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EXERCÍCIO FISICO E PELE

Não é segredo que a atividade física proporciona inúmeros benefícios. A prática regular de exercício físico tem um grande impacto na qualidade de vida e está comprovado que toda a atividade física, indepen- dentemente da duração, tem impacto positivo na saúde - o importante é mexer-se sempre que possível, mesmo que pareça pouco, alguma atividade é melhor que nenhuma atividade! E quais são os benefícios? Melhoria da qualidade do sono, aumento da energia e melhoria do humor, melhor adesão à prática de uma alimentação saudável, auxílio na perda de peso, redução do stress e ansiedade, melhoria das funções cognitivas (concentração, memória), da função respiratória, do funcionamento intestinal, fortalecimento dos ossos, articulações e músculos e (para surpresa de muitos) diminui o risco de demência, depressão, doenças cardiovasculares (AVC, enfarte), diabetes, hipertensão arterial, dislipidemia e alguns cancros. Para além de tudo isto, um grande bónus: proporciona uma melhoria da qualidade da pele. E como é que isto acontece? O exercício físico produz antioxidantes que combatem os radicais livres, que são prejudiciais para a saúde da pele. Aumenta também o fluxo sanguíneo e, consequentemente, o aporte de nutrientes e oxigénio para todos os tecidos, inclusive a pele, deixando-a mais hidratada, macia e melhorando a sua textura. A prática de musculação, por exemplo, é capaz de incentivar a produção de hormonas que possuem uma ação antienvelhecimento. O suor produzido durante o exercício ajuda a eliminar toxinas do corpo, incluindo aquelas que afetam negativamente a sua pele. O exercício físico diminui também o nível de cortisol (a hormona do stress que lhe falei na semana passada), que está relacionado com o aumento de oleosidade e diminuição da produção natural de ácido hialurónico na pele. Assim, melhora a elasticidade, ajuda no controlo de oleosidade e acne. Ocorre também libertação de endorfinas, conhecidas como hormonas do bem-estar, que ajudam a reduzir o stress e ansiedade prejudiciais à sua pele. A prática de atividade física reflete-se na qualidade do sono e, sendo nesse período que as células da pele regeneram, consequentemente melhora a aparência da pele. Aliado a todos estes benefícios, o exercício estimula ainda a produção de colagénio, uma proteína essencial para a elasticidade e firmeza da pele. Agora percebe a importância da atividade física para a saúde da sua pele. Não existe uma atividade específica que ajude mais, ou menos. Todas as atividades são válidas e é ainda melhor se houver uma combinação de várias modalidades. Existem diferentes tipos de atividade física: aeróbica, resistência, equilíbrio e flexibilidade. Tente encontrar uma ativi- dade que combine mais consigo e com o seu estilo de vida. Se é daqueles que tem por hábito desculpar-se com a falta de tempo... tenho a solução para si! As caminhadas (um tipo de atividade aeróbica) são um exemplo que facilmente podemos incluir na nossa rotina diária e, por isso, vou explicar-lhe o tempo e frequência recomendados para este tipo de atividade. Então: considerando indivíduos saudáveis, recomenda-se a prática de exercício físico aeróbico (caminhada, corrida, dança, natação, etc.) com uma frequência de 5 vezes por semana, durante 30 a 60 minutos e com intensidade moderada OU então 3 vezes por semana durante 20 minutos com uma intensidade elevada. E como avaliar a intensidade do exercício? Na intensidade moderada é capaz de falar, mas não de cantar, enquanto que na intensidade elevada é incapaz de falar. Como adaptar os cuidados de rosto ao exercício físico? Caso o realize de manhã, deve colocar protetor solar previamente, especialmente se a atividade for realizada ao ar livre. Se o praticar ao final do dia, deve desmaquilhar-se antes, se for o caso. Cuide do seu corpo e da sua mente! Todo o estímulo é positivo!

Marta Fernandes (Médica especializada em medicina estética)

Lares de Idosos…que modelo para futuro?

