência da gravidade do que pretende fazer. Decreta arrendamentos forçados e perante a acusação da oposição, vem desculpar-se dizendo que não é expropriação. Era o que faltava! O confronto leva a PSP a atuar com alguma violência, uma vez mais, e a ser acusada de prepotência por não saber lidar com uma manifestação legal e pacífica. Onde pára a vergonha? Duas raparigas são presas sem justificação aparente. Só porque sim. Todos pediam habitação para quem ganha pouco. Todos pediam que se alterasse a lei do arrendamento. Todos queriam e querem ter o direito à habitação. É um direito inalienável. Ninguém nasce para viver na rua como os animais. O governo é criticado e com razão, pelo desmando que está a tomar em relação às habitações, aos alugueres e à ocupação de casas desabitadas. Parece o tempo do PREC! Que vergonha! Quando o Estado tem centenas, se não milhares de casas a cair e não as repara nem as vende, deixando-as ao completo abandono, que moralidade tem para exigir que quem tem casas rurais ou desabitadas, que as alugue, que as dê para ocupação, que as declare para habitação por terceiros, caso contrário o Estado pode ocupá-las? Não há moralidade nenhuma. O que há é falta de vergonha. Quando não se sabe resolver um problema, aceita-se o conselho de quem pode ajudar ou então, olha-se ao espelho e pergunta alto e bom som, como fazer sem ficar mal visto. A política que os Bancos estão a seguir no que se refere aos empréstimos para habitação, tem de mudar e cabe ao governo impor um limite, quer nos empréstimos, quer nos juros a cobrar. Mas o problema não se resume só a isto. Quem ganha um salário mínimo, como pode pagar uma renda de 400 ou 500€? Com que direito, os donos dos apartamentos e das casas, pedem um valor de arrendamento que quase ninguém pode pagar? Como viver depois? O caso dos professores, que todos já conhecem, é disso exemplo. Não ganhando muito, vêm-se deslocados e a ter de pagar rendas longe da família e por vezes a ter de suportar duas rendas. É vergonhoso. Mas o governo não tem vergonha. Venderam a vergonha e vivem bem assim, até um dia. Até quando?

Procura-se

Pregado no tronco de uma árvore, o Xerife mandava afixar o cartaz. Inserido nele, a cara do bandido mais procurado da região. Por baixo o prémio que se dava a quem o encontrasse e trouxesse à justiça. Julgado e condenado sem grandes pruridos era, normalmente, enforcado na praça do povoado. Quando o crime era menos grave, esperavam-no uns meses ou anos de cadeia, onde pouco mais do que uma sopa mal amanhada servia de alimento a quem se tinha portado tão mal. Era assim na América do século XVIII, quando se desbravava o interior do território e o Oeste ficou mais conhecido pelas atrocidades cometidas. Era o tempo dos cowboys, dos índios e da implantação do cavalo de ferro. Na Europa tudo era diferente. Não havia cowboys, nem índios, mas havia enforcamentos. Crimes sempre os houve em todos os tempos e bandidos ainda mais. O que o tempo não conseguiu expurgar foram os criminosos. Por mais que se percorra a linha incomensurável do tempo, os criminosos não conseguem aprender nem seguir o caminho do bem, embora reconheçam que ele existe. Contudo, ele é para eles como um mal menor, um antídoto ao veneno que destilam constantemente. O século XX foi pródigo em criminosos e alguns ficaram famosos tanto pelos seus feitos como pelas suas fugas. Marcaram épocas e outros pretenderam imitá-los e saíram-se mal. O século XXI continua a ser, infelizmente, marcado por atos criminosos, tanto ou mais marcantes que os anteriores. A sociedade não conseguiu ensinar e incentivar a prática do bem em detrimento do mal aos que, nada mais sabendo fazer, continuam a percorrer a senda do crime, talvez por julgarem que serão reconhecidos como heróis ou que chegarão a pisar o palco da fama e da