Henrique Pedro

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O abraço racista de Joacine e Francisca

Colonização e colonialismo não são bem a mesma coisa.

A colonização portuguesa primou pelo humanismo, miscigenação e concórdia, deixando indeléveis marcas monumentais, linguísticas e civilizacionais por esse mundo fora, que muito sobrelevam os malefícios do colonialismo da mesma lavra.

Duas mulheres negras, ou pretas, como se queira, burguesas, cidadãs portuguesas de direito e que ocupam os mais altos cargos nos órgãos de soberania nacionais são dois produtos primorosos dessa mesma colonização.

Todavia, por puro oportunismo político ou mau carácter, tão distintas personalidades evocam as maldades do colonialismo mas ignoram as bondades da colonização.

Refiro-me à ministra Fran-

cisca Van Dunem e à deputada Joacine Moreira que, associadas a um tal Mamadou Ba, estão no olho do furacão racista que elas próprias sopram e que ameaça colocar Portugal a ferro e fogo.

Quanto a Mamadou Ba, porque é natural de um país que embora não tenha sido colónia portuguesa foi fundado pelo assumido lusófilo Léopold Senghor, é deixá-lo sorver tranquilamente a generosa malga do caldo que os portugueses lhe servem, desde que não atice motins ou bata na polícia.

A deputada Joacine possui, é público e notório, temperamento irrascível e sofre

de uma irritante deficiência de fala que gravosamente a limita para o múnus parlamentar, mas que de nenhuma forma pode atribuir ao colonialismo português. Era o que faltava!

Já a língua que fala, a cultura acima da média e a vida desafogada que leva, as deve, isso sim, à abençoada colonização portuguesa.

Também a ministra Francisca só vê racismo e xenofobia, antes e depois da descolonização, lançando diatribes bacocas aos que acusa de negacionistas das suas ridículas evidências pessoais, embora não indique em que lei do ordenamento jurídico português, como lhe compete, se baseia.

Limita-se a invocar, em defesa da sua tese, o exemplo caricato de que, por ser negra, a confundiram com a criada doméstica, quando se passeava nos jardins da bela moradia familiar, na Luanda colonial.

Será que a ministra Francisca se esqueceu das muitas famílias mistas que viviam felizes não só em Luanda mas um pouco por toda a Angola?

Ou dos muitos exemplos de tocante fraternidade entre portugueses brancos e negros, designadamente em acções heróicas de combate?

Mais desastrada é quando se dá ao topete de realçar o sentido pejorativo das palavras “mulato” e “cabrito” ignorando o carinho e apreço a que uns e outros eram votados na sociedade angolana, quando Angola ainda era Portugal. E será que a senhora ministra não tem mulatos na família?

Mas mais infeliz ainda é quando se esquece dos milhares de crianças, de mulheres e de homens, brancos e negros, martirizados às mãos da barbárie negra, antes da independência e a carnificina brutal que ocorreu já depois dos maus colonizadores terem sido forçados a abandonar Angola.

Portugal foi, e é, o vosso refúgio, o vosso lar, Francisca e Joacine e Angola e a Guiné são as vossas pátrias enjeitadas. Não se esqueçam!

Mais louvável seria que publicamente se empenhassem, com denodo, na promoção da mais justa concórdia entre negros e brancos, a exemplo do heróico Nelson Mandela e dos marcantes pensadores do agora utópico império místico português.

Falta-lhes grandeza de alma para tanto.

 

Este texto não se conforma com o novo Acordo Ortográfico.

O fado Lisboa Luanda Leaks

A inevitável independência de Angola veio cedo demais.

Deveria ter acontecido alguns anos depois, somente, embora não muitos mais. Precipitada pelo golpe de estado militar de 25 de Abril de 1974, processou-se da pior forma.

Por ironia da História aconteceu numa altura em que as Forças Armadas da Portugalidade, que incorporavam soldados de todas as raças e credos, dominavam em absoluto todo o território angolano, garantindo a paz militar e a segurança civil em todos os centros urbanos, bem como assim a circulação livre e segura de pessoas e bens.

Para lá de que elas próprias rasgavam estradas, dispensavam alimentos, educação e cuidados de saúde às populações mais recônditas e carenciadas, e asseguravam a concórdia entres grupos étnicos rivais.