Com uma população cada vez mais envelhecida, criar uma al- ternativa ao “Lar Tradicional” viabilizando novas respostas e formas de cuidar os nossos idosos, é um dos maiores desafios da sociedade atual. Embora o Estado tenha vindo a assumir, ao longo da história, um papel paulatinamente mais proativo na criação, desenvolvimento e qualificação de novos serviços e respostas sociais nesta área, existe, ainda, um longo caminho a percorrer, na busca de novas formas de intervenção que respondam à mutação constante das necessidades individuais, familiares e da comunidade. Como ponto de partida para uma reflexão conjunta, a questão que se coloca, não obstante o meritório trabalho que é desenvolvido nestas estruturas, remete para a condição sobre o atual modelo de “Lar de Idosos”. Vejamos, estará ele preparado para responder à crescente complexidade demográfica que vivemos em Portugal?! A minha posição é um redondo NÃO, que se justifica em 4 vetores, que considero como nevrálgicos. Numa primeira circunstância, a Abordagem e Enquadramento Orgânico-Legal - os Lares continuam a estar sobre a alçada do Ministério da Solidariedade, Emprego e Segurança Social e não sobre o Ministério da Saúde, remetendo a intervenção do idoso para uma dimensão mais social e assistencialista, ainda muito alicerçada numa postura caritativa. É certo que os Lares acolhem, nas suas estruturas, pessoas idosas e, grosso modo, com uma panóplia de doenças crónicas incapacitantes, em fases agudas/graves, com necessidades de cuidados de saúde permanentes o que implicaria uma afetação mais profissionalizada e em maior número. Um outro ponto remete para o Modelo de Financiamento do Setor Social - nesta área, a abordagem e enquadramento versam sobre um modelo de negócio tipo “franchising”, irrealista e insustentável, onde o Estado assegura um pagamento médio diário, por utente, na ordem dos 17 euros (apenas nas vagas comparticipadas), valor esse que, associado às baixas pensões, se configura como insuficiente para dar uma resposta diferenciada e adequada à complexa heterogeneidade do envelhecimento. O Setor Social reafirma-se, assim, o “parente pobre” do Estado!... Os Baixos Salários e a Baixa Qualificação dos Recursos Humanos são um terceiro vetor - segundo alguns dados, cerca de 70% dos trabalhadores do Setor Social “levam para casa” o salário mínimo. Sem retribuições dignas, é difícil atrair e/ou manter pessoas qualificadas, com formação e perfil adequados, o que, indubitavelmente, condiciona a qualidade dos serviços que, diariamente, são prestados. Importa, para isso, e acima de tudo, reforçar a montante os apoios financeiros que são canalizados para estas Instituições. Já diz o ditado “não se fazem omeletes sem ovos”!... Por fim, impera reestruturar um novo Modelo de Intervenção - tal como acontece no SNS, em que há diferentes departamentos divididos por especialização, porque não, criar um modelo conceptual operativo similar, através da criação de Unidades de Intervenção diferenciadas, tendo em conta o seu grau de autonomia, estado físico e mental? Posto isto, do ponto de vista da intervenção biop- sicossocial e terapêutica, admitir idosos com diferentes tipos e graus de patologias e necessidades, numa mesma estrutura, é contraproducente e contranatura. Em suma, emerge a neces- sidade de os atores políticos repensarem o atual modelo de “Lar”, acima da lógica do assistencialismo ou cuidado generalizante. Mais importante que visões romancistas, ou alterar nomenclaturas (Lar de Ido- sos vs ERPI), impõe-se uma estratégia séria para o envelhecimento com dependência, alicerçada numa mudança estrutural e de paradigma, capaz de materializar a desejável evolução qualitativa dos serviços, em cuidados cada vez mais especializados e personalizados, tornado a experiência de viver num “Lar”, numa experiência mais humanizada, positiva e adequada às necessidades de cada um.

