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Luís Ferreira

Vendavais- A irreverência do perdedor

Proscritos sem culpa formada, somos prisioneiros em cela própria e apenas temos por companhia a família mais próxima, fruto das contingentações que a todos abalam. Enfim. Seja como for, a situação permite-nos ter mais tempo para olharmos o mundo com outros olhos e informarmo-nos sobre o que nos parece mais premente. A verdade é que nem sempre isto acontece pois o que vem sempre em primeiro lugar, em todas as equações, é a pandemia e as eleições americanas. Penso que qualquer um destes assuntos nos assusta sobremaneira, até porque estão ligados e dependentes. Depois das mais renhidas eleições jamais vividas nos Estados Unidos da América, eis que Trump não admitiu a derrota e até ameaçou recorrer às mais altas instâncias dos tribunais americanos para julgar as supostas fraudes que ele nunca viu, mas imaginou e até acreditou, quiçá, terem existido. Dias e dias passaram sem que se dignasse sequer a aparecer em público. A sua irreverência faz lembrar a dos meninos que ao perderem um jogo, não admitem e querem jogar novamente para ver se conseguem ganhar, vingando assim a derrota anterior. Pois é, mas isto não é um jogo e foi preciso alguns resultados mais convincentes entrarem na cabeça de Trump para que, à sua maneira, aparecesse em público para falar do … Covid 19. E para quê? Para lembrar que foi a sua administração que fez a vacina e vai distribui-la. No meio do discurso, lá foi referindo que na sua administração ou outra qualquer a vacina chegará a toda a gente para acabar de vez com a pandemia. Era uma espécie de admissão de derrota bem camuflada. Já é qualquer coisa. Contra factos não há argumentos. Mas enfim! Num país onde o número de óbitos ultrapassa os 200 mil, não há lugar para brincar aos políticos e muito menos às eleições, já que a vida humana está acima de tudo isso. Ora se bem nos lembramos, Trump andou a brincar com o vírus mesmo depois de ser apanhado por ele, se é que foi, pois nestas coisas, há que duvidar vindo de quem vem. Neste momento em que o mundo vive aterrorizado pelo aumento do número de infetados e de óbitos, desespera- -se por uma vacina milagrosa que traga esperança e sossego à população mundial. Trump e a Pfizer acenam com uma que terá, garantem, 90% de eficácia. É o modo mais airoso que o presidente americano tem de sair da sua administração, se for o caso. Mas, como sabemos não foi a Pfizer que descobriu a vacina, mas sim um casal turco sediado na Alemanha e que mantém interesses com a Pfizer que é a grande distribuidora mundial de produtos farmacêuticos. São negócios, claro. Para não ficar para trás nesta corrida, o presidente Putin vem informar que também tem uma vacina e que o seu grau de eficácia é de 92%. E agora? Pode ser que esta concorrência seja saudável, mas como envolve dinheiro, muito dinheiro, a saúde fica sempre para segundo lugar e todos desconfiamos. Entretanto, o vírus vai matando cada vez mais e pouco há a fazer para evitar que isso aconteça, a não ser… ficar em casa. Mas a economia não se compadece com estas soluções caseiras e a crise espalha-se quase tão depressa como o próprio vírus. De estranhar é a atuação de alguns grupos completamente irreverentes e contrário ao que seria normal nestas situações, virem a terreiro manifestar-se contra o uso de máscaras e contra o confinamento. Em Portugal, a exemplo do que se passa no Reino Unido e na Espanha, por exemplo, lá apareceram, de igual modo, já que gostamos de imitar os outros, umas dezenas de iluminados a reclamarem contra o uso das defesas mais normais que são divulgadas para evitar o espalhar do vírus. É estranho, muito estranho, tão mais estranho quando vemos nesse grupo, médicos e enfermeiros a defenderem o contrasenso. Será que alguém lhes pagou para se manifestarem? Não se concebe de outra forma. Conseguem ser mais irreverentes que o próprio Trump e que os meninos que perderam o jogo do “quantos são?”. Ainda que só para Março ou Abril, que venha depressa a vacina antes que não restem irreverentes para lutar contra os irreverentes de agora.

