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O estado da arte

1.A razão dos Professores. Há muito que a classe Docente tem sido objecto de uma degenerescência na sua missão. Em contraciclo com o que deve ser a estruturação de uma sociedade exigente e bem preparada, em oposição irónica com o respeito devido ao Professor em tempos idos e nos antípodas do que é a praxis nos países modelo, Portugal assistiu a políticas insanas alicerçadas na obsessão em debilitar a Escola Pública, os Professores e, mais grave, em criar uma guerra civil opondo o país aos Professores. O Professor enquanto referência, com tudo de valor que comporta, foi sendo preterido na sua dimensão social e trivializado na sua missão pedagógica. Esta conduta ficou bem explícita no magistério de má memória de Maria de Lurdes Rodrigues, Ministra “estrela” dos Governos de José Sócrates. O que se seguiu é do conhecimento de todos, até chegarmos à ignomínia de ter sido congelado o tempo de trabalho realizado pelos Professores ao longo de seis anos, seis meses e 23 dias, sem vontade de os devolver, como se evidenciou no decurso dos Governos de António Costa. A recusa em assumir o óbvio, sempre escondido num discurso vegan (nem é carne, nem é peixe), foi, at last, ultrapassada com o Governo minoritário vigente, fazendo acreditar que a Educação vai ter, finalmente, honras de reforma, de fazer e não de lazer. Os Professores carecem de valorização e o País necessita de uma Escola Pública organizada e exigente. Aditivos só alcançáveis com a implementação de políticas reformistas, porque necessárias. Portugal, os Professores, os Alunos e as Famílias no seu todo, não podiam nem podem continuar submersos numa política de Educação com muita gelatina e nenhuma consistência. Neste contexto, não é despiciendo o sentido de justiça que o actual Ministro da Educação, Fernando Alexandre, tem desenhado e concretizado para a valorização da carreira Docente e engrandecimento da Escola Pública. A contrario sensu, não se compreende como é que em sede de duas maiorias (uma, informal, sustentada pelo PCP e BE, e outra, formal) o instinto reformista e o ímpeto reparador de injustiças tivessem sido alegremente remetidos para as calendas gregas pelos dois antecessores do actual Ministro da Educação. A Escola Pública e os Professores precisavam, com máxima urgência, de serem receptores de métricas capazes de recolocar a nobreza da profissão e a função Docente no pilar da construção de uma sociedade avançada e evoluída. Portugal tem de ter a noção do quão é importante a função de ensinar. Tem de ter consciência da responsabilidade que cada Professor carrega no exercício da sua missão. Aqui chegados, há que fazer justiça ao bem que se associa a medidas recentemente implementadas, como a recuperação do tempo de serviço congelado faseada até 1 de julho de 2027, no total de 2393 dias, ou outras, que pretendem atacar a perigosa falta de Professores, onde se destaca a iniciativa de cativar os candidatos ao ensino superior ou a criação de um concurso extraordinário para mitigar a situação dos alunos sem aulas por períodos prolongados ou o incentivo ao prolongamento da vida ativa dos Professores. O País precisa de Docentes motivados e valorizados, e só os pode garantir com práticas e políticas que funcionem como vasos comunicantes capazes de fortalecer a construção de uma Escola Pública susceptível de responder e corresponder à sua essência. A bem da Educação. 2. O tempo. Elemento porventura menos cuidado das nossas vidas e, no entanto, o mais importante. O tempo de que nos fala Tolentino de Mendonça, quando nos diz que “a amizade dá um outro valor ao tempo”, e acrescenta, repescando o provérbio que nos ensina que “viver sem amigos é viver sem testemunhas. Os amigos sabem o que é para nós o tempo. Eles testemunham quem somos, que fizemos. E fazem-no, nem com a superficialidade que, na maior parte das vezes, é das convenções, mas com a forma comprometida de quem acompanha. O tempo é um templo “. 3. Da artificialidade da inteligência. A IA (inteligência artificial) veio, seguramente, para ficar. Trouxe consigo deslumbramento no impacto, genialidade nos conteúdos, facilidade na execução do que, in illo tempore, era alcançável com criatividade, leitura e investigação. Vantagens em novos tempos, não obstante algumas singularidades. Em oposição, surge-nos, “agora”, a IA Degenerativa, que se traduz em potencialidades como a manipulação de vídeos e registos áudio, conferindo-lhes um cunho idóneo; ou à manipulação de dados sensíveis com o único propósito de desinformar e criar, objectivamente, o caos. Assim vai o Mundo. Essa é que é essa!

