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O estado da arte

O que é a verdade? A propósito da eleição de Donald Trump e consequente tomada de posse como Presidente dos EUA (20 de Janeiro), o Mundo afogou-se em múltiplas reportagens, entrevistas, análises, comentários, na tentativa de descortinar o futuro baseado no passado da “figura”. De tudo o que se escreveu, sobressaiu a relacção que, desde sempre, Donald Trump estabeleceu com a verdade. Nesse pressuposto, não faltaram Ensaios, ora de Politólogos, ora de Filósofos, a lembrarem-nos do quão precário e elástico pode ser o significado da “verdade” num contexto muito peculiar como é o caso da retórica política. Neste contexto de reencarnação Trumpista, foi generalizada a repescagem dos “factos alternativos”, momento de inspiração argumentativa, tido, à época, por uma das Conselheiras de Donald Trump, a propósito da factualidade de a cerimónia da sua tomada posse, enquanto 45º Presidente dos Estados Unidos, ter tido uma pífia adesão popular comparada com as que se lhe antecederam, designadamente a de Barack Obama. Perante as imagens taxativas que demonstravam que o Gabinete de Donald Trump tinha mentido quando se pronunciou sobre a participação massiva (pessoal e virtual, nas palavras dos Conselheiros), na cerimónia da tomada de posse, a Conselheira em questão veio precisar que não tinham mentido. Usaram, outrossim, uma interpretação distinta que os levou a concluírem por “factos alternativos”. Há muito que, no âmbito da Ciência Política e da Filosofia do mesmo ramo, discute-se a convergência entre política e verdade, e pergunta-se se ambas são conciliáveis. Questiona-se e estuda-se de que forma a verdade, no seu sentido objectivo e factual, é aceite pelos Cidadãos quando estes são confrontados com elementos que, pese a sua veracidade, contrariam a causa que defendem ou as ideias pré-feitas. A este propósito é lembrada a experiência de Hannah Arendt, mandatada na década de 60 do século passado, pela revista Norte- -Americana New Yorker, para acompanhar, em Israel, o julgamento de Eichmann, um alegado mentor do Holocausto. Detalhe: Hannah era Judia e Filósofa. Problema: Hannah Arendt, ao reportar o que diziam os seus olhos, distanciou-se das teses dominantes, escrevendo que Adolf Eichmann não era mais do que um subalterno cumpridor do seu dever e obediente para as ordens que recebia. Mais. Annah Arendt escreveu que houve Judeus colaboracionistas para com o regime Hitleriano. Consequência: perante as críticas contundentes que recebeu pelo que escreveu, Hannah Arendt viu-se na obrigação de escrever Verdade e Política (edição em português) onde explora todos os contornos visíveis e invisíveis do que é a verdade. Escreve nas linhas iniciais que “podemos permitir- -nos negligenciar a questão de saber o que é a verdade, contentando-nos em tomar a palavra no sentido em que os homens comummente a entendem. E se pensamos agora em verdades de facto – em verdades tão modestas como o papel, durante a revolução russa, de um homem de nome Trotsky que não surge em nenhum dos livros da história da revolução soviética - vemos imediatamente como elas são mais vulneráveis que todas as espécies de verdades racionais tomadas no seu conjunto”. Assim é. O Mundo ficou menos colorido! Oliviero Toscani, fotógrafo que assinou, ao longo de mais de 20 anos, as insubstituíveis campanhas publicitárias da Benetton, partiu para outra dimensão. Provocador e disruptivo, soube catapultar uma marca, dando-lhe estatuto e fama, fazendo uso de uma linguagem comunicacional que dificilmente sobreviveria nestes tempos do politicamente correcto. O primeiro trabalho publicitário foi para Jesus, uma marca de calças de ganga dos EUA. Nada de mais, não fosse o pormenor da fotografia (a namorada de costas, Donna Jordan) e da frase que a acompanhava: “quem me ama que me siga”! A partir daí é o que se sabe. Comunicou, através da fotografia, para publicitar uma marca de roupa, mensagens sociais, religiosas e até políticas, e assim teceu, de certa forma, um mundo inclusivo e tolerante onde a criatividade e a liberdade que o inspiraram, nunca tombaram. Essa é que é essa!

João Paulo Castanho 

Técnica do Parque Natural de Montesinho abandonou funções porque Governo tardou na renovação de programa para contratação de quadros

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Ter, 14/01/2025 - 10:28


No âmbito da instituição de planos de cogestão de áreas protegidas, o Parque Natural de Montesinho e o Parque Natural do Douro Internacional contrataram, em 2021, uma técnica, com financiamento do Fundo Ambiental, projeto que terminaria no fim de 2024.

Terras de Trás-os-Montes registaram o maior número de desempregados no Norte no terceiro trimestre de 2024

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Ter, 14/01/2025 - 10:26


A população empregada no Norte aumentou, no terceiro trimestre de 2024, face ao mesmo período de 2023, mas nas Terras de Trás-os-Montes o desemprego cresceu, sendo a sub-região onde o crescimento é maior.

