Henrique Pedro

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Política da mão-fechada, da mão-rota e da mão estendida

A actual situação portuguesa é por demais deprimente. Tal não tem só a ver com a pandemia muito embora seja esta a razão principal. É deprimente porque os portugueses temem que Portugal esteja a caminhar para o abismo, com a democracia refém da dita esquerda, estrangulada pela mão-fechada do PS, manancial de nepotismo e corrupção, pelas mãos-rotas demagógicas do BE e do PCP, que acenam freneticamente a Cuba e à Venezuela, para não ir mais longe, e a mãozinha do PAN que esbraceja tentando não se afogar. Com a desdita direita, mais precisamente PSD e CDS, de mãos atadas, e os proscritos Chega e IL de dedos em riste a apontar não se sabe bem para onde. Não é de estranhar, por isso, que cada dia haja mais portugueses de mão estendida a pedir socorro e que um número muito significativo já não hesite em estender o braço direito. A situação é deprimente porque o Presidente da República se converteu num professor e comentador político arvorado em ministro de estado da propaganda, alienando o fundamental da sua missão. Presidente da República que é um engano porque o povo se enganou quando nele votou, como o próprio povo o testemunha nas redes sociais, de forma massiva, espontânea e livre. É deprimente porque o primeiro-ministro, que anda em campanha eleitoral permanente, mais uma vez dá mostras de não ser capaz de coordenar devidamente o Governo, como aconteceu nos trágicos incêndios florestais de 2017. É deprimente porque os cofres do Estado sangram abundantemente por força de sorvedouros como o Novo Banco e a TAP, outros virão, que os políticos não sabem ou não querem estancar, enquanto a Administração Pública cada vez mais se enreda nas teias da mais insidiosa corrupção. É deprimente porque a União Europeia se mostra perigosamente desunida e descoordenada perante ameaças fatais como a pandemia e o fundamentalismo islâmico, sendo este o problema fulcral da imigração. Imagine-se o que seria se um conflito militar generalizado eclodisse. É deprimente porque o que se conhece do Plano de Recuperação da Economia indicia que a hegemonia asfixiante de Lisboa & Monopólios prevalece e as potencialidades agropecuárias, hídricas, ecológicas e turísticas do Interior em geral e de Trás-os- -Montes em particular irão continuar deprimidas. Deprimente é o ambíguo distanciamento, dito social, que não deveria ser social nem colectivo, mas antes individual e pessoal, devendo as colectividades, as escolas e as empresas continuar operativas, produtivas e solidárias. As pessoas é que que devem ser protegidas individualmente, por quem de direito, e se devem proteger mutuamente. Com este sinistro distanciamento social mais os políticos se distanciam do povo, os trabalhadores das empresas, os alunos das escolas, os pobres dos ricos e as famílias dos seus membros. Talvez seja isso mesmo que pretendem os ideólogos do distanciamento social ainda que o não confessem. Deprimente, sobretudo, é perceber que os políticos continuam a tomar os portugueses por estúpidos e carneiros, por labregos que comem tudo que lhes põem no prato. Uma coisa é certa: Portugal apenas sobreviverá com verdade, democracia verdadeira, muito patriotismo e justiça exemplar. O que implica políticos patriotas, honestos e competentes.

