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Elevados, como os oceanos

Esta sexta-feira, 15 de março, uma elevada onda de contestação juvenil varreu o planeta sob o tema lançado pela jovem sueca Greta Thumberg “Para quê ir à Escola se não houver futuro? Para quê prepararem-se para um futuro que está ameaçado?” Esta greve à escola, pelo clima, é o objetivo comum que une estudantes de todo o mundo. As rádios noticiaram, os jornais descreveram e as televisões mostraram praças pelas capitais mundiais, e não só, repletas de jovens, gritando, pulando, empunhando cartazes e, muitos, com flores e ramos na cabeça.

Obviamente que não é difícil recordar tempos, situações e atitudes passadas, mesmo que, obviamente, com outros lemas, outras motivações, outros princípios. Fui, de imediato transportado para Bragança, aos estonteantes dias que se seguiram ao 25 de abril de 1974. Mesmo que idealistas, eram justas e mobilizadoras as reivindicações gritadas e exigidas em cartazes de cartolina pregados em bastões de madeira, descendo a rua Almirante Reis, em direção à Praça da Sé. Curiosamente é essa geração, a minha geração, que em meados dos anos setenta, pretendia mudar o mundo que é hoje acusada pelos jovens estudantes de estar a delapidar, irremediavelmente, o mundo em que vivemos. De saída, por ter ultrapassada a idade da reforma a juventude que arrancou as calçadas de Paris, jurando levar consigo a imaginação ao poder, proibir apenas todas as proibições e que nos arredores de Nova Iorque se reunia no mais mítico dos festivais musicais, enfeitando a cabeça com flores e reclamando que o que havia a fazer era o amor e não a guerra! (Curiosamente um dos cartazes que apareceu na Praça Camões em Lisboa, mimetizando, provavelmente, outras paragens apelava a que se fizesse amor e não CO2, usando o “O” para recuperar o célebre símbolo do movimento Hippie).

Talvez fosse possível, a olhares mais atentos da altura, identificar em algumas atitudes, sinais e tiques que pudessem indiciar, na rebeldia e no idealismos de então a sociedade em que nos transformámos e a desastrada forma como tratámos o planeta e o estado em que nos preparamos para o entregar aos nossos filhos e netos. Tal como agora não é difícil escrutinar estes movimentos e apontar-lhes o dedo, pois enquanto reclamam pela necessidade de preservar o mundo, não dispensam os telemóveis de última geração repletos de componentes não recicláveis e usam sapatilhas de marca, feitas na China, com materiais sintéticos e transportados para a Europa em aviões. Os mesmos aviões, agentes primeiros da poluição aérea, que não dispensam para irem de férias e outros passeios.

Contudo, fazê-lo, mesmo que isso me desse algum alívio de consciência, seria um erro grave. Porque são os passos na boa direção que contam, mesmo que pequenos, mesmo que imperfeitos, mesmo que tímidos. Porque os passos na direção errada, mesmo que minúsculos, (é só uma palhinha...) repetidos milhões de vezes, redundaram na catástrofe iminente que enfrentamos agora. É verdade que não consagrámos a imaginação nos cadeirões do poder, nem substituímos totalmente a guerra pelo amor. Mas também é verdade que, na Europa, nunca se viveu um período tão longo sem guerras e que nunca houve tantos regimes democráticos e populares. Mesmo que não consigam implementar todos os ideais proclamados por todo o mundo, se conseguirem inverter a trajetória suicida em que nos encontramos, terá, seguramente, valido a pena!

 

Caciquismo ao mais alto nível. O voto de cabresto

Muito badalada foi a visita triunfal do presidente Marcelo a Angola, apenas maculada pela omissão de um elementar laivo de respeito, uma palavra que fosse, para com os soldados de Portugal lá sepultados: negros, brancos e amarelos.

Nenhum político da era colonial teve recepção tão empolgante, o que só prova que a secular simpatia que liga os povos de Angola e de Portugal continua viva e que o colonialismo português não foi assim tão mau como certos vende pátrias maldizentes pretendem fazer crer, muito embora em nenhuma circunstância se deva silenciar factos históricos desfavoráveis.

O futuro das relações entre estes dois países irmãos mostra-se assim altamente prometedor. Oxalá os políticos saibam e queiram valorizar os laços históricos e culturais agora evidenciados em ambiente de independência e fraternidade.

Outros acontecimentos não mereceram, todavia, a devida atenção, apesar da importância que inegavelmente têm, com destaque para as já célebres listas eleitorais de António Costa e de Rui Rio, um tema recorrente que bole com a própria essência da democracia.

Listas que dariam fitas emocionantes se um qualquer Spielberg ousasse levar tais histórias à cena, parodiando A Lista de Schindler que, como se sabe, é um filme norte-americano de 1993 sobre Oskar Schindler, um empresário alemão que salvou a vida a centenas de judeus vítimas do Holocausto, com o argumento de que seriam mais úteis nas suas fábricas.