Infelizmente esse prometedor período de paz e progresso foi brutalmente interrompido mal a independência sob a bandeira marxista-leninista se consumou, dando lugar a uma medonha carnificina que descambou na desumana autocracia corporizada no déspota Eduardo dos Santos.

Eduardo dos Santos e cúmplices que, deslumbrados pelo poder totalitário e pelo dinheiro fácil do petróleo e dos diamantes, condenaram impunemente os angolanos à mais degradante miséria, com desprezo total pelos direitos do homem.

Portugal também esteve em rumo idêntico, diga-se em abono da verdade. Salvou-o a Europa, que continua a valer-lhe, muito embora prossiga com a corda na garganta.

Agora mesmo a agitação social está ao rubro, provocada por forças obscuras que procuram lançar Portugal no caos, favorecendo a criminalidade de toda a classe, fomentando o racismo, protegendo a imigração selvagem e incitando grupos marginais a sublevar-se contra a autoridade de direito democrático.

Tudo sob a égide da governança autodenominada socialista, com a conivência cínica do PCP e do BE, autointitulados de esquerda, e a titubeante oposição do PSD e do CDS, ditos de direita. Uma comédia grotesca encenada no palco do Regime da corrupção, agora esperançosamente abanado por novos protagonistas.

Angola, porém, talvez por se tratar de um país africano, não teve quem de boa-fé lhe deitasse a mão, pelo que os desonestos machuchos angolanos encontraram nas elites políticas e económicas de Lisboa com provas dadas no saque do Estado português, os comparsas ideais.

Tudo se ajustava: a democracia ainda não chegara em pleno a Portugal e a independência de Angola viera cedo demais.

Tivesse vindo uns anos depois e Angola seria seguramente um exemplo para África e para o Mundo. Seria, por certo, um país moderno e progressivo, livre de traidores, salvo da guerra civil e governado por cidadãos com o mais elevado sentido cívico e patriótico.

Com a intervenção em curso do chamado Luanda Leaks o consulado de Eduardo dos Santos parece estar finalmente a desmoronar-se e o Regime corrupto português a ser, por igual, denunciado internacionalmente.

É fatal como o destino!

É o fado Lisboa Luanda Leaks que, aparentemente, anuncia uma nova esperança para a democracia em Portugal e em Angola. Esperemos que não seja só fogo-de-vista e que tudo não passe de uma ruidosa rendição de quadrilhas.

Angola e Portugal merecem melhor sorte.

Que Nossa Senhora da Muxima proteja os angolanos.

E Nossa Senhora de Fátima os portugueses.

 

Este texto não se conforma com o novo Acordo Ortográfico.

Assim se fabrica o ódio chamado racismo

A sociedade civil portuguesa foi abalada nos últimos dias por dois acontecimentos trágicos que vitimaram dois jovens, um branco e outro negro. Analisemos os factos com o realismo que se impõe, tendo em conta notícias recentes e credíveis.

Em Bragança, um grupo de rapazes aldeãos, terá morto à cacetada o jovem Luís Giovani.

Dias depois, bem no coração de Lisboa, “cidade de muitas e desvairadas gentes”, um grupo de negros assassinou à facada outro jovem chamado Pedro Fonseca.

Dois crimes hediondos que são faces da mesma moeda política.

Pedro Fonseca, branco, português, de 24 anos, era engenheiro informático. Os seus assassinos são negros, guineenses e marginais, embora não o sejam pela cor da pele ou pela nacionalidade.

Luís Giovani, mulato, cabo-verdiano, de 21 anos, era estudante do Instituto Politécnico. Os seus assassinos são brancos, portugueses e marginais, embora o não sejam pela cor da pele ou pela nacionalidade.

Perante estes crimes que lhe embaraçam a consciência, a sociedade política fechou-se em copas, ainda que, quer no caso de Bragança quer no de Lisboa, possa não ter havido motivações racistas.

De pronto vieram a terreiro duas conhecidas personalidades: Joacine Moreira, a problemática deputada negra do partido Livre e Mamadou Ba, igualmente negro, senegalês, ativista supostamente antirracismo e assessor do BE na Assembleia da República.