Pátria de apátridas

Talvez o título melhor se aplique à Europa no seu todo. Foquemo-nos na pátria portuguesa, por agora. No quadro do actual Regime político seria um completo dislate um partido apresentar-se como não sendo de esquerda, nem de direita, nem do centro. Não é que fosse ilegalizado, como se de um partido de extrema-direita se tratasse, embora haja partidos de extrema-esquerda com assento parlamentar, cujos agentes impunemente promovem o ódio racial e atacam instituições básicas da democracia. O problema, mais do que não constar no catálogo de ideologias da AR, seria decidir onde sentar tão peregrino partido no hemiciclo, por inexistência de lugar físico e ideológico. Optar por uma gaiola separada significaria admitir que a verdadeira Nação não está ali representada. Razão pela qual também não são autorizadas candidaturas independentes à AR, muito embora não faltassem candidatos, porquanto a maioria esmagadora dos cidadãos livres e de bons costumes se assume apartidária e se abstem em função das circunstâncias. Maioria para quem os labéus comunista e fascista são insultuosos por igual, mas que considera um elogio o epíteto patriota. Felizmente, até ver, o voto ainda não é obrigatório e os cidadãos não são matriculados à nascença num partido, muito menos num partido único regimental. O diabo seja cego, surdo e mudo. Mesmo os mais entranhados militantes dos actuais partidos que se dizem democratas, têm a obrigação moral de não terem comportamentos facciosos e muito menos fanáticos, embora se verifique o contrário. Lamentavelmente, um qualquer cidadão que publicamente declare o seu amor à Pátria e se orgulhe da História e da Língua portuguesa é mimoseado pelos ditos democratas, com os piores adjectivos, desde fascista a salazarista, passando por racista e colonialista. Mesmo quando se trata de portugueses do mundo, pacifistas, amantes da democracia e respeitadores de todas as nações. Portugal está transformado numa pátria de apátridas, como se vê. Não tanto por força dos imigrantes com os quais o Governo hipocritamente pretende fazer caridade e suprir as necessidades de mão-de-obra barata mas mais agrava a miséria comum. Também pela leveza com que a cidadania portuguesa é concedida a estrangeiros sem a suficiente ligação histórica, cultural ou familiar, para lá do fundamental conhecimento da língua, do indispensável cadastro criminal ou do aconselhável estágio de integração na comunidade lusíada. Fundamentalmente porque o Governo não cuida devidamente da História, da Cultura, da Língua, da Educação Cívica, do Património pátrio e do atávico Humanismo e Universalismo português, deixando o povo indefeso à mercê dos mais abjectos colonialismos ideológicos, culturais, políticos e económicos. Pátria de apátridas. Rosto de um Estado pária, que apenas sobrevive graças à caridade da Europa. Estado pária governado genericamente por impostores apátridas, para não dizer traidores, que vendem a Nação por um voto e a Pátria por um pataco. Dói mas é verdade! Produto espontâneo do Regime corrupto floresce agora o partido Chega, cujo líder, André Ventura, poderá não passar de um percursor, porque maiores surpresas estão para chegar envoltas nas brumas da crise. Cuidem-se

Colonização, colonialismo, racismo e tribalismo

Não importa saber se George Floyd, o americano negro assassinado por um polícia branco, em Minneapolis, nos EU, era ou não um cidadão exemplar. Tratou-se de um crime hediondo, público e notório, em qualquer caso. Não é de espantar, por isso, que tenha dado aso a uma violenta vaga de manifestações um pouco por todo o mundo livre. Estranha-se, isso sim, que nenhuma repercussão tenha tido nos estados marxistas-leninistas e nas teocracias islamitas que favorecem todo o tipo de racismo e terrorismo e que não deixarão de se aproveitar deste evento no contexto da batalha geopolítica. Já a História de Portugal é sobejamente conhecida, no bem e no mal. Alguns, porém, por obscuras intensões ou simplesmente porque está na moda, realçam as maldades do colonialismo e desprezam as bondades da peculiar colonização portuguesa, a campeã da miscigenação. Sinistramente ridículas são as razões aduzidas para vandalizar, entre outras, uma estátua do padre António Vieira, símbolo maior da excelsa colonização portuguesa e anátema de todos os colonialismos designadamente marxistas-leninistas. Melhor agora se vê que, face à miséria que grassa pelo mundo, a trágica descolonização do Ultramar português foi uma grande perda para a Humanidade. E assim se compreende que este lamentável evento se tenha repercutido, entre nós, de forma branda e paradoxal, evidenciando que não há segregação racial em Portugal, embora haja descriminação social, e política por via partidária. Outra coisa é o tribalismo emergente nos bairros marginais da capital. Não devemos, portanto, confundir colonização com colonialismo e racismo com tribalismo. Colonização é dádiva, partilha, comunhão, factor de humanização e progresso. Foi o que aconteceu, em larga medida, no Ultramar Português, à custa de muito sangue, suor e lágrimas, muito em especial no Brasil, em Goa e em Angola, mais visível, neste caso, nos anos que antecederam a independência Racismo e tribalismo também não são a mesma coisa, ainda que se manifestem de igual forma. Racismo é desumanidade e exploração criminosa. Tribalismo é barbárie e cegueira. O pensamento dos badalados Mamadou Ba e Joacine Moreira, filhos mal-agradecidos da colonização que combatem, é tribal. Está nos antípodas de Nelson Mandela e de Luther King. Igualmente tribal é o comportamento da comunidade cigana que persiste em se auto marginalizar e autoexcluir. Havemos de concluir, portanto, que o tribalismo emergente nos bairros degradados da capital está a ser aproveitado por interesse obscuros que pretendem denegrir a História portuguesa e liquidar a democracia, perante a incompetência criminosa das mais altas instâncias nacionais, com o Presidente da República à cabeça que, embriagado por um certo narcisismo televisivo, persiste em iludir o essencial da sua missão. É caso para lembrar que quem semeia ventos colhe tempestades. Na sombra de fenómenos tão avassaladores que desacreditam a democracia e desvirtuam a justa luta contra as injustiças e as desigualdades, três sistemas tenebrosos planeiam subjugar a Humanidade: o comunismo chinês, a teocracia islamita e o sistema sub- -reptício que se esconde por de trás da relapsa ideia da Nova Ordem Mundial. Talvez melhor fosse, enquanto é tempo, reformar os viciosos regimes políticos ocidentais e salvar a democracia.

