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Bombeiros do concelho de Bragança recebem apoio “essencial” para manter da instituição

Ter, 09/02/2021 - 10:17


Este ano, os protocolos assinados representam um montante global superior a 330 mil euros. A Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Izeda, com sede na única vila do concelho, recebeu mais de 83 mil euros. O dinheiro “é para manutenção da casa” e torna-se vital.

Enfermeiros denunciam agravamento das condições de trabalho com a pandemia

Ter, 09/02/2021 - 10:16


Segundo Alfredo Gomes, dirigente do Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP), os problemas como a atribuição de pontos para efeito de progressão de carreira, que ainda não foi aplicada, ou a falta de compensação do risco e penosidade da profissão, foram agravados com a pandemia e as condições

Vendavais Salas virtuais

Vivemos todos uma nova era, não que ela não tivesse sido anunciada já há alguns anos, mas que a realidade a fez realmente ver com os olhos da modernidade. Ao longo de toda a História o homem encarregou-se de fazer avançar a ciência ao ritmo das necessidades e, por isso mesmo, apareceram grandes invenções que fizeram avançar o mundo em quase todas as vertentes, das económicas às sociais. Contudo, a Natureza, sempre à espreita e por vezes adversa aos interesses do homem, prega-nos partidas incomensuráveis que nos obriga a inventar à pressa novas formas de combater a adversidade. Diz o povo e com razão que devagar se vai ao longe, ora o seu contrário pode ser catastrófico. Na realidade o aparecimento do Coronavírus, fosse derivado ao avanço da ciência e ao seu descuido ou a razões desconhecidas como se quer fazer crer, foi uma machadada enorme para a sociedade mundial que se reerguia de uma crise económica e social brutal. O desconhecido inimigo viral levou a ciência a correr muito à pressa para descobrir o meio de o combater, antes que fosse demasiado tarde, perante as inúmeras mortes que se estavam a verificar em todo o mundo. Em menos de um ano, foram descobertas quatro ou cinco vacinas capazes de iniciar um combate feroz ao vírus assassino. Apesar disso, os milhares de mortos não foram evitados, nem se evitam ainda em todos os países. Vemos o que se passa no Brasil, no México, na Alemanha, na Itália, na Espanha e em Portugal, por exemplo. Entretanto, as consequências foram terríveis e as medidas impostas foram extremamente necessárias, mesmo perante a contestação idiota dos apregoadores da liberdade e da democracia que não se lembram que a sua liberdade acaba onde começa a liberdade dos outros. Isto sim é democracia. O confinamento foi a medida mais imposta como indispensável ao avanço do vírus e ao travar da sua expansão. Infelizmente, muitos acharam que era um ultraje. Para o vírus, era a autoestrada para o seu progresso. As casas transformaram- -se em salas virtuais, onde as pessoas passaram a trabalhar e a conviver, sem poder fazer a vida que até então era normal. A prisão que ninguém queria! As escolas esvaziaram-se à pressa logo que o vírus se começou a espalhar, antes que as crianças e os professores fossem atingidos e os novos veiculadores do crescimento da doença. Os alunos tomaram contacto com uma nova realidade e um novo método de aprendizagem, bem diferente do habitual. O regresso à escola foi feito com alguma emoção, mas incompleto. Faltavam os cumprimentos, os abraços, a energia da empatia comum num espaço que todos queriam e querem, de alegria e sã convivência para além da aprendizagem e preparação para o futuro. Quando todos já pensavam que entrávamos numa época nova deste combate desigual, eis que uma nova vaga assola a comunidade mundial e também atinge Portugal, o tal do milagre português que, subitamente vira o pior exemplo da contenção da pandemia, tal o número de mortos e de contaminados diariamente. E apesar da relutância em admitir novas soluções drásticas, o governo vê-se obrigado a decretar novo estado de emergência e de confinamento. O não querer admitir que o fecho das escolas era uma medida necessária depois da abertura extemporânea do Natal e do Fim do Ano, vê- -se coagido a fazê-lo antes que seja demasiado tarde. A teimosia do senhor ministro da Educação e do primeiro-ministro, fez com que tardasse a indispensável tomada de decisão. De novo, as escolas fecharam abruptamente e à pressa, antes que os alunos e as escolas estivessem devidamente apetrechadas para encarar o novo confinamento. De novo em salas virtuais, os alunos vêm-se confrontados com aulas à distância onde impera o distanciamento social forçado, a incapacidade de interagir com os professores em tempo certo, a dificuldade na resolução de dúvidas e no avanço da matéria curricular proposta. Mas também os pais enfrentam o confinamento e o trabalho via internet, juntando-se assim aos filhos na mesma sala virtual a que o confinamento obriga. Seria escusado? Talvez. Que sirva de lição para a nova vaga que já se anuncia. Como costuma dizer a minha mãe, isto só acaba quando o mundo acabar! Talvez tenha razão.