Ambos procuraram tirar partido do crime de Bragança considerando que a vítima seria negra (era mulato, o que não é bem a mesma coisa) e os seus assassinos supostamente portugueses e brancos. Sobre o crime de Lisboa, ocorrido posteriormente, dado que a vítima era branca e os assassinos negros, meteram a viola no saco.

O propósito de Joacine e de Mamadou, que vivem a expensas do Estado português, foi tirar partido do hipotético racismo que mais lhes convém. Que não se admirem se o feitiço se virar contra o feiticeiro.

Um e outro demonstraram ser instigantes descarados do ódio chamado racismo, que é muito mais que uma incontida antipatia e que tem, lamentavelmente, agentes institucionais de peso.

Desde logo todos os que defendem a imigração a granel, como se de gado se trate, sabendo à partida que o destino desses infelizes é engrossar a legião dos autóctones que vivem na miséria, acabando muitos deles por se enredar nas teias da marginalidade.

Também os governantes populistas, useiros e vezeiros desse populismo eleitoralista que é o pior de todos, já que se servem da desgraça para promoção pessoal, adulteram a justiça social e criminal, criam fossos entre os diferentes grupos étnicos e deliberadamente desqualificam os polícias e encorajam os bandidos.

Também todos quantos, na circunstância, porque não seria politicamente correcto, não tiveram a necessária sensibilidade e coragem para publicamente honrar a memória de Pedro Fonseca, como o fizeram com a de Luís Giovani, talvez por aquele ser branco e os seus assassinos serem negros. Que ao menos lhe rezem pela alma.

Os portugueses, reconhecidamente solidários e hospitaleiros, não são manifestamente racistas, embora haja quem tudo esteja a fazer para que o sejam.

Qualquer dia, por este andar, será crime ser português, branco, católico ou heterossexual.

E, já agora, não se ser de esquerda, ainda que não se seja de direita.

 

Este texto não se conforma com o novo Acordo Ortográfico.

O colapso da Humanidade que se anuncia

Muito embora o terceiro milénio já conte 20 anos, só agora se evidenciam condições para uma mais instante reflexão, que não compete apenas a políticos, filósofos ou cientistas porquanto diz respeito a todos os cidadãos do mundo.

Durante milénios a Humanidade cresceu, guerreou e revolveu a terra livremente. Presentemente, porém, está confrontada com factos preocupantes nunca antes experimentados.

Receia-se, por isso, que esteja a caminho do colapso provocado por ela própria, também por causas que a ultrapassam ou por ambas em conjugação, ainda que o planeta que a hospeda não se desvie, um milímetro que seja, da sua órbita.

Até há relativamente pouco tempo temia-se que uma eventual guerra nuclear generalizada que, felizmente, até hoje não aconteceu, pudesse erradicar a vida da face da Terra.

Ainda que esta ameaça não haja sido esconjurada, as atenções voltam-se agora para as já perceptíveis alterações climáticas que poderão redundar numa desgraça planetária, o que explica que estejam a ser tratadas como se de um espectáculo global se tratasse pelos esconsos poderes mundiais que delas se aproveitam, mistificando causas e efeitos.

Os grandes ciclos climáticos que a história do planeta regista e que provocaram alterações radicais, deveram-se a fenómenos terrestres e astronómicos relevantes cujo controle não está ao alcance dos homens.

Em contrapartida, a Humanidade produziu ferramentas e desenvolveu práticas igualmente capazes de alterar drasticamente o habitat planetário, como sejam o crescimento populacional incontrolado, o envenenamento dos ares e das águas e a transfiguração irrecuperável da crusta terrestre, destabilizando equilíbrios estabelecidos durante milénios, para não falar nas angustiantes armas de destruição massiva e nas malignas mutações genéticas laboratoriais.

Acresce que os recursos vitais que a Mãe Terra faculta são finitos, pelo que o seu usufruto desregrado, embora passível de ser minorado, conduzirá, inevitavelmente, ao colapso do sistema.

Mas não é apenas no plano físico que este drama dantesco se desenrola. Acontece igualmente no domínio civilizacional e moral quando se projecta um novo homem, robotizado, sem sentimentos nem ética e passível de ser comandado sabe-se lá por quem e com que fins.