Horário de ponta

Está na hora. Diz-se frequentemente esta frase seja a que propósito for, mas sempre com a ideia de que o tempo marca o momento para se decidir alguma coisa. Pois é tempo de muitas decisões. Há muito que eu disse que seríamos atingidos por uma vaga ainda maior deste exército invisível que nos vai matando aos poucos sem pedir qualquer permissão. A cobardia que serve de manto a este soldado da desgraça, não tem servido de alerta aos que o esperam atentamente na esperança de o apanharem desprevenido. Não. Esqueçam, que ele não se mostra. Os resultados que nos últimos dias têm vindo a lume, são assustadores, mas nem por isso fazem travar a sua investida e o seu avanço. Há uma desorganização tremenda neste exército de combate onde não parece haver nem chefe nem comando. A hora atual é aflitiva. O momento é difícil e aterrador. Mas como bons portugueses, sempre pensamos que tudo vai passar desde que não nos atinja a nós. Só nos preocupamos quando nos batem à porta. E se ao abrir a porta, entra um vendaval, qual tsunami, então ficamos verdadeiramente assustados e rezamos a todos os santos para que tudo acabe em bem. Mas não. Já morreram mais de cinquenta pessoas só num dia e nada nos diz que vai diminuir. Na Europa o caso não é melhor, antes pelo contrário. Vemos uma França de joelhos e sem rumo certo, vemos uma Espanha sem tino e a querer ser mais irresponsável que o próprio vírus e um Reino Unido completamente à deriva, sem saber se há de confinar ou não ou, ainda pior se vai mandar toda a gente para casa durante umas largas semanas. Está na hora de tomar decisões. Até aqui criticávamos Bolsonaro e Trump pelo irrisório das afirmações produzidas a respeito do vírus e da leviandade com que encaravam a situação. Hoje, apesar de continuarmos a criticá-los, também nós somos criticados, não pela leviandade, mas pela falta de rumo, de assertividade no combate sério a este assassino. A culpa é da economia! Claro. Depois do que se passou aquando da primeira vaga, ninguém quer perder mais dinheiro, nem aumentar o desemprego e estagnar a economia. Seria péssimo. Muito mau. Mas há que fazer alguma coisa. Não fazer nada ou muito pouco é ainda pior. A verdade é que estamos na hora de ponta. Estamos no equador desta bola de neve e temos que a derreter o mais depressa possível, doa a quem doer. Não é suficiente lamentar-nos. Temos de agir. O governo, em Portugal, parece querer levar as coisas com paninhos quentes e ver se passa a doença. É certo que não fácil tomar decisões que impliquem grandes prejuízos para a economia nacional e para os portugueses em geral. Mas alguma coisa terá de ser feita. As escolas vivem momentos críticos. Algumas turmas já estão confinadas. Há alunos em casa em isolamento profilático. Perdem as suas aulas e os seus colegas têm medo do seu regresso. Os professores, apanhados neste vendaval, acabam por ser contagiados e vão para casa em confinamento forçado, isolando-se o mais possível, da família e dos amigos. Aos poucos, todos se vão confinando. Todos se vão isolando. Todos têm receio. Ninguém anda na rua desarmado. Todos trazem a sua arma, mas nem ela é suficiente para se defenderem dos ataques alheios. O inimigo é invisível. É desesperante lutar contra o que se não vê. Por tudo isto e muito mais, é tempo de todos assumirmos a responsabilidade neste combate, de todos fazermos parte deste exército que se quer mais organizado e combativo. O pedido do governo e do Presidente da República é só e apenas mais do muito que já sabemos. Aceitar as exigências que nos são impostas, é o mínimo que podemos fazer para ajudar neste combate severo, cujo objectivo é libertar-nos desta prisão terrível que nos mantém aprisionados e longe de quem amamos. Não há visitas. Não há abraços. Não há beijos. Há somente desejos contidos. É hora de ponta. Há demasiado tráfico, mas temos de respeitar os sinais de trânsito. É hora de baixar os números do desespero.

Vendavais- Sem ilusões

Diria um amigo meu que ainda bem que há ilusões, pois se as não houvesse ficaríamos mais depressa desconsolados, seja lá o que isso possa significar. Sim, já que há vários tipos de desconsolos. Não sei se o facto de podermos ter ilusões seja na realidade um facto positivo, já que quando elas se não concretizam ficamos sem o apoio moral que nos sustentava. Por isso ter ilusões será um direito que podemos reclamar e usufruir, pelo menos por algum tempo e sem custos adicionais, a não ser o da desilusão a posteriori. A este respeito, parece que a grande maioria de nós, tem enorme esperança em que se descubra uma vacina rapidamente para combater este vírus mortal que nos está a deixar completamente desatinados. Claro que a nossa pressa é tanta que nos esquecemos que é preciso tempo para descobrir essa tal vacina e tempo para a testar. E não se pense que isto de faz em três penadas, como diz o povo. Não. As vacinas que se usam hoje e que são minimamente eficazes para outras mazelas deste género, levaram muito tempo a descobrir e a serem experimentadas até se ter a certeza de que eram válidas e não causavam sequelas maléficas. Há ainda clínicos de todo o mundo que desaconselham a vacinação de qualquer marca para este vírus, enquanto não passarem alguns anos de testes. A verdade é que as vacinas que já andam a ser faladas como se fossem a panaceia certa para combater o Covid19 e estão a ser aplicadas e das quais já se fabricaram milhões de unidades, não são aconselhadas pelos virologistas mais credenciados do mundo e eles lá saberão porquê. Perante estas notícias, será que algum de nós perdeu a esperança ou deixou de ter ilusões sobre a necessidade de ter uma vacina o mais rapidamente possível? Penso que não. E estou certo que ela chegará. Mas será já esta? Ou estas? Afinal quantas são? Qual delas será a que produz os efeitos desejados? Para onde é que elas são dirigidas no nosso corpo? Esse é a questão principal e que teremos o direito de saber. Onde é que a vacina vai agir? Qual o propósito? Diz um médico norte-americano conceituado, que as chamadas vacinas de mRNA de última geração intervêm diretamente no material genético do paciente e, portanto, alteram o material genético individual, que representa a manipulação genética, algo que já foi proibido e até agora considerado criminoso. Essa intervenção pode ser comparada à de alimentos geneticamente manipulados. Embora a comunicação social e os políticos atualmente banalizem o problema e até mesmo clamem estupidamente por um novo tipo de vacina para voltar à normalidade, essa vacinação é problemática em termos de saúde, moral e ética, e também em termos de danos genéticos que, ao contrário dos danos causados pelas vacinas anteriores, serão irreversíveis e irreparáveis. A verdade é que temos de ter a certeza de que ela funciona e sem máculas adicionais. Segundo o mesmo especialista, após uma vacina de mRNA sem precedentes, não poderemos mais tratar os sintomas da vacina de forma complementar. Teremos que conviver com as consequências, porque não podemos ser curados simplesmente removendo toxinas do corpo humano, assim como não se pode curar uma pessoa com um defeito genético como síndrome de Down, síndrome de Klinefelter, síndrome de Turner, paragem cardíaca genética, hemofilia, fibrose cística, síndrome de Rett, etc.), porque o defeito genético é para sempre! O que pensar? O melhor é mesmo não ter ilusões, pelo menos para já, pois a vacina que se apregoa pode não ser a que todos estamos à espera. A vontade é imensa, a esperança também, mas que não matem as ilusões antes que o vírus nos atinja e nos mate da mesma forma. A ser verdadeiro o que refere este médico americano, a aplicação desta vacina com estes objectivos e desta forma, é um crime contra a humanidade. Não tenhamos ilusões, mas um dia ela chegará. A esperança é a última a morrer.