Bruno Santos

Os interesses da guerra

S eja qual for a guerra e onde quer que exista e marque um ponto negro na História da humanidade, tem por trás dela inte- resses económicos incomensuráveis. Se os cobardes que fomentam a guerra participassem nela e andasse na frente da batalha, não existiriam guerras com toda a certeza. Viveríamos todos em paz. Infelizmente, os cobardes continuam a esconder-se por detrás dos que lhes servem de escudo e que nada mais podem fazer do que servir e morrer. A verdade é que é necessário alimentar toda uma indústria de guerra, em todos os países, na eventualidade da existência de uma guerra, seja de que forma for e de que proporções ela tiver. O que hoje verificamos é que em dezenas de países existe guerra e que a sua eliminação não é fácil. E porquê? Porque enquanto uns trabalham para que se consiga a paz, outros esforçam-se para que ela continue, pois favorece a sua economia de guerra. Quando Hitler subiu ao poder na Alemanha, uma das primeiras coisas que ele fez foi ativar uma economia de guerra mesmo antes da guer- ra ter começado. Ele “adivinhava” que não tardaria e foi ele que lhe deu origem. Já estava preparado. Hoje esse tipo de indústria está sempre em movimento. Penso que só Portugal se desligou quase na totalidade dessa minúscula economia que mantivemos na fábrica do Braço de Prata. Como não tínhamos guerra no ultramar, partiu-se do princípio de que não necessitaríamos de grandes armas. Mas as coisas mudam e até Portugal terá de se armar porque pertence à Nato e tem de participar em ações mi- litares conjuntas e para isso tem necessariamente de ter armas e homens especializa- dos. É um dever e uma obri- gação. Não precisamos de ter guerra, mas ela existe noutros lugares. Mesmo sem querer, somos arrastados para ela. Durante dezenas de anos, a Europa conseguiu afastar o fantasma da guerra e todos os países do continente europeu não equacionaram a possibilidade de voltar a existir outra guerra. Mas o que se espera nem sempre acontece e deparámo-nos com uma nova guerra que veio arrastar quase todos os países para esse conflito. Sem culpas, a Ucrânia vê-se invadida pela Rússia e todos os países europeus e não só, acorrem em defesa da Ucrânia e condenam Putin pela atitude guerreira. Este facto faz-nos lembrar do início da Segunda Guerra Mundial e das declarações de guerra que se seguiram à invasão da Polónia pelos alemães. Já na Primeira Guerra Mundial tinha sido idêntico. Desta vez foi um pouco diferente pois os cuidados foram outros e ninguém queria ou estava preparado para outra guerra na Europa. Era impensável! Mas ela aconteceu. E o que nós estamos a ver é que as armas velhas da Segunda Guerra ainda rodam por falta de outras novas. A Rússia só tem tanques velhos e armas antigas. O que é preciso fazer é acabar com elas antes que fiquem de vez fora de validade. É o que a Rússia está a gastar. Armamento novo, nem ela o tem, mas também não contava com a resistência da Ucrânia. Recorre agora ao armamento alheio como os drones do Irão que sempre saem mais baratos. Ganha quem os fabrica, naturalmente. A guerra que despoletou agora na Faixa de Gaza, depara-se com um cenário diferente. Israel está sempre preparado para a guerra e fabrica o seu próprio armamento. Atacado, desde sempre, pelos países vizinhos, tem de estar sempre em alerta. Isto permitiu-lhe desenvolver sistemas de defesa extraordinários, quer aéreos, quer terrestres ou até mesmo marítimos. Tem uma indústria de guerra fantástica que serve não só o país, como outros países. Um facto curioso, ou talvez não, é que Israel se limita a defender-se de quem o ataca. Não quer perder um palmo do território que lhe foi concedido em 1948 e tudo tem feito para o defender. Encurralado junto ao mar e cercado pelo Egito, pela Jordânia, pela Síria e pelo Líbano que não têm laços de amizade com os judeus, a única saída era saber defender-se e para isso tinha de desenvolver uma in- dústria de guerra bem organizada e forte, caso contrário seria aniquilado. E foi o que fez e bem. Na área, só o Irão, seu inimigo figadal, tem uma indústria de guerra assinalável. Daí o seu apoio ao Hamas e ao Hezbolah. Mas como em todas as guerras, os interesses são vastos e não limitam o fabrico de armamento. A guerra de Gaza é de momento, um compromisso internacional onde as armas contam pouco e a diplomacia tem um valor extraordinário. EUA aconselham a que Israel não invada Gaza, pois ao fazê-lo destrói quase tudo por onde passar, apesar do Hamas ser o único objetivo a aniquilar. Israel suspendeu a invasão. Aguarda pelos resultados de algumas conversações entre líde- res terroristas e ocidentais. A tensão é enorme. O mundo está suspenso destas decisões. O sucedido em Israel pode extrapolar para outras fronteiras e, nesse caso, pode- mos estar à beira de um novo conflito mundial. Se uns esperam que isso não aconteça, outros querem a guerra para ganhar milhões. Este jogo nunca acaba. A guerra nunca terá um fim no seu sentido lato. E porquê? Porque os co- bardes que a promovem, não entram nela.