Assustadores são a globalização desumanizante, a mundialização escravizante, as ideologias degradantes da dignidade humana e a idealizada religião mundial única, que exclui a espiritualidade e a bondade originais.

Tudo supervisionado pelo projectado Governo Mundial autoritário, cúpula da denominada Nova Ordem apadrinhada por personalidades suspeitosas, que ameaça aniquilar estados, pátrias e nações e que não se coibirá de chacinar milhões de seres humanos para tornar viável a sua nova Humanidade sem humanismo.

É o totalitarismo dos totalitarismos, ainda pior que o marxismo-leninismo ou o nacional-socialismo de má memória.

Não nos iludamos, portanto: a mera redução das emissões de carbono e de metano, ou mesmo um novo sistema energético, já não nos poderão salvar.

Talvez só mesmo a profetizada nova vinda de Jesus Cristo, em que muitos acreditam piamente.

Isso é outra história, porém

A todos desejo um feliz Novo Ano.

 

Vale de Salgueiro, 31 de Dezembro de 2019

 

Este texto não se conforma com o novo Acordo Ortográfico.

Se um deputado incomoda muita gente...

A democracia não é um sistema político vergonhoso contrariamente ao que os políticos portugueses induzem os seus concidadãos a pensar. Bem pelo contrário! É o único sistema que verdadeiramente dignifica e engrandece o ser humano. Vergonhosas, sim, são as autocracias, socialistas ou fascistas, que não respeitam a liberdade, não têm em conta a vontade dos cidadãos, usam a justiça como mero instrumento de poder e fazem tábua rasa dos direitos do homem. O regime político português, pese embora o facto de se enquadrar na matriz democrática é, em matérias fundamentais, vergonhoso por muito que custe admitir aos machuchos que o tutelam. A governação incompetente e facciosa, os vícios crónicos da Administração Pública, a corrupção endémica, o funcionamento obscuro da justiça, a dívida pública relapsa, a lei eleitoral enviesada e os persistentes índices de pobreza, citando apenas alguns dos males mais evidentes, criaram no cidadão comum sentimentos de profundo desagrado como o demonstra o uso recorrente da expressão popular “ Isto é uma vergonha!”, dirigida a actores e a actos políticos. Assim se explica que o deputado André Ventura incomode tanta gente, só porque se atreve a invectivar, alto e bom som, os vícios sistémicos da governança e faz uso, em sede de democracia, dessa mesma expressão consagrada popularmente, muito embora não tenha sido ele que a inventou. Mais honroso e sensato seria que, face a tantas vilezas do Regime e do Estado, todos os deputados sem excepção, gritassem em uníssono “isto é uma vergonha!” e se congraçassem para pôr termo a tamanho despautério. Até porque se trata de matérias que não colidem com os ideários que apregoam, embora não constem das suas boas práticas políticas. Mas não. Entendem escandalizar-se, quais virgens ofendidas, com as intervenções do deputado atrás citado que, até mais ver, se tem limitado a mostrar que o rei vai nu. Muito em especial os deputados do statu quo que, incapazes de lançar a reformas indispensáveis para colmatar tamanhas vergonhas públicas, continuam a varrer o lixo para debaixo do tapete e a iludir o povo com as migalhas e arganas que sobram do banquete político. A maior vergonha, porém, é não ter-se vergonha nenhuma e a Assembleia da República envergonha mais a democracia do que a dignifica. Só assim se compreende que o deputado André Ventura, que mais parece um solitário cavaleiro- -andante, incomode tanta gente. Notório é o nervoso miudinho que as suas intervenções causam no primeiro- -ministro e que os correligionários deste, sistematicamente procuram abafar com aplausos ruidosos e patéticos. Mais triste, ainda assim, foi a desastrada reação do Presidente da Assembleia da República que, porque enfiou a carapuça, só pode ser, censurou, em pleno plenário, o deputado em causa, com evidente propósito de o silenciar, quando em situações, essas sim graves e escandalosas, não levantou um dedo sequer. O que só vem confirmar que Ferro Rodrigues não possui suficiente estatura e competência democrática para o cargo para que foi cooptado. É por demais óbvio que o actual Regime, agora dominado por uma esquerda renegada, estava a precisar de abanões deste teor. Se um deputado incomoda muita gente, os demais incomodam muito mais. Boas Festas Vale de Salgueiro, 18 de Dezembro de 2019.