Caminhando sozinho

Um célebre poeta espanhol muito citado e raramente lido em terras de Portugal, escreveu: o caminho faz-se caminhando. Eu sei que ele caminhou quase sempre acompanhado nunca curvando ideologicamente com tremuras oscilantes no fim da vida, no entanto, a sua poesia tersa, vibrante e consolada atrai-me tanto quanto gosto de poesia universalista que perdura através dos milénios. Ora, neste último ano a pandemia e a demorada convalescença avinagram-me os dias, levando-me pensar as noites tal como Camilo as explicou em Quarenta Noites de Insónia. Este exercício noctívago está nos antípodas das noites bragançanas nas quais na companhia do saudoso Fernando Faria (Tozé), do Fernando Machado, da Margarida Cepeda e o José Bouça estripávamos madrugadas ao sabor dos substanciosos pregos de vitela vendidos pelo Sr. Pereira, algumas vezes perdizes sem ração, para lá dos enchidos antecipadamente saboreados gulosamente no restaurante do generoso Alberto, o D. Roberto em Gimonde. Se agora caminho sem pressas três quilómetros diariamente em redor de mim próprio (a casa residencial), nos idos antecedentes chegava a palmilhar vinte quilómetros não para imitar o lendário Emil Zátopek, sim no desejo de manter o coração em forma e, este, como se diz no Ribatejo borregou. A pandemia confinou-me e amofina-me o quotidiano pois emparedou-me (castigo medieval) a restringir-me os feros ânimos de liberdade de movimentos de quem calcorreou países e continentes respirando liberdade. E, agora? Agora, uma máscara esconde-me a face, o medo ganhou carta de alforria afastando-me das pessoas, apenas me atrevo a conceder licença à gata para se aproximar. Na dança e contradança dos passos, solitário, desfilam a meus olhos personagens detestáveis e salafrárias em evidência na nossa sociedade actual, o indivíduo taful ganhou foros de celebridade, o homem competente sem dobrar a cerviz é colocado na prateleira porque os comissários políticos adoram manteigueiros bem-mandados, daí ocuparem lugares bem dotados financeiramente aqui e no estrangeiro cujo exemplo mais recente ocorreu na taifa da ministra da saúde. O caminho faz-se caminhando, é verdade, só que a maioria só tem possibilidades de dar passos (não passadas) num caminho de pedras, acontecendo à esmagadora maioria dos caminhantes o acontecido ao convencido António José Seguro. Tramou-se! Os olhos contemplam os quadros de mortos que vão engrossar a Procissão de defuntos (título de um livro do fecundo prosador Tomaz de Figueiredo) vazados nos crematórios devido ao vírus, as negras angústias redundam em língua de sola humedecida pela comissura impotente muito por causa da quase nula ausência de planeamento qual hidroavião castrado da canção olha a mala, olha a mala dos manietados opositores salazaristas. Na actualidade a oposição berra alguma coisa, porém prefere o ripanço das boas venturas de aguardar melhor estação do ano, deixando ao Sr. Ventura o exclusivo da berraria a originar-lhe baba e ranho de ressabiamento porque não chega querer. Para já, não vá o Diabo tece-las pois é tendeiro e traiçoeiro. E os mortos? Os mortos na maioria dos casos quão enganosos são os soluços vertidos no momento da despedida, poucos serão aqueles que não conhecem episódios de veloz ocaso dos referidos defuntos, partilhas, ânsias de renovação, do hoje tu, amanhã eu, do triunfo da vacuidade niveladora por baixo, salientam os punhos de boxeur em queixos desprotegidos sinónimo de alegre e estrídulo esquecimento. Lembrem- -se da ópera viúva-alegre. Viúvo também. O que se poderá imaginar que seja mais torpe que não ver por não querermos?