João Paulo Castanho 

Mogadouro a “horta do sol”, na produção de energia solar

O concelho de Mogadouro, “tem uma média de 4–6 horas no inverno e 10–12 horas no verão”(https://www.dadosmundiais.com/europa/ portugal/por-do-sol.php). Encaixado entre os vales do Douro e do Sabor, aqui se inicia o prolongamento do Planalto Mirandês, até à fronteira terreste (raia seca) com Espanha. O seu relevo e orografia pouco acidentado, potencia a utilização do solo para o setor primário. Nas décadas de 70 e 80, foi considerado o segundo maior “celeiro” de Portugal, pela sua aptidão para a cultura do trigo. Com adesão de Portugal à Comunidade Económica Europeia em 1985, e a consequente adesão à Política Agrícola Comum, a produção desta cultura abrandou e gerou um consequente “abandono” do cultivo de algumas terras. A este facto, não é alheio também o problema demográfico, pelo que, este território teve que se reinventar, mudando a sua aptidão para a agropecuária. Nos finais da década de 80 e na década de 90, o setor leiteiro alavancava a microeconomia local, criando postos de trabalho nas antigas salas coletivas e particulares com ordenha mecânica, e no surgimento de explorações pecuárias de animais para carne, como a raça bovina Mirandesa ou a raça ovina churra. Mais recentemente e por força da baixa rentabilidade que o setor leiteiro sofreu, verifica-se uma nova reinvenção deste território, com a plantação de grandes áreas de amendoal e olival, explorando a fileira dos frutos secos. Perante este cenário quase irreversível abandono das terras e perca de população, surgem novos desafios para o território, como a produção de energia solar, como se tem verificado. A construção da central fotovoltaica, na freguesia de Tó, é um exemplo desta realidade. Ocupando uma área de 120ha, mais de 163 mil painéis fotovoltaicos instalados, e uma capacidade de produção máxima de 72MWp (megawatt-pico), “tem capacidade para fornecer energia a 31 mil habitações, evitando a emissão de 48 mil toneladas de CO2 por ano” (www.efacec.pt). Contribui para as metas portuguesas no que refere à produção de energia de fontes renováveis, constantes do Plano Nacional de Energia e Clima 2030, e para a soberania nacional neste setor estratégico. Com uma validade temporal de exploração de 25 anos, é o maior parque fotovoltaico da região norte e o maior investimento privado feito neste concelho nos últimos 30 anos, num investimento superior a 40 milhões euros, tornando o concelho de Mogadouro, um dos maiores produtores de energia solar do país. Pese o facto do impacto visual, o impacto ambiental é nulo, conforme Declaração de Impacte Ambiental, verificando-se a nidificação de aves, uma vez que, estando todo o perímetro da central vedado, existe proteção contra os predadores, sendo a manutenção da vegetação espontânea feita pelo pastoreio de animais ovinos. A posse dos terrenos para a sua implantação, significou a entrada de mais de 1.8 milhões de euros no concelho de Mogadouro, bem como contrapartidas para a freguesia. A sua construção no triénio 2019/21, em plena pandemia COVID-19, impactou na microeconomia local de forma significativa, nomeadamente nos setores da restauração, alojamento local, oficinas, materiais construção e postos de combustíveis, fruto dos cerca de 200 postos de trabalho criados na construção, mantendo nesta fase de exploração, 4 postos de trabalho permanentes. Um território de baixa densidade, reinventando-se, torna-se num território de alta potencialidade, assim os homens queiram!

Evaristo Neves

Será que o novo continua velho?