Regionalização, não! Independência, sim!

A Constituição que nos rege, ainda matizada com laivos do sinistro socialismo científico (que de ciência nada tem e mais justamente deve ser tido como um manual da desgraça) estabelece como autarquias os Municípios, as Freguesias e, pasme-se, Regiões Administrativas.

Todavia, a famigerada Regionalização, entendida como a criação dessas fantásticas regiões, não ousou ainda sair do papel de música em que a Constituição de 1976 foi orquestrada, porque a maioria dos portugueses, (mais sensatos que os putativos ideólogos regionalistas), a rejeitaram liminarmente no referendo de 1998.

Desde logo porque a dita Regionalização seria uma enormidade num país de tão diminuta dimensão geográfica e que, dia após dia, mais se encurta com o evoluir dos sistemas de mobilidade (o Túnel do Marão o diz).

Depois porque a Nação portuguesa nos seus gloriosos 800 anos de História, alcançou sólida coesão política e cultural, e saudável sentimento pátrio, malgrado a presente subalternização do Interior que é reflexo do actual Regime, do qual também resulta que o Estado está grávido de uma máquina administrativa complexa, cara e ineficiente, e que a Regionalização só viria acentuar.

Acresce o agravamento da situação económica que a Regionalização provocaria, quando Portugal dorme aconchegado numa bomba chamada dívida pública que ameaça explodir mal o pavio de uma nova crise internacional se acender.

Se tal não bastasse, é por demais óbvio que com a Regionalização, o Partido Socialista em especial, apenas pretende fabricar mais cargos e mordomias para parentes, amigos e militantes, e perpetuar-se no poder.

Bem avisado andou, por isso, o primeiro-ministro António Costa ao remeter a Regionalização para o sótão partidário, embora não sem antes a ter tentado implantar à socapa.

Poeticamente, até se poderia pintar a Regionalização com cores romanescas e populistas insinuando que Trás-os-Montes é a pátria dos transmontanos, o Alentejo a pátria dos alentejanos ou que o Algarve é, ou foi, a pátria dos algarvios.

Tal seria uma insidiosa subversão, porém, porque a Nação, a Pátria, o Estado e a Língua Portuguesa estão consagrados no velhinho Portugal, que não pode ser assim tão levianamente estraçalhado e varrido da História e do Mapa-múndi, como pretendem os mundialistas de pacotilha.

Esqueçamos, portanto, a Regionalização e foquemo-nos na Descentralização tendo em conta, contudo, que coisas há que devem ser descentralizadas e outras centralizadas para que a optimização administrativa se alcance.

Centralizar, todavia, não tem que ser obrigatoriamente em Lisboa ou no Porto e descentralizar não é colocar dois ou três secretários de estado a trabalhar no domicílio. No mínimo implica deslocalizar ministérios inteiros. Trazer, por exemplo, a Administração Interna para Viseu ou a Agricultura, desbastada de todos os apêndices inúteis, para Mirandela.

Expurgue-se a Constituição das polémicas Regiões Administrativas e de outras minudências perniciosas, optimize-se a malha municipal e dê-se independência, na medida justa, a autarcas e deputados, libertando-os das cabeçadas partidárias que distorcem a Democracia e marginalizam o Interior.

E, porque não constitucionalizar candidaturas independentes à Assembleia da República?!

Vale de Salgueiro, 3 de De­zembro de 2019

 

Este texto não se conforma com o novo Acordo Ortográfico.

Um Estado em falência moral

Matar ou abandonar deliberadamente recém-nascidos é um crime hediondo. Ponto final!

Seja qual for a condição da procriadora que se exime de ser mãe: adolescente ou adulta, toxicómana ou abstémia, casta ou prostituta, rica ou pobre, autóctone ou imigrante. Seja qual for o seu credo ou raça, a circunstância em que mata ou o local em que abandona. Um caixote do lixo, uma mata, um poço ou o mar conferem ao crime idêntica pecaminosidade.

E, porque a concepção de um ser humano não se restringe ao acto de parir, também a responsabilidade moral não se confina à executante. Estende-se ao procriador, à família, à sociedade e, em última análise, ao Estado incompetente e imoral.