Vendavais- A febre de Trump

A sapiência popular, digna de todo o respeito, diz que no melhor pano cai a nódoa e disso não restam dúvidas, mas também costuma dizer que quem muito fala pouco acerta. Não podemos duvidar desta sabedoria já que ela é demasiado certa e acutilante. Prova disso é o que aconteceu aos Presidentes do Brasil e dos EUA. Na verdade, tanto um como outro dos ditados populares, se aplicam aos dois estadistas. Falaram demais, minimizaram a situação do Covid 19 e acabaram por ser atingidos e remetidos a um confinamento indesejado. Pois é, Deus escreve certo por linhas tortas. Não é da minha índole desejar mal seja a quem for. Critico, bem ou mal, de acordo com o que penso e sinto, mas a verdade é que talvez o que aconteceu a Trump e à esposa, o levem a pensar duas vezes e a tomar mais a sério os efeitos da pandemia e os milhares de mortos de americanos que ele parece depreciar. Agora, contaminado, perdeu um pouco da arrogância com que se apresentava perante as câmaras de televisão, com o se fosse invencível e intocável por um inimigo que não consegue ver. Foi visto e atingido. Sorte a dele que tem ao seu dispor o melhor dos hospitais e os medicamentos necessários para combater o vírus, coisa que não tiveram os que já morreram e aqueles que ainda lutam por uma sobrevivência cujo futuro é demasiado incerto para estarem sossegados em qualquer hospital onde estejam. Os que o avisaram sobre a realidade que estava a acontecer e foram ignorados, podem agora atirar-lhe essa ignorância à cara. Certamente que não desejarão a sua má sorte, mas o aviso fica bem patente num momento em que se avizinham as eleições e que ele terá de enfrentar, mesmo sabendo que está atrasado na corrida. Debilitado, a corrida será mais penosa, mas ele terá mais armas ao seu serviço para poder superar algumas falhas na subida até à meta. Se vai ganhar ou não, isso é incerto, mas para os americanos, que se deixam levar por falinhas mansas, pode ser uma influência tremenda ao fazer dele uma vítima que se quer erguer das cinzas para depois se apresentar como vencedor. Sabemos bem que os americanos gostam destas coisas lamechas. Melhor atitude teve Biden ao enviar directamente os desejos de melhoras rápidas ao Presidente da América, mesmo depois de lhe dizer na cara, dias antes, que ele é o pior presidente que a América já teve na sua História. Politiquices. Dias difíceis os que se aproximam para Trump e para a primeira-dama. Com febre, tosse e um receio atroz sobre o que lhe pode acontecer e com uma campanha para fazer, vive certamente momentos terríveis e desejará ter feito mais alguma coisa para combater a pandemia e com toda a certeza se arrependerá de muitas coisas que disse indevidamente. Este não é o caso para dizer preso por ter cão e preso por não ter. É o contrário. Penso que quase todos somos da opinião que este presidente não é o mais indicado para os EUA. Já foi apelidado de louco, de arrogante, de atrevido e agora até de ter fugido ao fisco, o que é claramente motivo para ser expulso do lugar que ocupa. Na América, estas coisas são demasiado sérias para serem esquecidas ou se passar um pano por cima. Os americanos podem ter muitos defeitos, mas em casos semelhantes eles não perdoam. Lembremo-nos do caso Watergate, por exemplo, ou do aconteceu a Clinton, embora por motivos bem diferentes. Para Trump, o momento atual pode ser um ensinamento extraordinário. Pode ser que passe a enfrentar a vida, a sua e a dos outros, de uma forma diferente, com mais seriedade e menos arrogância e prepotência. Se a febre lhe passar e eu penso que passará, podemos esperar um resto de uma campanha mais política, mais séria, mais pessoal e menos mentirosa. Esperemos que a febre lhe passe, que é sinónimo de recuperação e não fique com sequelas que o impossibilitem de ser um homem melhor. A mulher desejará o mesmo certamente.