Para trás ficou 2024 com todas as suas terríveis mazelas, rodeadas de consequências atrozes onde só esta humanidade desprotegida foi completamente atingida. Todos os anos, quando chegam ao fim, faz-se o levantamento do que mais sobressaiu ao longo dos 365 dias. Muitas coisas más e poucas boas. É sempre assim. Nada muda ou muda muito pouco. O ano que terminou foi diferente. Repleto de acontecimentos muito maus e inesperados que rotularam alguns dos intervenientes de assassinos e genocidas. Fez lembrar o tempo em que Hitler imaginou conquistar um Império igual ao de Napoleão e dominar a Europa. A diferença é que parece que são muitos a tentar fazer o mesmo. Não é só um. Putin começou há quase três anos, com a tentativa falhada de conquistar a Ucrânia em três dias. Invadiu um país independente e soberano com uma desculpa esfarrapada envolta numa operação especial contra o nazismo. Esta guerra sem sentido vai entrar em 2025. Cansados da contenda, todos clamam por uma paz justa, mas ainda não deram um passo em frente. Esperam por Trump. Quem espera? O ano passado levou a guerra à Palestina e à destruição de Gaza, numa busca incessante pela derrota do Hamas. Teve o condão de se estender para a Líbia e para a Síria. Em busca da derrota do Hezbollah e indiretamente do Irão, levou à fuga do Presidente da Síria, que abandonou o cargo e refugiou-se na Rússia, junto com o seu amigo Putin. Isto foi a derrota de Putin naquela região. As bases que lá tinha, foram desativadas quase completamente. A Rússia ficou sem um porto na zona do Mediterrâneo. Uma fragilidade enorme para a Rússia. Entrámos em 2025 com a esperança de que os horrores das guerras em presença se extingam rapidamente. Na mesa estão afirmações importantes a este respeito. Trump disse que acabaria com a guerra da Ucrânia de um dia para o outro. Ninguém acredita, mas Zelensky continua a acreditar que algo de positivo poderá vir dos EUA e que Trump poderá travar Putin. A partir do dia vinte deste mês, logo veremos, mas não sejamos demasiado crentes. Seria bom, mas… Por outro lado, ele também se está a voltar contra a Europa e a querer abandonar a NATO. O jogo do aumento das taxas à China e aos países europeus, pode ter consequências económicas mundiais terríveis. Que impere o bom senso. Zelensky, para marcar a sua posição contra a Rússia, cortou a passagem de gás para a Europa, pelo seu território, o que significa um prejuízo enorme para a economia russa. Mas a Moldova já está a pagar por isso. O frio não é bom conselheiro! É a moeda de troca possível para a Ucrânia. O conjunto de sanções que os diferentes países fizeram à Rússia, não foram suficientemente persuasivas para Putin se sentar à mesa das negociações. Talvez uma ameaça de Trump a Putin consiga levar Putin a uma negociação de paz. Resta saber os contornos das negociações. Haverá cedências de parte a parte certamente, mas quais? Vamos esperar. Por outro lado, Netanyahu quer uma vitória para Israel, mesmo à custa de um quase genocídio em Gaza e de atrocidades inqualificáveis no Líbano e na Síria. Ainda restam o Iémen e os Houtis a quem Netanyahu jurou destruir igualmente. E se as negociações entre o Hamas e o Estado de Israel andam aos soluços e não se vê solução, o cessar fogo com o Hezbollah está constantemente a ser violado, levando a inúmeros mortos incluindo crianças que não têm culpa nenhuma das tontices dos senhores da guerra. Neste início de ano, continuamos a ter a mesma roupagem do ano passado. Está difícil mudar a roupa velha por uma nova e mais acolhedora. A busca pela paz em todas estas paragens do globo, não é fácil de concretizar. Entretanto, luta-se contra o tempo e contra a morte. Luta-se contra o tempo e contra a morte…matando. Incongruência terrível. Os milhares de mortos já contabilizados não são suficientes para sensibilizar os donos da guerra. A morte de crianças aos milhares, nada significam para eles, talvez porque não têm filhos na guerra ou não têm mesmo filhos que os olhem profundamente nos olhos e lhes chamem assassinos. Os intervenientes destas guerras loucas deveriam ter a humildade de reconhecer o horror que praticam diariamente e parar para não carregarem mais culpas que, mais tarde ou mais cedo, os vão enfiar numa vala pouco profunda, onde desaparecerão comidos por bichos não tão horríveis como eles. Infelizmente, é difícil acreditar que tudo termine neste Ano Novo. Mas é urgente que algumas das regiões afetadas pela guerra cheguem a uma paz que já tarda. Todos desejamos que 2025 vista roupa nova e não seja uma simples continuação da miséria que acaba de terminar. Bom Ano Novo é afinal o que todos pedimos, mas dificilmente acontece.