Que a santa Europa nos valha!

A UE tem pela frente a mais séria recessão da sua história resultante da paralisação provocada pela pandemia Covid-19. No que aos estados membros mais vulneráveis diz respeito, como é o caso do desgovernado Portugal, a prevalecente crise (económica, financeira e social), poderá ser catastrófica. Depois de muito choro e ranger de dentes a presidente da Comissão Europeia, a alemã Ursula von der Leyen, irá submeter à aprovação do Conselho Europeu um plano de investimentos e reformas com o objectivo de salvar a economia da União no seu conjunto e a dos estados membros de per si. Trata-se, apenas, de despertar o fantasma da velha CEE, nada mais. A Europa dos europeus, pátria das pátrias, campeã da liberdade, da igualdade e da fraternidade, essa, continua agonizante. Tal plano, elaborado sob os auspícios do governo alemão, envolverá a módica quantia de 750 mil milhões de euros que sairão dos cofres do Banco Central Europeu que, como contrapartida, recolherá os fundos gerados através de um alargado pacote de novos impostos. A repartição deste dinheiro pelos estados membros sob a forma de empréstimos e subvenções, que o mesmo é dizer doações, terá em conta o valor da economia própria de cada estado, o seu PIB per capita e o rácio da sua própria dívida pública. Para tanto, os estados membros são catalogados em três categorias, a saber: os de rendimento acima da média, os de rendimento abaixo da média mas com dívida baixa e os de rendimento abaixo da média e com dívida alta. Uma forma simpática de contornar o diferendo norte- -sul. Convém lembrar que as vagas sucessivas de fundos europeus que durante anos entraram nos cofres nacionais desde que Portugal aderiu à CEE foram tão escandalosamente “surfadas” por governantes e afins, que acabaram por criar na opinião pública a ideia fixa de que o Regime é rui e os políticos desonestos e incompetentes. Mais uma vez o velho Portugal, é fatal como o destino, corre no pelotão dos desgraçados, dos pobres e endividados, pelo que receberá maiores montantes relativos. Ainda bem! E uma nova bebedeira de milhões se perspectiva em Lisboa. Ainda mal! Que a santa Europa nos valha, portanto! Duplamente! Que não se limite a dar a esmola, como aconteceu em dádivas anteriores, mas que igualmente cuide de que a mesma não seja abocanhada, ainda na mão dos doadores, pelos digníssimos escroques da Nação. E que esta dinheirama, que no caso português ascende a qualquer coisa como 31,5 mil milhões de euros repartidos em cerca de 15 mil milhões a título de subvenções e de 10 milhões de empréstimos, não seja lançada à rebentina, mas que já traga destinos bem balizados tendo em conta os mais relevantes desígnios nacionais. E que seja fiscalizada rigorosamente por gente competente de Bruxelas, porque, nesta altura, em Portugal já muitos predadores salivam e aguçam os dentes nos corredores ministeriais, nas sedes partidárias, nos escritórios das grandes empresas e em mil suspeitas fundações. Uma excelente oportunidade, mesmo assim, para os autarcas do interior, com realce para os de Trás-os-Montes, mostrarem o que valem, fazendo prova da sua competência política e técnica, independência e lisura, dado que, ao que se diz, a coesão do território receberá parte de leão. A ver vamos!