Vendavais- A saúde, o governo e o futebol

O que devemos prezar, mais do que outra coisa qualquer, é a saúde, mas nem sempre assim é. Em variadas ocasiões e momentos mais ou menos solenes, desejamos saúde, felicidade, alegria e claro muitos anos de vida para gozar tudo isso. Faz parte intrínseca da cultura do povo português que desde sempre aprendeu a viver com o pouco que sempre teve e só a saúde lhe permitia enfrentar as agruras da vida e, com ela, poder ter alguma felicidade, intervalada pela alegria de ver os filhos correr e crescer à sua volta. Hoje, tudo é diferente. Mas a diferença não reside somente no contexto familiar. É muito mais alargada e abrange a totalidade de todo um povo. E mais, abrange o próprio governo e até o que ao povo faz falta como o futebol, que lhe dá a tal alegria momentânea que se transforma, muitas vezes, na felicidade de um dever cumprido. Mas a saúde é muito mais do que isto. A saúde é o governo e os responsáveis que ocupam os lugares de destaque. Ter saúde no governo é ter a certeza de ocupar um lugar com responsabilidade e saber. Não é estar doente ou temer pela saúde com medo de apanhar o Covid19 ou uma constipação vulgar. É estar bem com a roupa que se tem. O que não aconteceu nos últimos dias. Marta Temido, ministra da saúde, temendo pela sua saúde, resolveu afastar a sua Secretária de Estado, Jamila Madeira sem lhe dar, ao que parece, qualquer satisfação. Claro que ela não gostou e fez questão de o dizer. Segundo ela saiu de consciência tranquila e com a satisfação do dever cumprido. Pelo menos, tanto quanto pôde. O PS tremeu. Tremeu, não por falta de saúde, mas com receio de adoecer. Por isso, correu a tomar uns comprimidos antes que Costa fosse contagiado, pois isto de andar de um lado para o outro e com o vírus à solta, tem que se lhe diga. António Sales ocupou o lugar, pela certa, como remédio eficaz para a falta de saúde. Mas será que Costa ficou fragilizado? O tempo o dirá. A verdade é que além da saúde da ministra, está em causa a saúde de Costa, embora por razões que não se prendem directamente com Marta Temido ou Janila Madeira. E não é uma questão de gripe prematura ou constipação sazonal. È mais do que isso. Como todos sabem, Costa estava na lista de honra de Luís Filipe Vieira na sua candidatura à presidência do Benfica. Ninguém gostou disso. Quase todos criticaram tal postura, até mesmo o Presidente Marcelo que, por sua vez, se recusou em iguais circunstâncias, a fazer parte de outra lista de honra em outra equipa de futebol. Sempre o futebol! Vieira está agora acusado e vai ser arguido no caso Lex, o que não abona nada na credibilidade dele, do Benfica ou de Costa e mesmo do Presidente da Câmara de Lisboa. Está tudo ligado. O que significa isto? Que estão todos com falta de saúde? Ou que estão todos bem demais? Também é verdade, que o Covid19 ainda não atingiu nenhum ministro ou secretário de Estado. Quererá isto dizer que eles possuem o antídoto para combater o Corona? Ou será que esta estirpe de vírus não quer nada com pessoas já por si doentes e apanhadas? Seja como for, o tribunal julgará o caso Vieira e o Benfica sofrerá, ou não, as consequências desses favores. Por outro lado, Marta Temido, terá ainda muito para mostrar pela sua atuação mito contestada e até por uma certa arrogância e desprendimento sobre a saúde e o combate a este vírus que se espalha cada vez mais pelo país inteiro. A segunda vaga está à porta. Pois, parece que não bastava este vírus abanar a saúde nacional, como agora o governo e o futebol serem atingidos por esta vaga de virose. Enfim!