À procura do abraço perdido

No passado dia 21 de janeiro, dever-se-ia ter festejado o dia internacional dos abraços. Não instaurado este ano o que, tendo em conta as distanciações sociais de rigor, trairia para os seus inventores um lamentável humor negro. Teve origem nos Estados Unidos há trinta e cinco anos pelo reverendo Kevin Zaborney. Este religioso sonhava ver a população inteira dos Estados Unidos a abraçar-se, convicto pelas recentes descobertas científicas de que um abraço durante vinte segundos desencadearia nos abraçados uma segregação de ocitocina, hormona do bem- -estar. O reverendo foi confrontado na sua escolha com revelações meteorológicas que previam que no dia vinte e um de janeiro seria atingido o pico das depressões invernais. Era preferível, conclui ele, apertar um desconhecido nos braços a tomar um Xanax num copo de whisky. Ele mesmo beneficiaria da euforia da nova instituição mais recente do feriado de vinte de Janeiro, em honra do pastor Martin Luther King e da sua pastoral que se estribava na não-violência. Rapidamente, a iniciativa deste movimento público de ternura geral seduziu outros países. A Austrália, o Reino-Unido, a Alemanha, a França, a Polónia… Em Portugal temos o dia do abraço a 22 de maio. A verdade é que o reverendo americano não foi o único pioneiro na matéria. Mais ou menos na mesma época, uma Indiana, Mata Amritanandamayi, “Mãe da Plenitude imortal” sentiu a mesma intuição e criou a ONG ETW. Pôs-se a curar e pacificar ela-mesma o espírito humano, abraçando incondicionalmente e por todo o mundo. Terá abraçado, só no ano de 2017, 37 milhões de pessoas pelo mundo fora, todas elas se teriam encontrado algo “ perturbadas”. É claro que teria de haver controvérsia à volta deste guru e das suas ações caritativas. Porém, as críticas e acusações nunca infirmaram o poder reparador das embaixadas do coração e das almas dos homens, sejam quais forem as suas origens. E não é neste momento, em que nos sentimos cruelmente privados desse afeto, que vamos contestar o poder deste contacto que nos parecia, ainda ontem, tão banal e por vezes mesmo constrangedor. Talvez nunca mesmo, se tenha sentido uma necessidade tão forte, tão urgente. Ah! Estar de novo pertinho do fôlego de outra pessoa, agarrá- -la, apertá-la contra si em intermináveis efusões de amizade e afeto! Ah! Um pouco de ternura por fim! Um pouco de calor e ternura, de corpo inteiro, sem medo do outro. Porque não é na ternura que encontramos nesta calorosa manifestação física do abraço amigo? Uma inclinação para a delicadeza, e por conseguinte uma disposição de espírito infinitamente superior à da retribuição e da violência, que é anulada com um simples sorriso. Há na ternura a expressão suprema da inteligência – a lucidez. Esta manifesta um autodomínio, a contenção dos nossos mais baixos instintos; a violência e os seus inúmeros avatares- o ressentimento, o ódio, a maledicência, a inveja. Inspira-nos a doutrina de Jesus “porque Eu sou manso e humilde de coração”. Na verdade, estas são duas virtudes inseparáveis. Econtra-se entre as bem-aventuranças:  “Bem- -aventurados os mansos, porque eles possuirão a terra” (Mt 5,4). Como é simples imaginar a estupefação das multidões perante este anúncio, a insolente revolução dos corações que esta não deixa de suscitar desde há séculos! Na idade média, inspirou o amor cortês erigindo-o como qualidade de vida, uma arte da delicadeza e de respeito pelo outro. Algo inspirado pelo amor confundido com a nobreza da alma. Uma serenidade que não tem nada de adocicado, mas toda uma firmeza, de humildade, de caridade, «a amabilidade própria à verdadeira sabedoria que vem do alto” dizia S.Tiago ( Tg. 3,13). Este dia mundial dos abraços convida-nos a esta serenidade, e a meditar sobre ela, sobre as suas virtudes, neste período de violência extrema e crescente, e de grande solidão. A deixar-se converter por ela, a rogar-lhe que nos torne mais lúcidos, li ou ouvi: “ Fecham- -se os olhos dos mortos com ternura, é também com esta ternura que é preciso abrir os olhos dos vivos”.