É por demais óbvio que António Costa e Rui Rio não elaboram listas para salvar judeus das câmaras de gás. Bem pelo contrário, escolhem, a dedo, os mais fiéis servidores para terem a certeza de que o partido os não ejecta a eles, seguros que estão de que o crédulo e pacato povo português não se amotina no campo de concentração em que o mantêm encurralado, fustigado pela corrupção e pela falsidade política. Nada lhes garante, todavia, que a bomba da Justiça não lhes estoure nas mãos quando menos se espera e que o Regime não entre em parafuso.

Quanto ao PCP nada se sabe, o secretismo é total. As suas listas são atiradas para a opinião pública prontinhas a ser impressas nos boletins de voto, depreendendo-se que são elaboradas em paz e harmonia, com inspiração do espirito santo marxista-leninista. O BE e o CDS também não têm dado nas vistas pelas mesmas ou por outras razões. Não é o caso do PS e do PSD, pedras de amolar da democracia, em que os amuos, as desforras e traições são públicas e notórias.

O problema fundamental, porém, não está na batalha campal em que os machuchos de PS e do PSD se engalfinham. Reside no facto das listas serem cozinhadas pelos directórios respectivos nas costas dos eleitores em geral e dos militantes em particular, o que constitui uma verdadeira afronta aos mais elementares princípios democráticos.

A isto os brasileiros chamam, ironicamente, voto de cabresto porque, à partida, os caciques partidários amarram os eleitores a quem eles muito bem entendem. Trata-se duma forma de caciquismo ao mais alto nível, portanto.

Esta a principal razão pela qual a maioria se abstém.

 

Este texto não se conforma com o novo

Acordo Ortográfico.

O cansaço da esperança

Recentemente, o papa Francisco dirigindo-se às pessoas consagradas, lembrou os danos para a sua igreja, falando de “cansaço da esperança”. A espantosa associação destes dois termos, na boca dum papa que sempre rejubila de alegria faz mergulhar qualquer pessoa que se esforça por manter a esperança a partir das duas extremidades que são a evidência da tristeza do ser humano que sofre o peso da tragédia na história, na sua história. Tudo isso afirmando o ponto Ómega da fé cristã que permanece na ideia de que tudo isso tem um sentido e que no fim de tudo haverá para cada um uma luz acolhedora e pacificadora num paraíso com a cor das nossas esperanças e onde Deus guarda o nosso lugar bem ao quentinho. Ao lado daqueles que nos precederam.

Mesmo assim. Há razões para desesperar por vezes quando nos encontramos confrontados, direta ou indiretamente, com a morte de alguém. Sobretudo se era jovem, bonito, e se tinha tudo para ser feliz hoje e amanhã, realidade e promessa. De donde lhe veio a ideia de acabar com a relação humana, de cortar as pontes com os outros? Onde nasceu essa necessidade interior que o levou a destruir brutalmente, duma só vez, o diálogo com os seus? A levar-nos todos para o universo do insondável silêncio racional e do aparente vazio duma doce conversa interrompida?

A morte não se explica. Não se julga. Deixa depois da sua passagem um sulco de incompreensão e de culpabilidade. Não releva duma mecânica explicativa do tipo causa/efeito. É mistério, escuridão, infelicidade espessa simplesmente. Fugidia. «Não percebo». Ligar este tipo de acontecimentos ao conceito de esperança como tentam fazer os mais valentes, nestes casos, não basta para convencer ou tranquilizar os que sobrevivem a estas provas.

Vive-se o luto.

Não, os mortos não estão connosco, nós é que queremos - custe o que custar – acreditar e permanecer perto deles. Quem já teve a experiência da morte duma pessoa mais próxima, esta injustiça muito frequente – e estamos todos nesse caso – sabe muito bem que o voluntarismo da esperança é uma arma com uma eficácia limitada, que não funciona porque o seu gume perde rapidamente o fio. Qualquer experiência do luto é a da vontade de tentar manter um contacto com a pessoa amada apesar da evidência e da distância que foi posta entre ela e nós.

A morte separa, arranca, e é preciso muita fé ou amor para se convencer de que não passa da primeira etapa dum percurso que leva em direção a uma reunião futura. A morte está efetivamente no centro do que provoca este cansaço de que fala o papa. Cansámo-nos de exercer continuamente a virtude cristã que consiste em dizer-se a propósito de toda a infelicidade que aparece que não passa duma etapa em direção à nossa felicidade futura, um mau momento a passar se tentarmos considerar o resto do caminho. Há também esta insuportável ideia repetida em certas épocas não assim tão distantes de que estas “provas nos são enviadas por Deus” para alimentar a nossa fé e testar a nossa capacidade de esperança. Compreende-se menos o (“ Deus mo deu, Deus mo levou …”) e ainda bem. A esperança cristã, à força de ser levada a contribuição, usa-se e cansa-se se a utilizamos muito. Seria preciso reinventá-la cada manhã.