Este texto não se conforma com o novo Acordo Ortográfico.

Inutilidades pandémicas da democracia portuguesa

Ainda a procissão vai no adro, como sói dizer-se, pelo que ainda é cedo para se fazer o balanço dos estragos causados pela pandemia COVID-19.
 Mas já podemos adiantar que Portugal, neste combate, está a nível dos países da sua igualha e que os danos, felizmente, não alcançaram entre nós a dimensão trágica registada em nações de maior dimensão.
Mercê de factores diversos, designadamente da situação geográfica e da distribuição populacional, mas sobretudo do civismo dos portugueses, do empenho e qualidade dos profissionais de saúde e da boa resposta do Sistema Nacional de Saúde, pesem embora as medidas que foram sendo atamancadas e as patéticas hesitações e contradições dos governantes.
Uma coisa é certa: esta pandemia veio realçar, estrondosamente, as virulentas inutilidades do Regime político vigente.
A começar pela Constituição donde derivam, entre outras, inutilidades do Tribunal Constitucional e do Sistema de Justiça. Metida na gaveta em questões essenciais por aqueles que sempre a defenderam com unhas e dentes, até parece que foi feita a pensar nas festas do 1.º de Maio e do Avante.
Repetente é a inutilidade evidenciada pelo Presidente da Republica que se remeteu ao papel a que os brasileiros jocosamente chamam de “papagaio do pirata”, em lamentável promiscuidade institucional com o primeiro-ministro, sendo que a sua livre iniciativa mais saliente é a populista distribuição de sopa a sem abrigos, com as câmaras das televisões atrás, claro está.
Igualmente significativas são as inutilidades da monstruosa Assembleia da República que, agora fica provado, poderá cumprir cabalmente a sua missão com um terço dos deputados.
Notáveis, também, são as múltiplas inutilidades do Governo, escandalosamente sobredimensionado, com Ministérios e Secretarias de Estado a que se não reconhece outra utilidade que não seja empregar clientelas.
Lamentável ainda a inutilidade da Oposição que pôs de lado a sua missão fundamental e se tem limitado a acompanhar com música de entretém os abusos e negócios duvidosos do Governo.
Tudo isto se explica com as prioridades dos políticos mais marcantes que tratam, em primeiro lugar, de ganhar votos e de se manterem no poder, depois procuram assegurar um futuro regalado e só em último lugar se preocupam com as pessoas. 
Políticos a quem o Estado só interessa na medida em que dele se servem.
Contrariamente ao que acontece em muitos outros países democráticos em que povo e a democracia são respeitados, sem patriotismos abastardados, separação sinistra entre esquerda e direita, ou internacionalismos subservientes de interesse obscuros.
A ruindade da democracia portuguesa e a maldade da classe política, em que predomina a falta de carácter, alcançaram o auge com a vergonhosa “peixeirada” do Novo Banco em que se envolveram de forma indecorosa as mais altas figuras do Estado e a própria Oposição, com destaque para os partidos que aprovaram o Orçamento de Estado mas que agora assobiam para o lado.
Não admira que a vox populi (não necessariamente vox dei) reclame uma nova revolução, pensando, não duvido, nos valores democráticos que o 25 de Abril franqueou.
 Democracia, sempre!
P.S.: Agradeço as referências de Armando Fernandes, ilustre cronista deste Jornal, na sua crónica intitulada “25 de Abril”.
Este texto não se conforma com o novo Acordo Ortográfico.

A troica Marcelo, Ferro, Costa.

Em política, troica e triunvirato são a mesma coisa, muito embora na língua russa o termo “troica” também designe uma carroça puxada por três cavalos aparelhados lado a lado.