Portugal, Portugal

Boas tardes, meus caros. Escrevo para o distrito de Bragança onde o deputado do Benfica teve a segunda maior votação. Não vos condeno o feito, nem vos gabo a sorte. Compreendo-vos. Um país que vos olha ainda mais de lado. Votastes num político anti-sistema do sistema até à ponta dos cabelos que subiu os polidos degraus dos jotinhas, dos padrinhos e dos cristãozinhos perfeitos. Não os cristãos que como Cristo se sentavam à mesa com ministros, putas e pulhas e em todos procuravam a redenção. Não do Cristo proto- -feminista do atire a primeira pedra de há dois milénios, mas dos cristãos inquisidores, da perseguição e da tortura, dos que mandam Cristo às favas e estão mortinhos para que o Papa Francisco tome o mesmo caminho, dos que querem fazer valer a constituição da instituição para ver o mundo bem dividido entre beatos e satanáses segundo as inquestionáveis e divinas leis dos antigos regimes. Vá de retro esse catolicismo! Como braço direito e fiel cardeal Cerejeira, o inatacável presidente do Benfica para completar a bendita neo-triologia deste país: CMTV, Benfica e Fátima. A família que seja monoparental, monofilial ou até monossexual desde que eles não se cheguem para o meu lado. A força do meio de comunicação mais impactante de Portugal aliada às duas instituições mais influentes do país. O deputado criado pelo futebol e pelo espaço de opinião que, como os da sua estirpe, tem um percurso muito do bem, mas se expressa em oco português tasqueiro. Perspicácia bastante para o seu plano de chegar ao poder pelo caminho mais rápido entre os pingos da miséria, da falta de ideias e de rumo. Velejando mais à bolina de quem o repugna, do que de quem o apoia, que lhe faz a vontade de o colocar invariavelmente na ponta da língua e na crista da onda. Mas a culpa não é dele. O caminho foi aberto por nós, que confiámos tudo à classe política como se eles fossem feitos de matéria diferente da nossa. Como se quando eles dizem povo, não se estivessem nas tintas ou sequer se verdadeiramente o conhecessem. Como se não quisessem, mais que tudo, remediar as próprias contas bancárias como todos os outros, que ideologias são muito bonitas, mas não pagam dívidas nem enchem a barriga. Como se quem fosse hoje para a política não fosse sobretudo por isso, e entre tantos, quando as coisas dão para o torto, valham- -nos os independentes que nos acudam, seja na Economia, na Saúde ou na Educação, porque eles disso percebem pouco. Como se Portugal não estivesse hoje ainda mais binomizado entre Lisboa e Porto (mais o Allgarve nas pontes e feriados) e o resto do país, essa cambada de labregos, Terra Nossa, que pouco mais servem do que para continuar a ser satirizados, sendo que às vezes sai de lá um Tino que, grunho, consegue quase tanto como os políticos ultra-profissionais, tendo pelo menos o bom-senso de não fazer publicidade atrás de publicidade daquilo que não se quer comprar. Como se Portugal fosse só um par de meios urbanos, ou a América só Nova Iorque, e no dia das eleições abríssemos todos muito a boca de espanto porque não é tudo como nos Instagrams e afinal não pensamos todos tão bem como os John Stewarts deste mundo. Com esta é que não contávamos, país de burros, país de incultos, é o que é, culpa dos parolos de além A2. Como se os partidos não vivessem tão alienados no seu exclusivo mundinho e não nos governassem em modo “para quem é bacalhau basta”. Como se a direita não estivesse ruída e a esquerda pelo mesmo caminho, batendo-se quase só por moinhos de vento com fraquinhos moleiros sem a mínima ideia de como produzir farinha para o povo ter pão. Como se ainda alguém passasse cartucho a essa história das direitas e das esquerdas de quatro ou cinco gatos