O que o povo quer é festa

Quando era rapazote ouvia dizer frequentemente que o que o povo queria era Fátima, Futebol e Festa. Outros diziam Fado, Futebol e Fátima. De um modo ou de outro eram os três ou quatro F’s mais adorados dos portugueses. No fundo, todos eles indiciavam uma associação a festividade, fosse ela qual fosse. Muitos anos se passaram e políticas de igual modo foram implementadas, mas nada alterou o que ao povo diz respeito nesta plataforma de entendimento. Continuamos a gostar de Fado, de futebol e de ir a Fátima, pelo menos uma vez por ano. Faz parte do nosso íntimo, da nossa crença e da nossa maneira de estar na vida. E claro que gostamos das festas. Quem não gosta dos grandes arraiais de Verão que em todas as aldeias se costumam fazer? Hoje, infelizmente, é o único dia em que as aldeias se enchem de gente, passe o eufemismo, porque afinal de contas, o arraial resume-se ao bailarico no centro da aldeia onde um conjunto musical se esforça por juntar e animar os poucos que se dignam estar presentes. Já não se dança como antigamente, já não se anda ao “engate” das raparigas novas porque as não há e os mais velhos, cansados da vida, limitam-se a apreciar de longe, os elementos do conjunto e as dançarinas que, em palco, dançam e saltam de saia curta e braços no ar. Mas haja música porque ela é sinónimo de festa, de alegria e de convívio e isto faz esquecer as agruras do dia-a-dia. Na verdade, as festas sempre tiveram duas vertentes muito importantes: a que serve de razão para a sua realização e a que leva as pessoas a afluírem ao local onde se realiza. Digamos que uma delas será talvez religiosa porque tem um patrono em honra do qual se faz a festa e a outra será a necessidade social que embrulha o sentimento das pessoas e as leva a procurarem e a reverem amigos e a conhecerem outros que o podem vir a ser. Mas não nos enganemos, pois nada do que era antigamente voltará a repetir-se nos dias de hoje. Não há gente. As aldeias estão despovoadas e os novos procuraram outras paragens. O seu regresso só é efectivo nas festividades de Natal ou da Páscoa e, claro, no Verão. São dias escassos para colmatar a falta que se faz sentir nas terras do interior. No litoral as coisas são um pouco diferentes. Há mais gente e é natural que as festas sejam mais concorridas. Este ano, completamente atípico devido ao Covid 19, não se realizaram as festas e os festivais que eram habituais e marcavam os meses de verão. O governo e a DGS acharam por bem e com alguma razão, impedir a sua realização. Contudo, isto não impediu que alguns desvarios acontecessem e que se tivesse de tomar medidas mais ásperas. Mesmo assim, houve sempre quem pensasse que o vírus era para ser encarado de frente e sem temor. O que era preciso era festejar. Dançar, saltar e beber até fartar. As consequências começaram a notar-se e não estão a ser nada agradáveis. Os números aí estão para confirmar que as coisas se estão a complicar cada vez mais. Mas não se pense que é só em Portugal. Não, não é. A Europa está à beira do abismo. Os desmandos que verificamos nos países europeus, também se verificam por cá. O que se passou em duas ou três ocasiões, não abona em nada, a justeza do governo ou mesmo da Direção Geral de Saúde. Todos criticaram o que se passou no Parlamento e na comemoração do 10 de Junho, mas fez-se. Todos falaram e falam da realização da Festa do Avante e dos riscos que podia trazer, mas fez- -se. Menos gente, mais distanciada mas, quase quarenta mil pessoas a passear- -se pelo terreiro é muita gente, convenhamos. Se não fosse a ameaça do vírus e as restrições impostas, seriam certamente o dobro de pessoas, como é habitual, mesmo com o vírus à porta, porque o que é preciso é Festa para descontrair. É disto que o meu povo gosta! Só tenho esperança que este gostinho especial, não se transforme num amargo de boca atroz.