Há revolta no absurdo? Há, mas também há absurdo na revolta. Aconteça o que acontecer há muitas auroras. Frescas, cinzentas ou radiosas, pálidas ou coloridas. O fundo de tristeza que dá o cansaço da esperança não pode ser combatido por outros sentimentos nascidos do prazer de existir, da paixão de estar no mundo, consigo mesmo, com os outros? Apesar da solidão profunda que deixa a morte dum ser querido continua, na atualidade das nossas existências de rescapados provisórios elementos de felicidade possível. Luzes nas nossas noites.

Há pessoas que nos rodeiam e que apertamos nos braços, seja por ternura, amor, seja por uma amizade tenaz, forte. Há músicas celestiais, Bach, Mozart, Schubert, Chopin, óperas admiráveis que fazem palpitar o coração.

Os filmes magníficos donde saímos perturbados nos nossos afetos e onde as inteligências procuram seguidamente os alimentos, pelo tempo que que teremos para resistir nesta terra, nesta vida. Há livros que nos impedem de morrer estúpido e que nos prendem pelo que há de mais nobre no homem; o espírito e a cultura. Há a beleza duma paisagem, a beleza duma mulher, a ternura, dada ou recebida, a oportunidade duma carícia, o azar dos encontros entre milhares de células humanas que se cruzam e se entrecruzam nas nossas terras, nas nossas cidades. Há um lindo gesto de solidariedade dos outros em relação a nós mesmos, ou o contrário, que aquece o coração tanto do que recebe como do que dá. Há o sorriso dum bebe que descobre após alguns meses neste planeta que a vida, segundo parece, vale a pena ser vivida. Há a ternura duma mão que se aperta do velhinho à velhinha esposa na noite dum mundo cada vez mais difícil. Há a ternura desordenada da mão duma mãe velhinha que acaricia no regaço o seu filho cansado. Existe a beleza dum êxito desportivo, como nós seríamos incapazes de o fazer, deixando aos mais fortes o cuidado de nos maravilhar. Há tudo isso e muitas mais coisas que valem por preencherem as nossas vidas, por revigorar as nossas esperanças terrestres.

Tudo isso não impede em nada de considerar com lucidez e por vezes raiva a estupidez humana presa ao choque de interesses e ao gosto pelo poder. Tudo isso não impede de tomar partido com firmeza pelo partido da justiça e da verdade contra a generalização da falsidade e da maldade. De denunciar os impostores que, pelo que parece, nos nossos dias, são cada vez mais numerosos entre os dirigentes do mundo. Há isso e muito mais coisas que valem a pena por preencherem as nossas vidas, por alimentar as nossas esperanças terrestres.

Depois de tudo isto pode haver, entre os prazeres da existência o de considerar a batalha planetária que vivem, cada um na sua especialidade, os imbecis e os escroques na sua competição pela estupidez recorde e a idiotice máxima. Pode ser um prazer estético, denunciar tudo isso porque, apesar de tudo é preciso, duma forma ou de outra, denunciando as travessuras do tempo, reforçar as nossas defesas para melhor vingar o cansaço da esperança, rebaixando-o ao estatuto de tentação.

Quem ainda quer ganhar a jeira?

Ter, 19/03/2019 - 10:15


Olá, cá estamos nós novamente, a escrever para a nossa gente.

Esta edição tem a bênção de São José, pois 19 de Março é o Dia do Pai. Ao contrário do Dia da Mãe, que foi transferido do dia 8 de Dezembro para o primeiro Domingo de Maio, o Dia do Pai já há alguns séculos que se festeja no dia de São José Operário, pai adoptivo de Jesus Cristo.

Projeto “Alheira com clara de ovo” direcionado para doentes hemodialisados

Estima-se que 850 milhões de pessoas em todo o mundo apresentam doenças renais de várias causas. Tanto a doença renal crónica como a lesão renal aguda contribuem para o aumento significativo da morbilidade e mortalidade e surgem maioritariamente nos grupos de maior risco que incluem doentes com diabetes, hipertensão arterial, doenças cardiovasculares, obesidade, doenças autoimunes ou com história de doenças renais.

Resultado penalizador

Ter, 19/03/2019 - 08:56


O equilíbrio foi a nota dominante do jogo, que marcou a estreia dos brigantinos na competição. Aos comandados de Manuel Rodrigues faltou apenas alguma intensidade em alguns momentos do jogo, que resultaram nos dois primeiros tentos dos minhotos.