Ao acto sexual gerador seguem-se, por regra, nove meses de gestação com sinais exteriores mais ou menos evidentes. Tempo suficiente para pensar a vida, procurar apoios e, quem de direito, acionar medidas que evitem o ignominioso acto.

Ainda assim estes crimes devem ser julgados com estreme justiça, o que não exclui a compaixão que todo o ser humano infeliz merece.

Não são conhecidas estatísticas relativas à morte e abandono de recém-nascidos em Portugal. Todavia, a comunicação social referiu vários casos chocantes a propósito do mais badalado que continua a ser o do bebé recuperado por um sem-abrigo dum caixote do lixo, ou de um “ecoponto”, como também foi largamente noticiado, como se esse pormenor surrealista pudesse atenuar a gravidade do crime.

Muitos mais casos houve mas que não foram assim tão profusamente noticiados.

Não se conhece nenhum outro que tenha sido distinguido pelo Presidente da República com uma visita, ambígua, ao local do crime, para se fazer fotografar abraçado ao putativo salvador da criança.

Desgraça que também motivou insólita troca de mensagens entre o Presidente da República português e o seu congénere cabo-verdiano e, o que é ainda mais chocante, a visita solidária da ministra da Justiça à criminosa confessa.

É pertinente, por isso, perguntar porque mereceu este caso tamanha atenção de tão importantes políticos e foi tão badalado pela comunicação social.

Terá sido porque o crime foi executado nas barbas do Governo e da Assembleia da República e o Presidente da República e a Ministra da Justiça quiseram assumir, com os seus gestos, a cota-parte da responsabilidade do Estado?

Terá sido porque o enaltecido recuperador é um sem-abrigo, como foi incessantemente assinalado?

Terá sido porque a fautora do crime é negra, imigrante e prostituta? E porque lhe estarão a facultar apoios excepcionais? Não estaremos perante um evidente caso de discriminação racial?

Ou será porque, uma vez mais, forças obscuras procuram converter um crime ignóbil num acto vanguardista?

E qual irá ser o destino da verdadeira vítima que é o martirizado recém-nascido? (Desejo-lhe a melhor sorte apesar de o ver abandonado, a partir de agora, nas ruas da amargura das boas intenções governamentais).

Mais um crime, tão-somente, que se junta à corrupção desenfreada, às vergonhosas mentiras institucionais de digníssimos governantes, aos alunos que batem nos professores e a tantas outras infâmias públicas, que evidenciam um facto ineludível: o Estado português está moralmente falido.

É altamente preocupante.

 

Este texto não se conforma com o novo Acordo Ortográfico.

Uma saia bem catita, olarila

Joacine Moreira, do Livre e André Ventura, do Chega, foram os deputados que mais deram nas

vistas no arranque da nova Assembleia da República. O simples facto de terem sido eleitos, (o mesmo se dirá de João Cotrim de Figueiredo, da Iniciativa Liberal), representou, por si só, uma pedrada no charco de São Bento.

Acredita-se que com a esperada apresentação de temáticas que não constam das cartilhas dos partidos tradicionais, irão contribuir para uma nova vida da Assembleia até aqui dominada por useiros e vezeiros predadores partidários.

André Ventura faz-se notar por ideias que se convencionou serem de direita mas que, a ajuizar pelas redes sociais, estão a ter eco inusitado, para desgosto de muitos que se afirmam democratas e de esquerda. O povo, sôfrego de mudança, aguarda propostas concretas e credíveis.

Joacine Moreira, ainda que a sua bandeira principal seja o racismo de que levianamente acusa o povo português mas que, ela sim, dá mostra de cultivar, paradoxalmente não deu nas vistas por ser negra, mas por duas particularidades surpreendentes: a gaguez, que nada tem a ver com a cor da pele, e o fazer-se acompanhar, no acto da tomada de posse, por um elegante assessor trajando uma saia… bem catita, olarila.

Gaguez que, quer se queira quer não queira, é uma deficiência desesperante dado que limita drasticamente o exercício pleno do múnus parlamentar que tem na oratória o seu instrumento fundamental.