 Esta a metáfora que, em meu entender, melhor se ajusta à situação que Estado português vive, presentemente.

O correspondente termo latino “triunvirato”, por sua vez, é descrito nos melhores dicionários como a “associação de três cidadãos poderosos para açambarcar toda a autoridade”.

 Não pretendo ser tão radical. Prefiro designar “triunvirato” como uma associação de três personalidades, com similar autoridade política, conluiadas na governança de uma sociedade em circunstâncias excepcionais.

A História Universal dá-nos exemplos de várias troicas ou triunviratos.

Na Roma da antiguidade, desde logo, ficaram célebres dois:

O Primeiro Triunvirato (59 a.C. – 53 a.C.), constituído por Júlio César, Pompeu e Marco Licínio Crasso;

E o Segundo Triunvirato (43 a.C. – 33 a.C.) que integrou Otaviano, Marco Antônio e Lépido.

Na União Soviética de má memória, três troicas fizeram valer toda a sua maldade sendo que a mais mal-afamada de todas terá sido a formada por Malenkov,  Beria e  Molotov, que governou após a morte de Stalin em 1953.

No Portugal dos nossos dias a troica constituída em Abril de 2011 por Jürgen Kröger (Comissão Europeia), Poul Thomsen (Fundo Monetário International) e Rasmus Rüffer (Banco Central Europeu) assinou com o governo português da altura o Memorando de Políticas Económicas e Financeiras, que teve o mérito de salvar Portugal da banca rota, malgrado os erros e exageros cometidos.

Com a queda da Geringonça uma nova “troica”, ou “triunvirato”, como se queira, ganhou corpo, agora mais em evidência com a crise provocada pela pandemia Covid-19.

Trata-se da associação contranatura dos três políticos mais badalados, a saber: o Presidente da República, que é mau de tão bonzinho que é; o Presidente da Assembleia da República que é péssimo de tão mau que é, e o Primeiro-Ministro, que não é bom nem mau. É o que é: dá uma no cravo outra na ferradura, uma de democrata e outra de ditador, uma de socialista e outra de liberal. E por aí fora.

Troica esta que tem como principais bases de apoio a emblemática família socialista, que ocupa todos os níveis do Estado e os agentes que controlam os mais influentes programas dos principais órgãos da comunicação social, com a missão de dourar a imagem do governo, dentro e fora do país.

Troica que tem contado, até ver, com o silêncio conivente da oposição, que continua ligada a ventiladores, enquanto gravíssimos casos de corrupção, favorecimento e negócios escuros são despejados nas redes sociais, para serem partilhados à saciedade.

É esta troica espúria que tem nos braços a monumental crise sanitária, económica, financeira e social que já obrigou ao racionamento de bens, salários e serviços, com destaque para consultas e cirurgias. Mais do que austeridade é de racionamento que se trata, portanto.

Felizmente, os portugueses têm-se mostrado cordatos e colaborantes, embora pouco confiantes porque não acreditam que o Marcelo milagreiro, o Ferro domador de feras e o Costa ilusionista seja capazes de, por si sós, resolver a crise.

Terão que ser eles próprios a porfiar se querem que tudo acabe em beleza e a democracia não colapse.

Este texto não se conforma com o novo Acordo Ortográfico.

25 de Abril: glória ou traição?