riqueza. Tontice. Desse palco, nunca ninguém saiu vivo! Os que se julgam intocáveis, resguardam-se o melhor que podem e sabem e não saem do seu covil com medo de serem apanhados, mesmo que não haja nenhum cartaz a dizer PROCURA-SE. Aliás, não é preciso nenhum cartaz pois todos sabem quem são e onde se abrigam. O problema é chegar até eles. Mas sempre se consegue! Lembremo-nos de Sadam Hussein ou de Kadafi ou mesmo de Ossama Bin Laden. Hoje, num tempo em que pensamos saber tudo ou quase, voltamos aos tempos antigos onde a expressão Procura-se entra no dia-a-dia de todos nós. A fotografia está por todo o lado e todos o conhecem, no entanto, a expressão só vem reforçar a necessidade de cercar o criminoso por todos os lados. O Tribunal Internacional acusou Putin e conseguiu pôr dezenas de países de sobreaviso e prontos para o prender se ele pisar solo adverso às suas ideias e atos. O curioso de tudo isto é que um ministro russo conseguiu ser mais rápido ao colocar um cartaz com prémio e tudo para quem encontrar o tal ministro italiano que ousou enfrentar o sistema russo. Não, não é vingança do Tribunal Internacional com toda a certeza, mas até parece. Portanto, agora é moda colocar a expressão Procura-se quando queremos encontrar alguém que não consegue dar a cara abertamente. Primeiro paga-se e depois castiga-se. Curioso! Polémicas à parte, é certo que os criminosos abundam por este mundo fora e muitos deles mereciam ser soberanamente castigados. E se eles pensam que têm o rei na barriga pois que se desenganem, que os exemplos que já conhecemos demonstrou que acabam de barriga vazia e mal vestidos. E se o Kremelin veio a terreiro desvalorizar o mandado de prisão para Putin, é bom que não se ria pois a História tem imensos exemplos dos que não ficaram a rir. A Rússia é enorme, como sabemos e é verdade que Putin pode andar de um lado para o outro e passar do continente europeu para o asiático, mas muitos países já não o vão receber nas possíveis visitas oficiais que pretendia fazer. Resta saber se ele quer arriscar. Possivelmente não o fará já que mesmo na Rússia ele anda com um exército de guarda-costas atrás. Então o que esperar disto tudo? Como nada é eterno, Putin também o não será e mais dia menos dia acabará por ser apanhado mesmo dentro da Rússia e talvez até por um dos seus apaniguados mais próximos. Para demonstrar que não tem medo das ameaças do ocidente, fez uma visita relâmpago ao Donbass Ucraniano e visitou Mariupol. Foi visitar a grande obra de destruição que levou a cabo. Como rei e senhor, passeou-se pelas ruas destruídas e desertas onde perdura a sensação de um cemitério a céu aberto. Com um sorriso rasgado como se admirasse uma obra de Picasso ou Rembrant, olhou os prédios derrubados, vitorioso na destruição, mas não encontrou, ainda, o cartaz onde esse sorriso estará encimado pela expressão Procura-se. Mas vai acabar por encontrar e ele sabe disso.

Quantos cornos tem um touro?

Há uma expressão que o povo costuma dizer quando a necessidade de resolver um determinado assunto se torna imperativo. Diz o povo que o melhor é agarrar o touro pelos cornos. Assim ele não terá outra iniciativa e será dominado. Tem razão. Eu estou convencido que se não fosse o Covid e os confinamentos este governo já não estava em funções. Teria soçobrado e hoje não enfrentaríamos tantos dissabores e tantas greves como as que se têm verificado. Aliás, até mesmo António Costa se sentiria mais leve pois não passaria pelas demissões de membros do governo, uns atrás dos outros, como as que teve de resolver. Os casos de corrupção, de processos a correr em tribunais e de acusações várias a elementos do governo, levou a demissões e a substituições, algumas piores do que outras. Uma falta de responsabilidade e de honestidade demasiado transparente para