Vendavais- O vírus não é racista

Num tempo em que todos correm sem saber exatamente para onde, ainda parece haver quem tenha a certeza de alguma coisa. Possivelmente têm essa noção, mas não passa disso mesmo. Não sei se andam a fugir de alguma coisa ou de encontro a outras coisas, mas correm como loucos. Parece-me que vão de encontro a qualquer coisa, seja o que for, mas vão. O tempo de veraneio a que alguns têm direito neste agosto tão diversificado, já que chove no Norte e há Sol e calor no Sul, vai sendo marcado pelo mesmo tema que nos entra pela casa dentro há já quatro ou cinco meses e do qual estamos todos fartos. Falar do vírus e das suas vagas que atropelam os mais audazes e os menos prevenidos em todo o mundo, é recorrente. O mundo parou com a chegada deste Corona vírus. Nomes, tem e demais, mas todos dizem o mesmo. Morte. Todos esperávamos que aproveitasse este tempo de férias para ir para bem longe, mas tal não aconteceu e instalou-se com armas e bagagens em todos os recantos deste planeta. Resta saber se não veio de outro recanto do universo, enviado por alguma nuvem de poeira cósmica. A verdade é que chegou e ficou, obrigando todos a obedecer-lhe como se fosse o rei único e universal. E será. É rei de todos os povos e raças. Não é racista. É rei e a todos castiga sem dó nem piedade, especialmente os que não obedecem às suas regras, fazendo lembrar os de antigamente, os que tinham poder absoluto e o justificavam como sendo divino. Não, este não será divino, mas parece. Castigar, castiga. Ora, não sendo este rei, racista, que lei permite que alguns o sejam impunemente? Num tempo em que não nos preocupamos muito com assuntos paralelos ao vírus, há pessoas que resolvem divertir-se com o facto de estarem em confinamento e enviarem e-mails aos amigos a ameaçar os que calham, assustando-os ainda mais que o próprio vírus. Não está certo. Brincadeira tem hora! Podiam aprender com o rei universal que, parece não os amedrontar. E se fossem castigados pela vara da justiça vírica? É que muitos são castigados sem nada ter feito que justifique tal sanção. Pois, este ato racista, altamente condenável numa sociedade democrática, sendo antidemocrático, merece castigo. Mas como castigar quem não mostra a cara? Pode ser que acabando o confinamento a que estão sujeitos ou se sujeitam livremente, saiam à rua e mostrem, além do suposto nome, a face da injustiça que o rodeia. As raças não passam de designações que os europeus atribuíram aos povos que foram descobrindo ao longo dos séculos. Eram diferentes na coloração da pele, só isso e assim uns passaram a ser negros, ouros amarelos ou vermelhos e outros brancos. Pois, mas a origem de todas as raças está em África onde todos eram negros e a coloração da pele só mudou devido à menor incidência do Sol e à diferença climática dos diferentes locais ao longo de muitos milhares de anos, o que nos leva a ter uma mesma origem ancestral. Isto não nos torna diferentes nem permite que sejamos racistas. Nada o justifica e muito menos justifica certas atitudes completamente antidemocráticas. Em pleno século XXI e inseridos em sociedades democráticas que têm por trás anos de luta para se afirmarem com tal, não é admissível que subsistam radicalismos deste género em pequenos recantos de alguns países, especialmente aqueles onde o vírus ainda não entrou. O Verão está a dar os últimos suspiros, mas o receio deste vírus que não desaparece não quer ir de quarentena, mas vai-nos obrigando a fazê-la. Contra a nossa vontade, vem aí um tempo de aperto e de muito receio onde muitos serão apanhados por este rei universal, cujo desfecho será sempre imprevisível. Não sendo este rei de estirpe rácica, bem podia apanhar os que o são e ensiná-los a temer as leis que regem este mundo de todos nós.

Vendavais- Preocupação sem férias

Agosto é usualmente tempo de férias e descanso merecido para quem trabalhou durante o ano inteiro. Sempre se referenciou este mês como o mês em que todos vão de férias. Algarve ou estrangeiro, era o que se pensava escolher conforme a carteira de cada um. Destinos sonhados, ambições atingíveis, programas e projetos bem organizados, tudo numa amálgama de desejos a concluir num Agosto de um Verão próximo, pautado pelo calor e pelas ondas refrescantes de um mar aberto à concretização de todas as aspirações sem preocupações maiores. Mas o destino ou seja lá o que for, troca-nos as voltas quando menos se espera e prega-nos partidas tremendas que deitam por terra os projetos que esperavam conclusão. O destino, desta vez, mais uma, tem nome: Covid 19. As férias tão ambicionadas mudam de rumo, de tempo e de lugar. Os desejos são limitados a um confinamento espacial, bem diferente do pensado e rodeados de uma preocupação renovada. Os destinos paradisíacos, ficam demasiado longínquos da sua concretização e os desejos são muito diferentes dos inicialmente previstos. O vírus mudou a tradição e Agosto deixou de ser o mês das ansiadas féria de verão, numa praia do pacífico, do Mediterrâneo ou mesmo da costa algarvia. Para muitos, as férias passaram a ser uma preocupação constante e um receio atroz, uma fuga a um inimigo invisível, que pode estar ao virar da esquina. Mas não são só preocupações pessoais e sazonais as que pesam no dia-a-dia nacional. A falta de movimentação da população, leva a consequências económicas terríveis para o Turismo nacional. De fora, os turistas que habitualmente nos visitavam, deixaram de vir. Confinados a regras duras, para evitar o alastramento da epidemia, ficam nos seus países, mesmo contra a sua vontade e deixam os nossos hotéis e os cofres vazios e cheios de preocupações futuras. Os donos da hotelaria passam a ter férias forçadas por falta de clientes e os empregados passam a viver com a preocupação de um despedimento inesperado. Já me tinha referido anteriormente a uma possibilidade deste género vir a concretizar-se. Aí a temos. Quando nos outros países já se fala de uma possível segunda vaga perante um novo crescimento do número infetados e de óbitos, nós ainda estamos a conter a primeira vaga, muito embora haja locais assinalados com vários surtos epidemiológicos. Mas não descartemos a segunda vaga depois de Agosto. Setembro e Outubro podem trazer tempos difíceis a todos os níveis. De facto, as aulas iniciam- -se em setembro. Os alunos voltam às escolas para fazer exames e depois iniciar o ano letivo, de contornos ainda por definir. São imensas as preocupações, quer dos professores, quer dos alunos, quer das comunidades escolares. São milhares de alunos e professores a cruzarem-se em todos o lado, pelos corredores das escolas, nas salas de aula e nos recreios. Olham todos de soslaio, com receio, com desconfiança, mas com vontade de estarem perto quando se devem manter afastados. Depois de Agosto, tudo vai ser diferente. Nada disto nos surpreende. As férias serão sempre férias, mesmo que seja somente um tempo de descanso à beira do rio que passa ao lado da OPINIÃO aldeia, onde as águas frescas sempre refrescam os ânimos ressequidos de uma frustração imposta por um vírus que não veio de férias, mas que parece querer ficar mais tempo do que o mês de Agosto. Mas as férias não terão o mesmo significado para a grande maioria das pessoas. Outras vieram mesmo assim, de França ou da Alemanha, matar as saudades imensas de meses de separação. Arriscaram para usufruir do mês de férias junto dos seus. Atravessaram a Europa e nós cá, esperamos que não tragam na bagagem o que não se consegue ver a olho nu. As preocupações, mesmo em férias, não acabam. Elas não têm direito ao descanso que nós gostaríamos de ter. Como não chagava o vírus para nos preocupar, vieram as preocupações para acabar com as parcas férias que esperávamos ter. Já nada é como era! Nem será.