Participei no golpe militar de 25 de Abril de arma na mão, fui maltratado, eu e uns tantos mais, por esbirros do golpe comunista que se prolongou até ao afortunado contragolpe de 25 de Novembro, que salvou Portugal de um mais feroz regime totalitário e no qual também intervim de igual forma. 
Dispenso epítetos e vanglórias e não me eximo de responsabilidades. Tire o leitor as ilações que entender.
São três os golpes a que o chavão “25 de Abril” dá cobertura, não sendo claro qual deles a Assembleia da República comemora, iludindo a Democracia e indignando a Nação.
 Chavão que serve a todos os gostos, taras e manias: a raros puros de coração, a saudosistas do PREC de má memória e a políticos, intelectuais e empresários a quem o Regime vicioso favorece, protege e envaidece. 
 O golpe militar de Abril transfigurou-se, logo à nascença, num imbróglio revolucionário que atraiçoou os melhores propósitos dos militares patriotas que, pese embora as suas justas reivindicações, acreditaram numa paz honrosa, quiçá numa descolonização justa, seguramente numa democratização modelar.
 Acabaram como bodes expiatórios dos que viram as vidas desfeitas, e muitos foram se pensarmos na legião de retornados forçados a abandonar os lares e dos demais portugueses das ex-províncias de além-mar abandonados à sua sorte, quando não chacinados.
Golpe militar que em rigor não teve heróis, mas que já é um marco na História Universal: a laje do sepulcro em que foi sepultado, não o colonialismo mas o génio universalista e humanista português que durante séculos se afirmou no mundo. 
Heroísmo, patriotismo e humanismo houve sim e muito nas derradeiras batalhas do Império, na generosa entrega de milhares de jovens militares de diferentes raças e credos à ideia de uma pátria fraterna, multirracial e multicultural.
Também não abona Abril o facto de todos os que tombaram pela Pátria naqueles inglórios combates serem vergonhosamente esquecidos e denegridos, quando mais justo e digno seria evocar a sua memória, sobretudo nos festejos abrilinos.
 Responsabilidade maior dos assumidos “capitães de abril” que os comandaram e tiveram a fortuna de regressar vivos e escorreitos.
Indigna é, por isso, a ambiguidade das comemorações ditas do “25 de Abril” que inexoravelmente caminha para o lugar que a História lhe reserva e que não será de glória, como alguns pretendem.
 É certo que o golpe militar do dia 25 de Abril, redimido em 25 de Novembro, malgrado o que veio a seguir, teve o mérito de abrir a janela da liberdade e franquear a porta da democracia, de pôr termo à guerra evitando o colapso militar da Guiné, que não era previsível em Moçambique e muito menos em Angola.
Estultícia será, porém, pretender colocá-lo no plano histórico da Descoberta do Caminho Marítimo para a Índia, do Achamento do Brasil ou mesmo da mítica Batalha de Ourique, que salvou Portugal de ser hoje um estado muçulmano. 
Para a generalidade dos portugueses desgostosos com o regime vigente o 25 de Abril é fautor de interesses obscuros que desvirtuam a democracia. É desilusão!
Para aqueles a quem escandaliza a degradação prevalecente nas ex-províncias ultramarinas, onde nasceram ou viveram, o 25 de Abril é, tão só, traição. 
Glória ou traição a História o dirá. 

Este texto não se conforma com o novo Acordo Ortográfico.

É de uma guerra que se trata, senhor primeiro-ministro!

Os portugueses depressa se aperceberam de que sempre que um ministro abria a boca saíam asneiras e entravam vírus em Portugal, tal o chorrilho de disparates com que procuravam desvalorizar a pandemia em desenvolvimento.

Cito apenas alguns exemplos para não dramatizar ainda mais a questão.

Mal a crise rebentou lá na sinistra República Popular da China, a ministra da Agricultura esfregou as mãos de contente porque, no seu douto entendimento, trazia vantagens para as nossas exportações agrícolas.

A ministra da Saúde com a sua proverbial bazófia apressou-se a gritar aos sete ventos que o SNS estava preparado para enfrentar a crise e o inefável ministro do Interior bateu o pé dizendo que não havia razões para fechar as fronteiras.

Entretanto, o primeiro-ministro continua a sorrir seraficamente e a procurar iludir os cidadãos como é seu timbre e talento, como se de uma campanha eleitoral se tratasse. É de uma guerra que se trata, de uma calamidade, senhor primeiro-ministro!

Maior insensatez foi a do presidente da república que fechou a matraca e desertou do campo de batalha, embora tenha tido o engenho e a arte de impor o estado de emergência. Mesmo assim o Governo, confrontado com uma guerra declarada sabe-se lá por quem, com o inimigo a invadir o país por terra, mar e ar, limitou-se a fazer o que lhe deu na democrática gana, aproveitando o cheque em branco, sem cobertura por certo, que a oposição lhe passou, com o senhor Rui Rio à cabeça.

Não se trata de uma guerra convencional, é certo, com bombas a rebentar por todo o lado, mas de uma guerra biológica, igualmente mortífera e devastadora da economia nacional e que rapidamente ganhou cariz subversivo pela mão dos maus jornalistas, dos açambarcadores e dos especuladores.