Deficiências, todavia, há muitas, diversificadas em grau e género, e os seus portadores merecem todo o respeito daqueles que eventualmente se possam orgulhar de não padecer de nenhuma.

Joacine Moreira é a primeira tartamuda a ser eleita deputada da Assembleia da República portuguesa, onde estão em maioria deputados portadores duma outra deficiência eventualmente mais grave: a surdo-mudez, já que nunca ninguém lhes viu abrir a boca para dizer fosse lá o que fosse. Um parlamento de surdos e gagos é inconcebível, por mais democrático que possa ser.

Também não faltarão em São Bento, ao que se diz, deputados portadores dum outro tipo de deficiência, se a homossexualidade for entendida como tal, já que os inibe de procriar, ainda que o sexo não sirva apenas para fazer filhos como em tempos idos ficou provado naquela mesma douta assembleia.

Deficiência essa que de forma alguma deve ser relacionada com uso de saia por homens não machos, porque culturas há no presente e houve no passado, em que as saias ou os culotes, por si só, nunca estabeleceram confusão entre machos e fêmeas.

A entrada triunfal de Joacine Moreira em São Bento acompanhada pelo tal assessor da saia, premeditada por certo, só causou escândalo por ser ridícula tendo em conta o momento e o local. Maior escândalo teria sido, ainda assim, se o dito assessor vestisse minissaia e com os pelos das pernas por barbear. Igual impacto teria, por certo, um deputado escocês que se apresentasse no pátrio parlamento, não de saia mas em cuecas.

Esqueça-se o ridículo e a ironia, porém. Mais importante é saber quantos assessores se acoitam em São Bento, quanto ganham, qual o seu currículo e o que fazem, embora se saiba quem lhes paga.

E já agora quantos deputados usam avental às escondidas.

 

Este texto não se conforma com o novo Acordo Ortográfico.

As achegas do Chega

Em Democracia não há maus pensamentos. Há sim maus comportamentos e o pior de todos é condicionar a liberdade de pensar e de expor ideias a quem quer que seja, sejam elas quais forem.

Chega é a terceira pessoa do presente do indicativo do verbo chegar que também poderá tomar forma de interjeição com o significado basta! Achega, por sua vez, significa ajuda, aditamento.

O Chega, enfaticamente, é um dos quatro Mosqueteiros, não do Rei mas da Rainha República, que esgrimem contra o status quo político e social.

O Chega, em especial, com achegas disruptivas do Regime, cuja Assembleia da República muito se assemelha à Assembleia Nacional do Estado Novo porque os partidos do sistema, alapados à sombra da bananeira, bem comidos, melhor bebidos e viciados em jogos de poder e de enganar o povo, propiciam que aventureiros e intrujões sem conta, saqueiem o Estado e estuprem a Nação. Pela esquerda baixa ou pela direita alta, tanto faz.

Tudo sob o manto diáfano da Democracia com que cobrem a nudez crua da corrupção, como hoje escreveria o imortal Eça se fosse vivo. Com a mesma genial ironia com que vergastou o regime político do seu tempo, quando sentenciou, passo a citar: políticos e fraldas devem ser trocados de tempos em tempos pelo mesmo motivo.

Digam lá se isto não é absolutamente actual!

Tudo sem que credíveis vozes de revolta até hoje se tenham feito ouvir em São Bento. Bem pelo contrário. No gongórico templo do Regime mancomunam-se e silenciam-se crimes políticos sem conta e postergam-se reformas que a Democracia reclama, a começar pela viciosa lei eleitoral, como melhor ilustrado ficou no tempo áureo da defunta Geringonça.

É lá que os machuchos políticos tudo concertam e desconcertam a seu bel-prazer frustrando milhões de cidadãos eleitores que, inibidos de se fazerem ouvir de forma consequente, não têm como não lhes virar as costas, abstendo-se massivamente de votar.

Foi neste cenário que, afortunadamente, entraram em cena pela mão do povo os quatro Mosqueteiros da Rainha República (Cavaleiros do Apocalipse para muitos): o PAN, o Livre, o Iniciativa Liberal e o Chega.

Com destaque para o Chega que, na visão estrábica dos democratas míopes, do olho esquerdo ou do direito, irrompeu pela escadaria de São Bento montado no cavalo alfaraz do fascismo, faiscando verdades que ferem como coices.