Democracia, Segurança Pública e Defesa Nacional

Muito se falou e se ouviu falar de segurança, nas últimas semanas. Falaram os políticos, genericamente falando, como é costume. Ouviram os cidadãos, que outra coisa que não seja ouvir e calar, por norma, não lhes é concedida. Claro que os deputados da Assembleia da República foram os mais assanhados na discussão que, como sempre, subordinaram aos interesses partidários, esquecendo o interesse nacional. Falaram de Segurança Pública, que deveriam tratar enquanto justa administração e garantia da ordem pública, que é uma das obrigações centrais do Estado e nunca como mais uma matéria de manipulação da opinião publica, em favor de indisfarçáveis propósitos eleitoralistas. Mas não falaram de Segurança Social que é outro tipo de segurança que muito tem a ver com a primeira, faltando saber se também neste caso os portugueses estão ou não estão seguros, dado que os indicadores de pobreza, para não citar outros, não são nada favoráveis. O motivo principal de tamanha polémica, porém, foi que a PSP levou a efeito, em 19 de Dezembro do ano transacto, uma operação policial, vulgo rusga, em três áreas da grande Lisboa, cujo passado histórico não deve ser descurado. Rusga que, segundo as melhores fontes, terá começado a ser preparada em Setembro, quatro meses antes, portanto, em resposta a vários ataques de arma branca que, por si sós, evidenciam uma clara e grave situação de insegurança pública. Melhor, ou pior, um tanto: tal situação terá sido denunciada numa sessão pública realizada em Julho, pelo o próprio presidente da Junta freguesia de Santa Maria Maior, que comporta as áreas alvo da polémica acção policial, que terá declarado que a referida situação, de tão crítica, era insustentável. Claro que a PSP, face a esta denúncia pública de um autarca relevante, fez o que lhe competia, sendo por demais óbvio que nenhuma força policial leva a efeito uma acção desta natureza, desarmada e muito menos a distribuir beijos e abraços e a tirar “selfies”, como fazem os políticos quando andam à caça de votos. Inevitavelmente, porém, quando os criminosos visados se misturam com pacatos cidadãos qualquer intervenção policial, por mais legítima e cuidada que seja, sempre causa algum tipo de incómodo e desagrado a quem quer que seja. Não se compreende, porém, a admiração do principal partido da oposição, porque operações deste tipo não são inéditas e outras terão sido efetuadas quando tal força política era poder, em Lisboa e no país. De resto, PS e PSD, que são os dois partidos mandantes do regime político vigente, não defenderão, por certo, que acções policiais deste teor apenas sejam desencadeadas com ordem expressa do primeiro ministro e o aval do presidente da república. Como não se compreenderá que esta justificada acção policial apenas tenha sido aproveitada para zurzir no governo e nas forças de segurança envolvidas. A questão central, todavia, é saber se Portugal é ou não é, de facto e não de percepção, um país seguro. As estatísticas dizem que o é, considerando o todo nacional. Mas é por demais sabido que há bairros alargados, sobretudo nas áreas metropolitanas de Lisboa e do Porto, em que não será bem assim. Bairros em que as forças policiais já dificilmente entram pelo que, operações deste tipo se tornaram indispensáveis, até por uma questão de soberania. Caso contrário, qualquer dia, depararemos com a existência de miniestados dentro do próprio Estado. Igualmente lamentável é que os políticos falem de Segurança Pública ignorando a vertente Defesa Nacional quando, mais do que nunca, uma e outra estão intimamente associadas, sobretudo se considerarmos as novas modalidades de guerra híbrida. De alguma forma Portugal, que por si só, é um país indefeso, subordinado a um Conceito Estratégico de Defesa Nacional desajustado e que ignora a Nação, corre o risco de igualmente se tornar dramaticamente inseguro. E a verdade é que quem quer que seja, grego ou troiano, deve respeitar as leis do Estado que o acolhe para merecer ser tratado com os requeridos e devidos respeito e humanidade. Não se trata, como é óbvio, de racismo, xenofobia ou chauvinismo, mas do imperativo democrático que é a segurança pública Lamentável é que os políticos não governem apoiados em estatísticas credíveis, mas em perceções virtuais. Como se ao Presidente da República ou ao Primeiro Ministro bastasse abrir a janela dos seus palácios e aspirarem o cheirinho dos pastéis de Belém, para concluir que não há pobreza nem insegurança em Portugal. Dramático é que sucessivos governos se tenham mostrado sistematicamente incapazes de planear e acautelar o futuro e depois, quando menos se espera, se conclua que, por exemplo, não há médicos ou professores e que Portugal é mesmo um país globalmente inseguro. Contrariamente ao que muitos pretendem, não há democracia sem Segurança Pública e nenhum Estado de Direito resiste sem ela.