A verdade é que o Governo não providenciou atempadamente o que deveria ter providenciado, não mobilizou o Estado para a guerra e deixou a Nação, ao deus-dará, indefesa. Melhor teria andado se logo ao primeiro tiro, avisado que estava, tivesse controlado devidamente as fronteiras impedindo o inimigo de entrar, embora deixando passar tudo que viesse por bem.

E se de pronto tivesse armado, equipado e treinado o povo distribuindo as armas mais adequadas para fazer frente à ameaça. Não espingardas ou coisas que tais, mas mascaras, luvas, vestimentas, granadas desinfetantes e instruído devidamente os cidadãos para que pudessem continuar a trabalhar e a economia nacional não fosse gravosamente afectada.

Isso de encerrar indiscriminadamente meio mundo em casa por tempo indeterminado terá que ser oportunamente repensado, sob pena do povo não morrer do mal mas da cura.

Salva-se, justiça lhes seja feita, o esforço abnegado de quantos, nos hospitais mas não só, dão o peito às balas para que a Nação sobreviva.

Tudo leva a crer que novos surtos se seguirão. Esperemos que, se tal acontecer, todos os cidadãos possam dispor de um adequado kit de defesa pessoal.

Entretanto, bruxos e adivinhos auguram já um Governo de Salvação Nacional para fazer face à crise económica, social e política que inevitavelmente advirá. Esperemos que, se tal acontecer, seja um Governo honesto, competente e patriota e livre de vírus partidários.

Que Deus nos livre de maus governantes que de vírus nos livramos nós! Este texto não se conforma com o novo Acordo Ortográfico.

Pandemia e pandemónio à portuguesa

Não sou dado a teorias da conspiração, à interpretação de fenómenos que me ultrapassam atribuindo-os a forças ocultas que manobram, às escâncaras ou na sombra, tendo em vista subverter o status quo.
Todavia, no caso do novíssimo coronavírus COVID-19, que acaba de se constituir em pandemia, admito todas as hipóteses e mais algumas.
Admito que tenha sido gerado espontaneamente na imundice que são os mercados alimentares da República Popular da China, um Estado desumano que herdou os piores males da cruel doutrina marxista-leninista-maoista a que adicionou todos os vícios do capitalismo egoísta e esclavagista.
Admito que tenha sido manipulado nalgum laboratório militar (americano ou chinês, que importa?), do qual poderá ter saído acidentalmente ou sido disseminado deliberadamente, obedecendo a um qualquer plano geopolítico.
Admito que possa ser mais um tenebroso episódio da guerra comercial global que opõe não só os Estados Unidos e a China mas também outros países igualmente poderosos.
Admito que possa ser o primeiro acto de uma guerra planetária que não será travada por armas convencionais ou nucleares mas com as mais penetrantes e sub-reptícias armas químicas e biológicas que regurgitam nos arsenais das potências militares mais poderosas.
E também não deixo de admitir que as mais terríveis profecias encontrem algum nexo nesta pandémica doença infecciosa.
Assustador é que a Humanidade, agora que o fenómeno da Globalização se aproxima do clímax está, na verdade, confrontada com uma ameaça universal que afecta mais gravosamente os países ricos e industrializados e que, por isso mesmo, poderá aniquilar nações, disformar a actual Civilização ou mesmo bani-la, impondo uma cultura única absolutista.  
A verdade é que a pandemia de um micróbio poderá potenciar um pandemónio apocalíptico de monstruosos demónios já à solta. A Humanidade corre agora o risco de ser dizimada pelo coronavírus COVID-19, mas há muito que se encontra estraçalhada por um desumano pandemónio planetário que é político, ecológico, social, espiritual e moral, materializado na fome e na doença, nos vícios mais degradantes, em guerras sem fim, nas desigualdades mais abjectas e na mentira e falsidade sem limites, que afectam milhões de seres humanos, sem olhar a raças ou a credos. 
No caso de Portugal, agora transfigurado numa Nação sem chama nem governantes à altura das circunstâncias, num Estado de direito marginal que privilegia corruptos e farsantes, a quem deixa em liberdade por tempo indeterminado, a gozar as benesses adquiridas ilicitamente e a reincidir nas suas práticas imorais, a presente pandemia apenas vem coroar o pandemónio protagonizado pelos inúmeros demónios que infecionam a democracia portuguesa.
Ironicamente, ou talvez não, esta crise, como as demais, só poderá ser vencida com civismo, autodisciplina e solidariedade. O que implica restabelecer os velhos princípios morais e culturais, haja coragem, fé, esperança e humanismo bastantes. E, sobretudo, políticas eficazes, sensatas e oportunas, que é o que não tem havido. Para se ser governante não basta colar cartazes partidários e a democracia portuguesa, lamentavelmente, não tem sido capaz de gerar estadistas competentes.
Queira Deus que a presente crise não se arraste e não provoque danos irrecuperáveis.