quem quer ocupar um cargo governativo responsável. O que este governo tem enfrentado nada mais é do que o fruto da sua desgovernação. A Saúde anda pelas ruas da amargura. Há greves nos hospitais, não há médicos nas urgências, os enfermeiros entram em greve e deixam os doentes sem atendimento, as urgências fecham e as grávidas têm de se deslocar a outros serviços de obstetrícia nos hospitais que ficam a mais de cem quilómetros de distância. Há uma falta generalizada de médicos a nível nacional. Uma autêntica vergonha! Mas se a Saúde anda doente, anda pior a Educação. Governo após governo, nunca houve um Ministério da Educação que resolvesse os problemas que enfermam a Educação em Portugal. As alterações que uns e outros têm introduzido na Educação, seja nos currículos, seja nas carreiras dos professores, só adulteraram o que de bom chegou a existir por breves instantes. A verdade é que se houve um ministro que fez algumas reformas de fundo e conduziu a Educação para caminhos mais acertados, foi Roberto Carneiro. Contudo, alguns se lembrarão que o governo de então liderado por Cavaco Silva, não o deixou fazer mais alterações por questões económicas e ele demitiu-se. Queria fazer muito mais, mas não deixaram! Roberto Carneiro foi Secretário de Estado da Educação do VI Governo Constitucional e Ministro da Educação no XI Governo Constitucional. Todo o seu percurso profissional passou pelo ensino e sabia bem o que a Educação necessitava. Além disso tinha muitos filhos e tinha conhecimento profundo do que eles necessitavam no seu dia-a- -dia numa escola a precisar de reforma. Ele agarrou o touro pelos cornos, mas não o conseguiu dominar totalmente. Falharam os forcados. De então para cá, nenhum ministro conseguiu pegar o touro pelos cornos e dominá-lo. Pelo contrário. Até parece que lhe deu palha para o amansar e o manter sossegado por algum tempo. Só que o touro não está nem nunca esteve adormecido. As greves que se têm verificado ao longo das últimas décadas, são provas disso mesmo. Sempre se criticou a falta de unidade dos professores cada vez que havia greves. Nem todos apoiavam e nem todos queriam fazer greve. Mas porquê? Para não cortar no vencimento, pois quem ganha pouco não quer perder o pouco que ganha. Mas só a união faz a força. Todos sabem disso, mas a alguns faltou a força. De dezembro para cá a greve dos professores instalou-se a nível nacional iniciada por um sindicato pequeno, mas com uma enorme coragem – o S.TO.P.. As centrais sindicais e sindicatos uniram-se a ele e todos irmanados de um mesmo objectivo, conseguiram levantar uma onda enorme de professores que se movimentaram por todo o país e se concentraram na capital com uma mole de mais de cem mil profissionais do ensino. Foi uma vitória presencial, mas que não se traduziu na secretaria. Mas a luta continua. A procura de estabilidade dos professores é um objectivo que não tem preço. Mas ser precário aos cinquenta anos é insustentável. Passar uma vida inteira a ser contratado e ter de andar com a casa às costas por este país, é impensável. Quem aguenta? Ser nómada no século XXI é coisa que não cabe na cabeça de ninguém. Estou convencido que mais do que a contagem do tempo de serviço que os professores reclamam, é importante a sua estabilidade, a sua carreira e a sua dignidade. É a falta destas premissas que leva à falta de professores nas escolas e cada vez menos estudantes universitários a querer ser professores. A carreira não tem interesse. Não há aliciantes. Ora este Ministro da Educação não parece ter abertura e conhecimento suficientes para inverter o caminho que a Educação está a seguir. Ou se dá aos professores o mínimo que exigem para terem dignidade e estabilidade, ou este touro terá cada vez mais cornos e será difícil dominá-lo. Mude-se o forcado urgentemente.