pingados, capazes de sequer convencerem um jovem a sair de casa para colocar um papel dentro de uma caixa, num país que não sendo para velhos, são eles que ainda vão votando. E fazem-no, muitas vezes, mais em memória de não o terem podido fazer no passado do que propriamente pela vontade de o fazer no presente. E, amigos brigantinos, quando com tudo isto votais no deputado da CMTV, os capatazes ainda carregam mais em vós, enfiam a cabeça e estalam com raiva o chicote nas vossas costas provincianas, sois vós os maiores culpados como se quisessem saber de vós ou sequer tivessem muito melhor para vos oferecer. Na única vez que sois necessários para alguma coisa, nem uma cruz sabeis pôr no sítio certo. Para isso, morte ao interior moribundo, que vá morrer (ainda mais) longe de uma vez. Já Fernando Namora escrevia, depois da revolução, mas ainda longe da CEE, que enquanto tivéssemos mentalidade de assistidos nunca saberíamos fazer cumprir a revolução. E aqui continuamos nós a assistir à desassistência, desistidos, à espera que alguém mexa uma palha para prontamente comentarmos o que foi feito. E com esse muito nosso desporto de comentar e opinar, que além de desporto passou a catapulta para o poder-poleiro, lavamos as mãos no que faz o governo, todo-apoderado e tudo-criticado, mas a caravana passa sempre imperturbável. Nisso não temos qualquer diferença em relação ao povo chinês que delega tudo no partido único, que remédio, com a diferenca que não pode refilar. Residindo nesse apático estrebuchar, a principal democrática diferença. Somos um país que se diz livre de liberdade dependente de terceiros. A liberdade filosofal como bola colorida entre as mãos de uma criança com o mundo inteiro pela frente mas que não sobrevive um dia sem a saia e o biberão da mãe. Haverá liberdade sem pão ou sem o que faz fazer o pão? É livre um país que aos 900 anos vive em casa dos pais e em tudo deles depende? A noite já vai longa para retóricas. De modo que nós que já não produzimos nem revoluções nem o resto, tirando talvez vinho, vivemos literal e pré- -historicamente do que a natureza nos vai dando, os campónios de chuva na horta, os cidónios de sol na praia. Quando a fome aperta, de mãos nos bolsos, assomamo-nos ao sítio do costume à hora marcada, ansiosamente à espera das bazucas de sopa que nos traz a europeia carrinha da Comunidade Vida e Paz, sem a qual não conseguimos pôr uma perna à frente da outra. E depois disso, muitos de nós não passamos sem a carrinha da metadona para recolher as bazuquinhas sem as quais não conseguimos dormir nem dominar os espíritos. E com isto, minha gente, boa noite que já é tarde, a conversa está boa mas vou à cama, deixa só ver o Facebook que antes era gatinhos e boas intenções e agora é só odiar e dividir, sempre a facturar a fracturar. E nisto perdi- -me nas horas, vamos dormir para amanhã tomar café, agora que já nem há postigo, Portugal, Portugal, amanhã é outro dia, sempre à espera, cada vez mais no fundo do mar, nação dolente e banal, da qual Portalegre, Bragança e tudo onde a maresia não alcança são o corolário do atraso de vida, não fazem cá falta nenhuma. Era vender tudo aos espanhóis para olival ou aos chineses para arroz. Mal por mal isto já é tudo deles. De maneiras que, caros bragançanos, não se iludam, a culpa é exclusivamente vossa e de outros como vós. Marquem na agenda, eles hão de voltar aí na próxima campanha eleitoral e fazer o frete com o melhor sorriso amarelo. Enquanto isso não espereis ser compreendidos, tidos ou achados, pois a culpa não é dos governantes, a culpa não é dos mesmos, da minoria que nos domina, a culpa nem sequer é de todos nós. Faz-se tarde, boas noites. Portugal, Portugal, venha o diabo e escolha.