Este texto não se conforma com o novo Acordo Ortográfico.

O Serviço Nacional da Morte

A Assembleia da República, traindo o múnus eminentemente político, acaba de impor à Nação a crença ateísta de que não existe vida além da morte, donde resulta que viver só tem sentido quando se vive com prazer e que, porque Deus não existe, nada impede ninguém de matar.

Esquecem-se os doutos deputados que um coisa é um Estado laico outra uma Nação sem alma. Só assim se compreende que tenham decretado que a eutanásia é, por si só, moral e lícita em situações de doença terminal e considerado a sua inexorável generalização coisa de somenos.

Eutanásia que está naturalmente associada a sentimentos de piedade e compaixão.

Não foram estes nobres propósitos, porém, que moveram os partidos e os deputados que votaram favoravelmente a sua despenalização porque, se assim fosse, teriam dado prioridade absoluta à dotação do Serviço Nacional de Saúde com os meios necessários para neutralizar o sofrimento intrínseco às enfermidades, garantindo a todos os enfermos o melhor apoio e conforto possíveis.

Bem pelo contrário, os partidos e os deputados que votaram favoravelmente a despenalização da eutanásia optaram por uma solução radical e sinistra: a institucionalização de um novo Serviço Nacional da Morte, dentro do Serviço Nacional de Saúde já de si mortificante, absolvendo, a priori, os profissionais que se prontificarem a servir de carrascos e transferindo toda a culpa para os supliciados.

Serviço Nacional da Morte que, para começar, se ocupará apenas de pacientes que declararem querer morrer mas que, a prazo, se estenderá a todos cuja morte a terceiros convier. De boas intenções está o inferno cheio.

É verdade que compete aos governos, partidos e deputados estabelecer as normas políticas, económicas e jurídicas que melhor sirvam à Nação.

Não é menos verdade, porém, que em questões de ética e dignidade os portugueses votam em função dos seus valores e sentimentos mais íntimos e não de acordo com programas políticos partidários que são, regra geral, omissos nestas matérias.

Lamentavelmente, porém, os partidos e os deputados que votaram favoravelmente a despenalização da eutanásia desprezaram a dignidade e a consciência íntima dos portugueses, para, abusivamente, lhes imporem preceitos contranatura.

Só assim se compreende que tais partidos políticos e deputados, porque não lhes convinha, tenham liminarmente posto de lado qualquer hipótese de consulta popular, ainda que os dois maiores partidos cinicamente tenham dado liberdade de voto, controlada, aos seus deputados.

Todavia, não devem os deputados ser desagregados dos partidos porque, por norma, não têm voto na matéria e se limitam a levantar o braço em obediência, sabe-se lá a que obscuros interesses. Partidos e deputados que não me-

receram a confiança de mais de metade dos eleitores.

São 230 os deputados, mas se fossem apenas meia dúzia o resultado seria o mesmo. O número é mero arranjo floral.

Patente ficou mais esta monumental falsidade democrática em que a maioria dos deputados, na generalidade paus mandados dos partidos, se comportaram como abafadores de pacientes terminais e da democracia.

Mais coerentes seriam se assumissem plenamente o ónus do crime, decretando que a eutanásia passaria a ser sancionada caso a caso, por votação na Assembleia da República.

Quer os pacientes a requeressem ou não.