Vendavais- 50 anos mais tarde

Naquele dia, levantei-me cedo e estava nervoso porque na quarta-feira da semana anterior, durante a instrução da Mocidade Portuguesa no colégio que eu frequentava, nos tinham dito que teríamos de estar bem preparados para fazer formação e prestar homenagem ao Presidente do Conselho de Ministros que se deslocava à sua terra, como tantas vezes fazia. Nunca o tinha visto, mas sabia que era uma pessoa da terra e que era estimado pela maior parte delas. Como o respeito é muito bonito, também eu aprendi a respeitar os outros e com os meus 12 anos de idade não tinha outras preocupações além dos estudos, onde me exigiam que tirasse as melhores notas. Assim, nesse dia, vesti a farda da Mocidade Portuguesa e com a vaidade natural de uma criança dessa idade e do motivo que a tal ação levava, aperaltei-me e lá me levaram até Santa Comba Dão, onde o senhor Presidente do Conselho iria passar revista e à Juventude da Mocidade Portuguesa, eu incluído. À hora esperada, apareceu o senhor Presidente e, em passo lento, foi passando à frente dos que por ali estavam perfilados. Quando chegou em frente a mim, parou, estendeu a mão e proferiu secamente “Como estás meu jovem? Parabéns”. Não consegui pronunciar uma única palavra, tal era o nervosismo. Em casa, disse à minha mãe e aos meus avós o que tinha acontecido e lembro-me a minha avó dizer “olha que ele ainda é da nossa família”. Mais tarde, depois de algumas investigações, cheguei à conclusão que era primo afastado da minha avó. Anos mais tarde, já a acabar o Liceu, com outras ideias e outras leituras a ocuparem o espaço intelectual, fui-me apercebendo de duas coisas: não queria regimes comunistas nem regimes de estrema-direita. Era contra as ditaduras, claramente. Contudo, tinha lido já livros de Dostoievsky, de Maximo Gorky, de Léon Tolstoy, entre outros. Os meus colegas criticavam as minhas leituras, mas também não referenciavam as deles. Nessa altura lia-se mais do que agora. Não havia vários canais de televisão, nem novelas nem Big Brother. Enfim, outros tempos. Quando chegou o dia do baile de finalistas, tínhamos convidado um conjunto conhecido de Coimbra e o Zeca Afonso. Este logo disse “vejam primeiro se eu posso ir aí cantar”. Não achei isso estranho, mas nunca pensei que fosse tão perigoso para ele ir cantar umas “cantigas” a um baile de finalistas. Foi proibido. Ficámos sem Zeca Afonso. Fiquei furioso, até porque eu pertencia à comissão organizadora e achei que tinha falhado nesse objetivo. Falhei, ou talvez não. Estávamos em 1972 e a criança de 12 anos já estava prestes a ir para a Universidade. As responsabilidades já eram outras e o Presidente do Conselho que me tinha cumprimentado, já tinha falecido. Em 27 de Julho de 1970. A minha mãe não me deixou sair de casa, mas na varanda ouvi os disparos de artilharia que foram dados no cemitérios de Vimieiro, na altura em que foi sepultado em campa rasa. Hoje, passados cinquenta anos, a imagem do governante autoritário e ditador de Santa Comba Dão, ainda mexe e é referenciada frequentemente, pelas boas e pelas más obras que fez. Como todos os governantes, governou como sabia e como quis e com as ideias que tinha. O projeto de fazer na sua humilde casa um Museu do estado Novo, não está a ser digerida de igual forma pela sociedade portuguesa, a mesma que o elegeu há três ou quatro anos atrás, a figura número um do século vinte em Portugal. Detesto hipocrisias, como detesto “fazer o jeito” aos que querem que se pense como eles. Não estaria certo. Cada um que pense com a sua cabeça e que não tenha receio de se afirmar como tal e por esse meio. Aprendi a criticar Salazar e o seu governo como aprendi a criticar o governo de outros ditadores, uns que passaram e outros que ainda sobrevivem num mundo que diz moderno e progressista. E são ainda muitos. Afinal, cinquenta anos depois da morte do ditador de Santa Comba Dão, como estamos? O que foi feito? Pois, à parte a democracia que se conquistou e foi muito, temos três bancarrotas pelo meio, várias crises e agora mais uma graças ao vírus fatal do desassossego. E o ouro foi-se embora!

Vendavais: Os vândalos racistas

Há alguns séculos atrás, mais concretamente no século V, a Norte da Europa foi invadida por vários povos bárbaros que destruíram o grandioso Império Romano do Ocidente. Várias investidas dos diferentes povos germânicos, acabaram com um domínio de muitos séculos, quer na Europa, quer mesmo no norte de África, circundando o Mediterrâneo, a que os romanos chamavam Mare Nostrum. Entre os vários povos bárbaros, vinham Vândalos, Suevos, Visigodos, Saxões, Francos e tantos outros que não vale a pena referir. Por cá se estabeleceram, criaram raízes e ficaram a governar criando reinos que se transformaram em países e em nações prósperas, mas diferenciadas, quer na civilização, quer na cultura intrínseca de cada um. Talvez por um acaso qualquer ou porque não conseguiram resistir ao avanço de quem vinha atrás ou determinação do destino, os Vândalos tiveram de atravessar o Mediterrâneo e refugiar-se no Norte de África, abandonando a Península onde pensavam permanecer. Nada mais havia a não ser o Atlântico desconhecido e o Mediterrâneo insondável. Por cá não ficaram. Mas deixaram um rasto de destruição tão grande que ainda hoje nos referimos a quem tem igual comportament, como autênticos Vândalos. No caminho da afirmação das nações, cada uma agiu a seu modo, teve os líderes que de alguma forma surgiram e se afirmaram, teve os governos que escolheu, ou não, mas mantiveram as suas identidades culturais, a sua força, o seu querer e idolatraram mesmo alguns dos seus heróis, eternizando-os em estátuas artísticas e significativas, que um qualquer artista sublimou. Nesse percurso, cada nação soube adaptar-se às vicissitudes que enfrentou, soube conviver com os seus vizinhos, a bem ou esgrimindo razões e direitos, tentou ser melhor, e conseguiram moldar a sua identidade e a própria mentalidade. No fundo, criaram as páginas da História Universal que nada nem ninguém conseguem apagar. Todos eram iguais? Não. Todos eram diferentes? Claro que sim. Raças, credos, mentalidades, civilizações, tudo era diferente e será sempre diferente. Ninguém pode alterar isso. E não é força de um determinismo etéreo. É a realidade. O modo como encarar as diferenças é que pode ser desigual e é. A História tem imensas páginas, mas a História é só uma. Ao longo dessas páginas estão pessoas boas e pessoas más, pessoas compreensivas e menos compreensivas, pessoas rudes e menos rudes, tiranos e ditadores, exterminadores, assassinos e alguns Nobel da paz. Lado a lado nas páginas da História, não se tocam, não se ofendem, não se destroem. Tiveram o seu tempo, ocuparam o seu espaço, com a anuência de uns e a oposição de outros, mas agiram de acordo com a consciência de quem tem de fazer algo para resolver situações que se lhes depararam. Uns receberam aplausos, outros apupos, outros fugiram para não serem punidos pelos raivosos. Hoje, em quase todos os locais, cidades e vilas, países deste planeta, existem monumentos, estátuas de pessoas relevantes que, de uma qualquer forma mereceram distinção, ainda que alguns vindouros, achem que houve desmerecimento. Estão no seu direito. A discordância é uma valência do discurso. Mas não confundamos discurso e discordância com destruição de ícones, ainda que relativizados. Como simples historiador e professor, não posso admitir que se destrua os representantes da História, como sei que não é possível destruir a História. Ela é indestrutível e os seus homens, bons ou maus, ícones ou simplesmente meros representantes de um ato isolado, igualmente são indestrutíveis e rasgados das páginas a que pertencem. Não sou racista, não sou xenófobo, não sou assassino e muito menos terrorista, mas sou contra os que são destruidores de um património histórico, usando os mesmos métodos que os Vândalos que destruíram tudo à sua passagem, na tentativa de dominar um território que não era deles. A destruição não apaga a memória nem a História. E não pode ser em nome de um epíteto racista, que se pode ter semelhante atitude. O Padre António Vieira usou a palavra para pregar, para convencer, para evangelizar e agora criticam a sua atitude apelidando-o de racista. Um ícone da língua portuguesa? Um nome alto e digno da Cultura nacional? Ele como tantos outros pelo mundo fora, viveram o seu tempo. Alguém apagou Estaline da História? Apagaram Hitler? Apagaram Lenine? Apagaram Nero? Não. Uns bem, outros muito mal, mas não será por isso que serão apagados da memória dos povos e das páginas da História Universal. Simplesmente porque existiram e agiram.