Verdades que golpeiam profundamente não o sistema democrático mas o Regime vigente, que é, como se sabe, uma cleptocracia relapsa e desavergonhada, uma democracia virada do avesso, sem direitas nem justiça, refém da esquerda radical, essa sim, demagoga e populista.

Às verdades do Chega, que deveriam respeitar como achegas à Democracia, tomam-nas por ressurgências de fascismo, porque isso melhor lhes convém para cerrar ainda mais as portas e as janelas da Democracia já por demais obscurecida.

Imagine-se o que seria se o BE ou o PCP tomassem o poder, por via dos votos que fosse, já que por via do PREC de má memória não ousaram lá chegar?!

Melhor avisados andarão esses putativos democratas se tomarem na devida conta as achegas que o Chega traz à Democracia.

Antes que o povo, pela mão do Chega, democraticamente lhes chegue a roupa ao pêlo.

 

Este texto não se conforma com o novo Acordo Ortográfico.

Hagiografia Paroquial e Património Cultural do Concelho de Mirandela

Portugal é, até ver, um Estado independente que assenta numa Nação com História ímpar e dignidade relevante.

Digo até ver porque não sabemos até quando, face aos ventos da mundialização e da globalização que sopram sobre a Terra ameaçando tudo subverter.

Importa, por isso, relembrar que Portugal é uma das muitas pátrias que são produto do sucesso grandioso que foi a instauração da Igreja Católica Apostólica Romana no alargado espaço político e cultural que hoje, com pleno significado, denominamos Europa.

Processo que se iniciou há dois mil anos atrás com o desmembramento do Império romano às mãos dos povos ditos bárbaros que lhe estremavam as fronteiras e que paulatinamente se reagruparam e radicaram no vasto e diversificado território europeu, orientados pelo processo de cristianização que se iniciava, por regra, com o baptismo dos chefes e se consumava com a conversão das respectivas tribos.

Não é de admirar, por isso, que as diferentes comunidades que sistematicamente se foram consolidando o fizessem em torno dum santo protector, o orago ou padroeiro, à sombra de um templo de maior ou menor dimensão e recebessem o nome do próprio orago associado a uma singularidade topográfica ou a uma vocação agrária mais pronunciada, gerando tradições, usos e costumes peculiares.

São estas as raízes profundas da pátria portuguesa que ainda hoje não só a alimentam como a mantêm de pé. Figurino que se mantem praticamente inalterável em terras rurais do interior português e que os novos tempos irão,

certamente, transfigurar.

Deste estado de arte patrimonial e cultural nos dá conta o erudito cónego Silvério Benigno Pires numa obra notável que entendeu intitular Hagiografia Paroquial, a que acrescentou o subtítulo Património Cultural do Concelho de Mirandela.

Trata-se de um livro primorosamente bem escrito, muito bem organizado, profusamente ilustrado, que cuida por igual, embora separadamente, de todas as 102 povoações do concelho de Mirandela, destacando a história do seu orago, o seu património edificado em templos e monumentos, os factos históricos relevantes e a heráldica subjacente, as tradições, os usos, lendas e costumes que as caracterizam e personalizam. Narrativa enriquecida com transcrições ajustadas das memórias paroquiais para cada caso e citações consentâneas dos textos sagrados.

 São 102 berços telúricos, patrimoniais, culturais e afectivos, pulsantes de história, que durante séculos, senão milénios, embalaram milhares de almas transmontanas, que Silvério Benigno Pires acorda do esquecimento e ilumina com a luz do futuro.

De salientar, por isso mesmo, a oportunidade instante deste precioso inventário religioso, patrimonial e cultural face às mutações aceleradas que o mundo está a sofrer e que tornam inadiável também que se preserve a memória e a cultura transmontanas, se pretendermos garantir a sua sobrevivência.

Uma obra de referência indispensável em todas as bibliotecas públicas e privadas, nas mesas de trabalho dos autarcas mais lúcidos que se empenhem em políticas de progresso e dignificação das suas autarquias, e dos estudiosos cujo interesse maior recair no conhecimento das gentes e das terras mirandelenses.

Venham mais obras deste teor e talento.

 

Este texto não se conforma com o novo Acordo Ortográfico.