Bragança: anos de 1700: Quadros Sociais- Preso como fautor de heresias

Já em outra ocasião falámos de António Malheiro da Cunha e das suas origens, humildes e pouco de acordo com o ordenamento canónico. Criou-se na Ervedosa, mas cedo foi para a cidade de Bragança, onde teria proteção do avô materno, António Malheiro e onde, naquele tempo, a carreira militar se apresentava muito atraente. Subiu a carreira a pulso e ocupava o posto de sargento-mor na praça de Bragança quando, Sua Majestade lhe concedeu do Hábito de Cristo. Para, efetivamente o receber, tornava-se necessário provar a sua limpeza de sangue e modo de vida “à lei da nobreza”, eufemismo para dizer: riqueza, abundância de bens. Veja-se o relatório das “provanças”: - A António Malheiro da Cunha foi V. Majestade servido fazer mercê da Ordem de Cristo e das provanças que se lhe fizeram para a poder receber, constou ter a limpeza necessária. Porém, que o mesmo justificante é maior de 50 anos e que seu pai foi sapateiro e lavrador seareiro, a mãe tecedeira e a avó materna mulher humilde, pelos quais impedimentos se julgou não estar capaz de entrar na Ordem; do que se dá conta a V. Majestade, como perpétuo administrador desta… Lisboa Ocidental, 17 de Janeiro de 1720. (1) Recorreu o justificante, argumentando que foi pelos seus próprios méritos que o Rei o condecorou com a Ordem de Cristo, apresentando o próprio alvará de Sua Majestade e solicitando ao mesmo Soberano que o dispensasse das “provanças”. Era um recurso geralmente apresentado pelos candidatos que não pertenciam à Nobreza e tal condecoração era a porta de entrada para a mesma classe. O alvará de António Malheiro tem particular interesse por nos mostrar um pouco da evolução guerra. Veja-se então o mesmo alvará: – El-Rei, havendo respeito aos serviços de António Malheiro da Cunha (…) feitos nas províncias do Alentejo, Trás- -os-Montes, Beira e Principado da Catalunha, em praça de soldado, cabo de esquadra e sargento e nos postos de alferes, ajudante, capitão e sargento-mor de infantaria e nas praças de Bragança e mais, por espaço de 30 anos, 3 meses e 7 dias continuados, de 9 de Novembro de 1686 até 16 de Março de 1717, em que ficara continuando: no de 1704, sendo alferes, ir com 100 soldados de socorro para Alfaiates e assistir nela 8 dias, por recear que o inimigo a invadisse; no de 1705 se achar nos ataques de Valença e no assalto que se deu a brecha sair ferido com uma besta pelo braço esquerdo da parte a parte e no dito ano se achar na restauração de Marvão; no de 1706 nos sítios de Alcântara e Cidade Rodrigo e nas mais operações do exército que penetrou Castela até Valença e assistir, sendo já capitão, no quartel de ??? Pequena???, com contínuos rebates do inimigo; no de 1707 na batalha de Almansa, com muito valor até ficar prisioneiro e com 5 feridas muito perigosas, uma destas de bala que lhe levou o beiço de baixo e parte da língua com os dentes; e ficando prisioneiro em Bayona voltar para este Reino onde, no ano de 1708 se achou nas operações do exército no Alentejo; e sendo provido nos postos de sargento-mor das praças se haver com muita vigilância e cuidado em tudo o que tocava á sua obrigação com satisfação de tudo; Há por bem fazer-lhe mercê de alvará de ofício de justiça ou fazenda até 50 mil réis e de 80 mil réis de tença efeitos em um dos almoxarifados do Reino em que couberem sem prejuízo de terceiro e não houver proibição com o vencimento, na forma da Ordem de SM, dos quais serão 12 mil réis para sua mulher, D. