PUB.

CA Macedo de Cavaleiros e FC Vinhais partem com dois golos de vantagem para a segunda mão da Taça Distrital

Ter, 05/11/2024 - 13:57


Disputou-se, no domingo, a primeira mão da primeira eliminatória da Taça Distrital da Associação de Futebol de Bragança.

O Clube Atlético de Macedo de Cavaleiros recebeu e venceu, por 2-0, o Minas de Argozelo. Os golos da partida foram marcados por Mantorras e Bruno Souza.

Cogumelos da região geram milhares de euros mas vai tudo para Espanha

ESTA NOTÍCIA É EXCLUSIVA PARA ASSINANTES

 

Se já é Assinante, faça o seu Login

INFORMAÇÃO EXCLUSIVA, SEMPRE ACESSÍVEL

Ter, 05/11/2024 - 09:50


A chuva faz nascer uma das riquezas da região, o cogumelo, que atrai muitos “predadores”. Muitas vezes são apanhados na floresta, mas há mesmo quem os produza e faça disso um negócio.

Misericórdias aumentam mensalidade de Novembro devido a utentes receberem bónus dos pensionistas

ESTA NOTÍCIA É EXCLUSIVA PARA ASSINANTES

 

Se já é Assinante, faça o seu Login

INFORMAÇÃO EXCLUSIVA, SEMPRE ACESSÍVEL

Ter, 05/11/2024 - 09:47


As misericórdias aumentaram a mensalidade cobrada aos idosos, este mês, uma vez que os utentes receberão um suplemento extraordinário de pensões em Outubro.

Os Fiadeiros dos Santos em Argozelo

“O nobre Judas mandou fazer uma coleta, recolhendo cerca de dez mil dracmas, que enviou a Jerusalém para que se oferecesse um sacrifício pelos pecados, obra digna e santa, inspirada na crença na ressurreição, porque, se não esperasse que os mortos ressuscitariam, teria sido vão e supérfluo rezar por eles” (II Macabeus,12, 43-44).

Será, pois, esta uma das passagens das Sagradas Escrituras na qual se fundamentava o povo judeu de Argozelo, num passado mais ou menos longínquo, para a celebração dos chamados “fiadeiros”, em honra dos seus mortos. Na verdade, é uma tradição que, apesar das influências celtas e cristãs, ainda hoje se cumpre, como preceito religioso, no primeiro dia de novembro.

A data específica para a entrada no ano novo celta – o Shamhain – foi estabelecida a quarenta dias após a passagem do equinócio de setembro. Foi uma iniciativa dos druidas, os líderes encarregados das funções jurídicas e filosóficas, do aconselhamento, do ensino dentro da comunidade. Os rituais justificavam-se pela crença na continuação da existência depois da morte. As reuniões realizavam-se nos lares, em ajuntamentos familiares, e não nos cemitérios, no primeiro dia de novembro, para homenagear e evocar os mortos, tornando viva a sua presença neste dia festivo.

As celebrações que restam hoje em dia apenas mostram a sua faceta cristã; porém, a celta e a judaica, estando ocultas, não deixam de continuar bem presentes.  Desde logo, a data determinada pela Igreja para a celebração dos Santos, já antes estava assinalada no calendário das anteriores culturas e dos respetivos povos: o Shamhain celta e o Rosh Hashaná, o Ano Novo Judaico e Dia do Julgamento, transferido do mês de setembro para o primeiro de novembro pelos sefarditas para fazê-lo coincidir com o calendário cristão. O fiadeiro acaba por ser o convívio dos moradores de um bairro, à volta de uma grande fogueira em cujo braseiro se assam carnes e castanhas partilhadas entre todos.

São em número aproximado de quinze as fogueiras que correspondem a outros tantos bairros e convívios, mais ou menos participados, consoante o número variável de moradores (e, eventualmente, também convidados). Aliás, o termo “fiadeiro” usado para este convívio também se aplica, genericamente, às fogueiras que, segundo a Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira, “se acendem num terreiro e à volta das quais se reúnem as mulheres, nas noites de setembro a novembro, para fiar e cantar e rezar”. Podem-se acrescentar outras finalidades, como conversar, contar histórias, falar das vidas alheias…

Porém, os fiadeiros dos Santos em Argozelo revestem-se de performances muito próprias. Citando uma grande entusiasta desta tradição de Argozelo, Patrícia Cheio, ao escurecer desse dia, os moradores dos bairros começam a organizar o ritual; acendem-se as fogueiras e põem-se as mesas e preparam-se as carnes, “ao gosto das pessoas de cada bairro”. Hoje em dia, a própria Junta de Freguesia se empenha na manutenção dos fiadeiros, contribuindo com a oferta de uma quantidade de castanhas suficiente para assar e satisfazer as necessidades de cada bairro.

A homenagem aos mortos materializa-se em dois rituais. Um deles é o toque dos sinos, durante todo o dia e de forma livre e espontânea: “quem quiser sobe à torre da igreja que está sempre aberta, dobrar os sinos, em honra dos seus entes queridos que já lá estão”.

Carregado de uma simbologia mais profunda são as pancadas fortes dadas nos troncos incandescentes da fogueira por certos entusiastas e executantes da tradição. Para o efeito, usam as chamadas “mocas” – paus compridos, sendo que uma extremidade é uma grossa raiz, com que batem nas brasas. O ato faz atear as chamas que lançam falmegas que se levantam no ar. No entendimento do povo, são as almas dos mortos que ali se apresentam perante o povo e que sobem ao céu. Nesta altura, o “celebrante” do ritual da moca proclama: “Alminhas para o céu!”. Vai então desfiando os nomes dos familiares e amigos “que já lá estão”. Cada batida, seu nome: “É para o tio Cheio, pelo tio Armando…”.

Elisa Brás, outra grande animadora dos rituais, explica: “antigamente, juntava-se a mocidade para correr a vila com as mocas. Passavam por todas as fogueiras dos bairros. Eu mesma sempre me juntava ao grupo e rezávamos pelos mortos, por todos quantos lá estavam. Agora, como eu quero guardar a tradição, continuo a fazer o mesmo, sozinha. Sou a única mulher que cumpre esta tradição: correr o povo, todos os bairros e as fogueiras todas”.

Efetivamente, em cada fogueira, Elisa Brás aplica várias pancadas em homenagem aos moradores falecidos daquele quarteirão: “alminhas para o céu! Dai-lhe, Senhor, o eterno descanso, a todos quantos lá estão, em nome do Pai…”.

Em Argozelo, assim se homenageiam os mortos que descem ao lugar de onde partiram e, pela força das chamas, ateadas pelas pancadas das mocas, sobem ao céu. De novo, ciclicamente, em cada primeiro de novembro.

António Pinelo Tiza

O ORIGINAL E A CÓPIA

O mundo da política é, no mínimo, um mundo estranho. Nos últimos anos os vários partidos políticos tradicionais e com assento parlamentar tentaram, sem grande sucesso, diga-se, em abono da verdade, estabelecer um cordão sanitário à volta de um neófito emergente que, à boleia de novas/velhas correntes quis fazer germinar no nosso país um ideário de extrema direita. O empenho e a valoração da distância a tal ideologia foi tal que marcou e balizou muitas das opções políticas e até, ao que se julgou saber, determinou uma reviravolta em vésperas de eleições proporcionando uma maioria absoluta a quem melhor soube gerir o afastamento e a rejeição de tal ideário. Mas se favoreceu quem soube afastar-se e penalizar quem não conseguiu isolar-se de forma eficiente, não penalizou quem adotou e abriu as velas aos ventos que começaram a soprar do exterior. Pelo contrário, a ideologia que, julgada esmagada e enterrada no século passado, destruída pelo desfecho progressista da Segunda Guerra Mundial, ressurgiu, ganhou fôlego e impôs-se de tal forma que nem o “não é não”, limitando estragos, impediu o crescimento extraordinário da extrema direita, nem o incómodo da convivência forçada no parlamento evitou alguma normalização não só de ideias abstrusas, mas igualmente de comportamentos absolutamente estranhos e condenáveis, mesmo em ambiente de confronto ideológico nunca vistos, antes, nem sequer nos anos da brasa do PREC. Mas, o mais estranho de tudo isto, foi o que começou a acontecer, desde há algum tempo para cá. Em vez de tais atitudes, propostas e modus operandi desencadearem a sua rejeição, o combate democrático e o aprofun damento das teorias democráticas e humanizadas… ao mesmo tempo que as forças radicais “desenvolvem” as suas opções, radicalizam as suas propostas e até deixam de se coibir de exibirem e verbalizarem propostas absolutamente desprezíveis e condenáveis por todos e qualquer democrata, de qualquer quadrante… começou a surgir, aqui e ali, inicialmente ainda com alguma timidez mas, pouco a pouco mais claras quem, vindo e inserido em partidos democráticos, comece a adotar bandeiras do outro lado da barricada. Estranha e espantosamente, não foi só a influência do CDS nas questões supostamente polémicas das aulas de cidadania, o próprio e ambicioso Presidente da Câmara de Lisboa começou a ensaiar um discurso xenófobo e perigoso sobre os “riscos e perigos” da imigração para, recentemente, um outro autarca, militante e dirigente do partido socialista, não só acarinhou uma proposta trazida a reunião camarária pela direita do executivo municipal como, querendo apoderar-se dela e roubar-lha, aprovou-a e, não contente com isso, adotou-a, potenciou-a e proclamou-a, como sendo sua, adjetivando a inominável intenção de proceder a despejos, injustos, ilegais e desumanos “sem dó nem piedade”! O que se estará a passar na cabeça desta gente? Pensarão, por acaso que é adotando as ideias mais reacionárias e descabeladas que sustentam determinada força política, por mais difundidas que sejam e, até, com alguma aceitação, mesmo que crescente, que vão recuperar o eleitorado que, nos últimos anos lhe anda a fugir? Bem pelo contrário. Quem perfilha tal ideologia, podendo apoiá-la nos que lha trouxeram em primeira mão, dificilmente a irão buscar aos que mais não sabem fazer que copiá-la. E, ao mesmo tempo, não recuperando apoiantes desavindos afastam todos quantos poderiam servir de base para uma verdadeira batalha ideológica que os próximos tempos exigem e que, queiram ou não, é necessário travar. A menos que queiram imi- tar quem, começando por “meras” ambições locais acabou projetando-se ao nível nacional, renegando o partido que lhe deu apoio… mas, nesse caso, também a cópia dificilmente suplantará o original.

Trás-os-Montes, pátria dos transmontanos

É já no próximo Setembro que os portugueses, nos quais, até ver, se incluem os transmontanos, serão chamados a votar, pela décima quarta vez, em mais umas eleições autárquicas. Em causa estará a eleição de 308 presidentes de câmaras municipais, os respectivos vereadores e assembleias municipais, bem como 3 091 assembleias de freguesia, das quais, de acordo com a lei, sairão os executivos das juntas de freguesia. A sub-região das Terras de Trás-os-Montes em particular, na qual centramos a presente análise, também poderíamos fazê-lo na sub-região do Alto Tâmega e Barroso, com resultados similares, comporta 9 municípios e 175 freguesias, animadas por uma população de 107.293, de acordo com os censos de 2021. Ou seja, apenas 2,9 % dos presidentes de câmara e 5,6 % das freguesias pertencem à transmontana sub-região das Terras de Trás-os-Montes e, o que mais desolador ainda é, apenas 1% da população nacional aqui toma assento. Todavia, espaço e requisitos naturais não faltam a Trás-os-Montes que potencialmente poderá ser mesmo considerado um verdadeiro céu, tomando em conta os melhores padrões de bem viver. As almas, incluindo os anjinhos autarcas e deputados, é que são poucas e resignadas, enquanto os diabos da política central, são maus e demais. Diabos que moldaram a seu favor o Regime político vigente que persistem em não reformar porque, entre outras maldades, a lei eleitoral, a lei autárquica, o ordenamento administrativo do território e a hegemonia partidária, muito os favorece a eles e às viciosas organizações partidárias que representam, em detrimento sistemático das terras do interior. Só assim se compreende o desprezo a que as Terras de Trás-os-Montes e as suas gen- tes têm sido votadas, causa primeira do êxodo transmontano, com reflexo no dramático ermamento do território, ainda que não na sua desertificação, porque a natureza transmontana, felizmente, continua pujante. Desprezo que se evidencia na ausência de projectos e investimentos com a dimensão adequada, devidamente coordenados e interligados e que efectivamente valorizem os recursos naturais da região, com respeito absoluto pela natureza, cultura e tradições. Vem a propósito lembrar o abortado Plano de Mobilidade do Tua que, dizem, terá a intenção de trazer turistas à região, mas que continua à espera e dependente, ninguém sabe de quem ou de quê, muito menos os responsáveis locais que, se o sabem, não o dizem. Insucesso clamoroso que desprestigia, sobretudo, os autarcas directamente envolvidos. Esperemos que os pro- jectos de que agora se fala não tenham a mesma sorte e que os transmontanos não continuem a ver comboios passar e rios a correr para os cofres da EDP, negócio que, esse sim, vá-se lá saber porquê, não teve entraves, nem atrasos. Tenha-se em conta, em qualquer caso, que o desenvolvimento das Terras de Trás-os-Montes em nenhuma circunstância deve equacionar, sequer, uma réplica do modelo que sucessivos governos implementaram ou permitiram que fosse selvaticamente materializado na Área Metropolitana de Lisboa, onde no espaço de 3 001 km2 coabitam 2 870 208 pessoas, a que corresponde uma densidade populacional é 956,4 habitantes por km², que é 50 vezes maior que a verificada na sub-região transmontana em apreço. Perigo que, embora ainda latente, já dá sinais preocupantes nalgumas cidades transmontanas. Com a agravante de que au- tarcas e deputados regionais sistematicamente se alheiam da sua missão essencial, que é a defesa das terras e das gentes que teoricamente representam e se curvam, servilmente, aos ditames dos partidos que os arregimentam. Tenha-se na devida conta que o fracasso da Área Metropolitana de Lisboa, assenta principalmente nos bairros periféricos para onde foram sendo despejadas milhares de pessoas sem que tenham sido acauteladas condições de vida dignas e seguras, daí resultando os conflitos sociais, culturais e a criminalidade a que agora se assiste. Fenómeno social que pode repercutir-se, à devida escala, em qualquer grande cidade transmontana e quando me- nos se espera. De salientar que tão pernicioso processo se desenvolveu quando apenas dois partidos, ironicamente um diz-se socialista e outro social democrata, alternadamente dominavam a vida política central e autárquica, como continuam. Desejável será, portanto, que forças políticas, sociais ou cívicas, independentes, ganhem expressão regional, afrontem os esgotados partidos do poder e imprimam maior dinâmica ao processo autárquico democrático. Importa ganhar consciência de que Trás-os-Montes é a pátria dos transmontanos pelo que, sem regionalismos exacerbados ou quaisquer laivos de chauvinismo ou xenofobia, é a todos os títulos desejável que a identidade transmontana se afirme em todas as suas nobres facetas. Com isso ganhará Portugal, Trás-os-Montes e a Democracia.