Restaurantes de Trás-os-Montes repletos de gente, sabores e tradições na Passagem de Ano

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Ter, 31/12/2024 - 11:03


A poucas horas do Réveillon, são muitos os restaurantes da região com lotação esgotada, reflectindo o entusiasmo de quem escolheu o Norte do país para dar as boas-vindas a 2025.

PERCEÇÕES

A experiência é sobejamente conhecida dispensando-me de a descrever, aqui, com toda a minúcia. Se colocarmos uma mão num recipiente com água gelada e a outra num com água muito quente, metendo ambas, depois num tacho com água à temperatura ambiente, o mesmo líquido parece-nos, ao mesmo tempo quente e fria, de acordo com a mão e o lugar onde esta esteve, antes. Não podendo ser uma coisa e o seu contrário a única explicação é que a perceção que temos, baseada nas sensações, é enganadora. Sendo porém tão fortes e insistentes estas impressões, durante muito tempo condicionaram a forma como olhámos para o mundo levando a teorias tidas por verdadeiras e supostamente científicas como as que assumiam que a terra era plana e ocupava o centro do universo. Foram tão propaladas e assumidas, tão geralmente consideradas como indubitáveis que o seu abandono só foi possível com o talento de reputados cientistas, alguns com risco da própria vida, como Galileu e Giordano Bruno. Felizmente, depois de Descartes, a realidade começou a ser percebida, assumida e compreendia com base em factos inquestionáveis (cogito ergo sum) e tudo quanto possa ser deduzido destes de forma racional. Foi assim que a humanidade abandonou o obscurantismo medieval e entrou na era moderna recheada de descobertas científicas geradoras e promotoras do progresso e do bem-estar. Ao começar a atuar com base em perceções, assumindo que é o combate a estas que o move, ao mesmo tempo que concede que as mesmas são substancialmente diversas, em qualidade e intensidade, da realidade, o Governo da Nação, liderado pelo Primeiro Ministro não só promove um retrocesso civilizacional como, se aventura por um caminho perigoso e arriscado, para o próprio poder instalado. Ao agir, de forma semelhante à usada por poderes totalitários para manterem a autoridade despótica, só para “reduzirem” a perceção de insegurança, corre o risco de criar a perceção de que está em curso uma deriva autoritária coordenada pelo poder legítimo ou, pior ainda, de fora por interposta força que apesar de legal é minoritária e, como tal, carece de legitimidade para condicionar a vida de toda a população. Acresce que os números dizem que, existindo abuso no uso do Serviço Nacional de Saúde, por alguns estrageiros que vêm ao nosso país com o fito explícito de aqui receberem tratamento em condições privilegiadas, este fenómeno é residual e com fraco impacto real no financiamento do SNS, podendo (e devendo) ser combatido com o quadro legal já existente. Ao legislar especificamente para dificultar o apoio médico a recém-chegados, a pedido de uma força política que publicamente ataca e quer perseguir quem procura o nosso país para trabalhar e viver, parece que o partido do poder está a reboque de quem diz querer afastar-se. De pouco adiantará proclamar e reafirmar que o não é não se a prática, mesmo que o não seja, causar a perceção de que quem efetivamente manda no país não é o Primeiro Ministro mas quem se autointitula de líder da oposição!