O julgamento da Igreja

Nos últimos dias ouvimos falar na comunicação social, sobre os crimes que a Igreja terá eventualmente cometido nos últimos anos. Foi elaborado um Relatório, que julgo ser sério, e que veio alertar para situações que não deveriam ter acontecido. Abusos de toda a espécie e feitio levado a cabo por clérigos sem espécie e sem feitio. O que foi dito e referido nesse relatório, deveria envergonhar- -nos como sociedade maioritariamente católica e humanista, mas igualmente exigir uma alteração processual a quem tais atos pratica. É bom notar que a pedofilia não é apanágio somente da igreja católica e não só os padres e as freiras praticam tais aberrações. Criticamos a Igreja pela simples razão de que é ela que deve servir de exemplo ao que apregoa e não o faz. Mas isto não é de agora. Na verdade, ao longo dos séculos de afirmação da Igreja Católica, muitos foram os momentos em que a sua atuação foi severamente criticada. A resposta não foi serena, antes pelo contrário. Exemplo disso foi a criação do Tribunal do Santo Ofício, mais conhecido como Inquisição, que se destinava a julgar e condenar todos os que se desviavam do caminho que ela traçava. Houve, como sempre há, imensos casos que foram condenados sem provas onde a simples desconfiança ou acusação de terceiros serviu perfeitamente os interesses da Igreja. Os que se insurgiram contra a Igreja foram levados a Autos de Fé, ou seja, queimados vivos em plena praça à vista de todos para servir de exemplo. Mas o século XIV já passou há muito tempo e não serviu para a remissão dos pecados da Igreja. As críticas continuaram e foram muitas. As atuações da Igreja eram cada vez mais condenáveis em várias vertentes. A simonia, ou venda cargos eclesiásticos, era outra faceta deveras criticável e só seria abolida da Igreja no século XVI. Quem é que julgava a Igreja? Ninguém. Ela era a toda poderosa e por isso permitia-se a certos luxos proibidos a terceiros. Tornava-se necessária uma Reforma profunda e ela apareceu pela mão do abade Martinho Lutero. Este insurgiu-se contra as Indulgências criadas pelo Papa Leão X para obter dinheiro para a construção da Basílica de S. Pedro em Roma. Escreveu as 95 Teses contra as Indulgências e afixou-as na porta da Catedral de Wittenberg, onde era padre. Valeu-lhe a imediata perseguição e excomunhão. Só não foi queimado na fogueira porque fugiu para os países nórdicos, mais tolerantes na questão religiosa. Isto serviu para a Igreja enfrentar uma onda enorme de contestação que a obrigou a reformar-se depois da Reforma apresentada pelos Luteranos. Foi uma reforma profunda nos costumes, na disciplina interna e na afirmação do celibato, entre outras coisas. De então para cá o que mudou? Quase nada. Os crimes hediondos que a Igreja vem praticando, não permanecem agora tão escondidos e a consciencialização dos que são abusados permitem que se tenha algum conhecimento sobre eles. Contudo o tempo que medeia entre os atos e o seu conhecimento, é enorme e, desfalece o poder de julgar e castigar. Se o Concílio de Trento manteve o celibato, não foi essa resolução conservadora, que trouxe à vista a pedofilia já que, como disse, ela não se verifica só dentro da Igreja. Há pedófilos por todo o lado, infelizmente. Mas a Igreja, como um todo, continuará a ser julgada pelos atos que alguns dos seus elementos praticam. A coragem que agora se verifica em todo o mundo, da Igreja fazer um levantamento e até uma perseguição a todos os clérigos que praticaram ou praticam ainda pedofilia, é de louvar. É necessário desmascarar os abusadores. Estes serviram-se do seu poder de influencia e persuasão sobre os mais jovens, incautos e desconhecedores dos meandros sexuais, para levarem a cabo os seus desejos libidos incontidos e pecaminosos. Hoje, nada mais fazemos do que fizeram os que há séculos julgaram a Igreja Católica. Contudo, não corremos o risco de enfrentarmos uma Inquisição avassaladora e assassina. O que fica depois de tudo é um quase nada ou muito pouco do que seria desejável. A Igreja é uma Estado e tem um poder imenso e só socialmente se pode julgar. Os atos que alguns praticam, poderão por ventura, ser julgados civilmente. O Tribunal Canónico julgará o que lhe aprouver. E os abusados? E os que sofreram na pele as submissões que lhes alteraram as vidas para sempre? Esses não podem julgar ninguém. Mas podem trazer a lume os factos da sua indignação para que outros os julguem. De um modo ou de outro a Igreja está a ser julgada.

À caça com Leopard ou uma viagem de balão?

As coisas que se dizem e se contam a propósito das políticas são verdadeiramente alucinantes. A verdade é que possivelmente o modo como nos referimos às notícias sobre o que vai acontecendo um pouco por todo o mundo, levam-nos a que aligeiremos a crítica e adicionemos uma pitada de doçura, de molde a que tudo se torne mais aceitável. Brincamos com as coisas sérias! De facto, no momento atual, vivemos num clima de guerra global e mesmo que não se ande aos tiros em todas as esquinas, nada faz esquecer a terrível realidade que se nos apresenta a cada dia que passa, desde a Ucrânia às ruelas de Olhão. A guerra da Ucrânia é um dos mais relevantes episódios que todos conhecem e que afeta todo o mundo. Sabemos disso e esperamos diariamente o momento em que a sensatez surja na cabeça de Putin e a guerra chegue ao seu final. Não será tão cedo. Os avanços que a Rússia tem protagonizado nos últimos tempos, têm encontrado a oposição possível do exército da Ucrânia que reclama por mais máquinas de guerra para fazer frente aos russos. Conseguiram movimentar os países do ocidente para que isso fosse possível, pelo menos no envio de Tanques Leopard 2, entre outro material de guerra. Entre os países que estão disponíveis para enviar esses tanques, está Portugal. Um país tão pequeno e com tão poucas possibilidades económicas, vai enviar Tanques Leopard 2 para a Ucrânia? Claro que sim. Quantos? Só 2. Temos 11 que não funcionam e 2 deles que vão ser reparados com material alemão para poderem servir o exército ucraniano. É triste, mas é verdade. Como não estamos em guerra com ninguém, não se percebe a razão para ter estes tanques tão sofisticados. E se os temos e não servem, será essa a razão do seu não funcionamento. Melhor que se enviem para a Ucrânia, realmente. O caso é que se faça tanto alarde com essa oferta e afinal não funcionem! Francamente senhor Costa! A Ucrânia acredita que com os Leopard 2 conseguem empurrar os russos e dar-lhe caça séria, mas o tempo que vão demorara a chegar ao teatro de guerra é demasiado e pode ser demasiado tarde. Mas também pedem aviões de combate F-16 que os EUA já disseram que não enviam. Isso seria acelerar uma guerra que poderia ser enorme e envolver mais países do que o desejável. Contudo, há países que aceitaram enviar aviões de combate, mesmo sem serem F-16. É uma caça aérea mais séria e que pode levar alguma contenção à Rússia. Entretanto, um pouco à margem da guerra, a Rússia e a Ucrânia trocam 179 prisioneiros. E para que servem os prisioneiros? Para nada. Funcionam temporariamente como troféus para troca futura. Antigamente, há muitos séculos, os prisioneiros tornavam-se escravos e com esse rótulo, trabalhavam em tudo o que lhes pediam. Assim se construíram muitas cidades, estradas e pontes por esta Europa fora e que agora, as guerras modernas se entretêm a destruir. Outros tempos! Não vai muito longe o tempo da guerra das estrelas e da tentativa do domínio do espaço, quer pela União Soviética, quer pelos EUA. Era um modo de defesa e uma tentativa de saber antecipadamente o que outras potências estavam a preparar secretamente. Foi uma guerra inútil aparentemente, embora os satélites tenham tido um papel importante, como foi o caso dos mísseis de Cuba, que quase davam lugar a uma terceira guerra mundial. Hoje, contudo, em vez de satélites, a China prefere os Balões. Quem diria? É uma novidade? Claro que não. Os balões antecederam os aviões, mas estes parecem balões de S. João. Será que os chineses se enganaram na festividade e anteciparam a data? Pouco provável, pois eles não têm S. João e os americanos também não. Pois parece que é mesmo uma subtileza de espionagem moderna. Os EUA abateram o Balão dizendo que foi uma violação inaceitável da soberania. A China reclama dizendo que os EUA violaram o direito internacional. Nem outra coisa era de esperar. Ninguém quer ficar com as culpas, mesmo quem as tem todas. O espaço de qualquer país não pode ser invadido, sem permissão, por terceiros, sem ser considerada uma violação de soberania. A questão está, segundo parece, na altitude em que se movimentava o balão, pois não está determinada a altitude vertical considerada pertença de um país. Normalmente considera-se que essa altitude vai até aos 20/30 Km, teto onde dificilmente consegue chegar um avião de guerra. A verdade é que nada está determinado sobre este assunto e a ser assim, o balão possivelmente, viajava dentro dos limites normais da ilegalidade, já que estava a cerca de 20Km de altitude, facto que permitiu o F-22 atingi-lo e destruí-lo. Viagem ou espionagem? À caça certamente.

Derrapagens

Este governo anda completamente louco. Razões há um punhado delas. Quando pensamos que as maiorias absolutas dão segurança e estabilidade, quer ao país quer ao governo, verificamos que afinal isso é pura retórica. A ânsia de mostrar serviço, leva o governo a questionar-se sobre a atuação de alguns ministros e secretários de estado que a opinião pública vai atingindo com setas demolidoras. Atrás dessa necessidade arrastam-se problemas que, sem serem solucionados em tempo útil, levam a que os seus mentores mostrem os rabos-de-palha que vêm agarrados. E aí estão à mostra de todos, os favores, a corrupção desregrada, os abusos de poder e muito mais. São assim, razões suficientes para enervar o governo e questionar-se sobre quem será substituível e quem poderá subir de nível ocupando os lugares vagos. Interessa saber as disponibilidades e conhecer os interessados e especialmente que sejam socialistas, com ou sem experiência. A experiência adquire-se à posteriori! Puro engano. Os últimos dez meses de governo foram uma autêntica desgovernação e um desatino sem tamanho. Já lá vão dozes substituições de ministros e secretários de estado e cada um melhor do que outro. Tão bons que alguns tiveram a sorte de exercer somente vinte e poucas horas antes de serem afastados pelos rabos-de-palha que vinham atrás e ficaram à mostra de todos. É uma vergonha que um governo com maioria absoluta consiga atingir um tal nível de descrédito nacional! Ainda por cima, os problemas já vinham de há alguns meses e não foram capazes de os ultrapassar da melhor forma, acabando com o falatório e o jogo do empurra, envolvido numa burrice de teimosia que só levou ao total descalabro. Foi o que aconteceu com a TAP. O governo não conseguiu resolver e além disso fez com que o ministro responsável se demitisse. E ficou por aqui? Ficou resolvido? Não. A demissão ou não da responsável e o subsídio de meio milhão que lhe foi dado, agravou toda a situação e levou a que se escavasse mais fundo o buraco que se acabava de abrir. Uma vergonha! Nuno Santos que inicialmente não se lembrava de ter dado autorização para que se pagasse o subsídio, lembrou-se agora, muito mais tarde, que afinal tinha autorizado. Fraca memória! Lapsos inconvenientes. Depois de perfurar mais um pouco, acabou por se descobrir que não era a primeira vez que a quase falida TAP dava um subsídio ainda mais chorudo a outra responsável da administração. Será melhor não escavar mais fundo, pois podem surgir outros rabos-de-palha. Perante estes problemas demasiado graves num governo que deveria navegar águas calmas, eis que o encontramos à deriva, sem timoneiro encartado e em águas turbulentas. A necessidade de consultar o comandante Marcelo teve alguma urgência. Tornava-se prioritário preparar o porto de abrigo em caso de necessidade. Reconheceu a instabilidade e aconselhou calma ao timoneiro admoestando-o para manobras apertadas. Mas os avisos não passam disso mesmo. São tantos os problemas que vão surgindo que se equaciona se vale a pena o governo continuar nesta rota sem rumo. E eis que surgem mais problemas graves que adensam a confusão governativa. O Ministro da Defesa é confrontado com uma derrapagem enorme no Hospital Militar do Restelo. Nega e desculpa-se, mas o problema mantém-se e sem resolução. Há um buraco enorme e quem vai pagar somos sempre nós. Mas ninguém nos perguntou se estávamos de acordo com essas obras! Enfim! Mas como se não bastasse, agora vem à baila o Ministro das Finanças que nega muitas coisas e acaba por assumir outras. As culpas estão em cima dele e as investigações também. São derrapagens sem conta que levam a que este governo esteja com um pé dentro e outro fora. Se as investigações culpam o Ministro das Finanças, ele é obrigado a sair e se cair, com ele cai o governo. Costa anda à deriva e já não quer falar com ninguém. Está completamente ultrapassado e já não confia nos seus pares. A complicar tudo isto está a greve dos professores. Uma greve a nível nacional e que já dura há umas semanas e que se vai prolongar até meados de fevereiro. Mais um ministro que está à porta para sair por não conseguir fechá-la a tempo. Costa demarca-se, com medo de sequelas. Com o Ministério da Educação à deriva, o Ministro da Defesa em derrapagem e o Ministro das Finanças a derrapar todos os dias, já pouco resta ao governo e a Costa para sobreviver a esta turbulência maioritária que não tranquiliza ninguém, nem mesmo o próprio Partido Socialista. Quando acabarão estas derrapagens? Quando cair o governo? Parece que sim.

Céus turbulentos

Portugal está coberto de nuvens. O Sol visita-nos durante alguns minutos, envergonhadamente, no intervalo de duas nuvens que se desprendem por ação do vento que por lá sopra. A chuva é forte e constante e as enxurradas acontecem um pouco por todo o lado. A seca prolongada que nos tocou por demasiados meses e alterou completamente a sustentabilidade económica dos agricultores e comerciantes e até do governo, finalmente acabou. Para já, a seca foi ultrapassada e o nível das barragens está reposto. Contudo, o novo ano parece que não está na disposição de nos presentear com bons augúrios. Continuamos sob céu tempestuoso. Demasiado tempestuoso. É quase impossível voar sob um céu tão negro, carregado de nuvens espes- sas, sem rumo certo e com grande falta de orientação. O dossier TAP se já estava complicado, de um momento para o outro, saiu de controlo. A suposta demissão de Alexandra Reis depois de receber uma indeminização de meio milhão de euros, foi a gota que uma das nuvens deixou cair e fez alertar para uma enxurrada enorme que se avizinhava. Inicialmente ninguém sabia de nada. O governo estava ausente, o Primeiro-ministro não sonhava o que estava a acontecer, o Ministro das Finanças desconhecia e só a administração da TAP sabia o que estava a fazer. Sabia?! Ninguém paga tanto dinheiro quando se queixa que não tem dinheiro e quando os seus trabalhadores fazem greve por causa dos salários! Continua-se sem saber qual a melhor rota para a TAP, se a privatização se a nacionalização. Ou outra qualquer. O governo continua à deriva. Sob céus turbulentos terríveis, Costa não sabe para onde ir. Ficar ou levantar voo? Talvez remodelar. No mundo da agricultura as coisas não andam melhores. Depois da seca, vieram as cheias e até o ministério ficou inundado. Havia que encarar a situação de uma remodelação para prevenir mais enchentes. A Ministra da Agricultura convida uma Secretária de Estado, que não conhece, Costa dá o aval e Marcelo dá-lhe posse. Um vendaval faz com que as nuvens se adensem e uma tempestade surge quase do nada e inunda novamente o Ministério da Agricultura. A nova Secretária de Estado, por não saber nadar, tem de abandonar o barco rapidamente antes que se afunde. Marcelo dá-lhe a mão! Maria do Céu Antunes fica mal ao leme, mas tenta aguentar o barco que baloiça terrivelmente. Foi apanhada desprevenida! Diz ela! Terá que se explicar. Mas este céu tempestuoso não desaparece facilmente. O Ministério da Saúde está muito doente. Pizarro voa sob um céu repleto de nuvens e não há sinais de uma aberta para breve. Os hospitais têm serviços fechados, os enfermeiros fazem greve, os serviços vários que deveriam oferecer os principais hospitais do país, estão fechados ou fecham intermitentemente e não há médicos suficientes para cobrir as urgências que cada vez mais rebentam pelas costuras. A CP vive igualmente momentos de completa inundação. Também foi apanhada pelas enxurradas que levaram ao fecho de linhas, à greve de funcionários e suspensão de inúmeros comboios. O voo rasteiro que caracteriza a CP, está quase subterrâneo. É que há estações de Metro que fecharam por estarem completamente inundadas! Mas isso é outro assunto. Cobertos por um céu que não se compadece com nada do que existe cá por baixo, é difícil sobreviver aos caos. Não se consegue voar seja em que ramo for: aéreo, fluvial, marítimo, rodoviário, ferroviário, agrícola ou sanitário. Os tempos mais amenos vividos durante as festivi- dades, agravaram-se agora um pouco por todo o lado. E se nós, cristãos, vivemos a nossa época natalícia com mais ou menos fulgor, já os ortodoxos festejaram só agora o seu tempo de Natal. Cada povo e cada religião têm o seu timing próprio para estas comemorações. Curioso é o facto de, mesmo sendo um tempo de paz e amor, a Rússia de Putin proclamar um cessar-fogo com a Ucrânia de dois dias para festejar o Natal que, segundo diz, é um tempo de celebrar valores como a misericórdia, a compaixão, a bondade e a justiça. Como se pode ser tão cínico? O cessar-fogo foi fictício pois continuou a bombardear a Ucrânia e vice-versa. Afinal o que pretendia o autocrata russo ao arvorar-se de bonzinho? Ficou muito mal na fotografia e ainda mais coberto de nuvens negras. O céu turbulento está cada vez mais negro também por aquelas bandas.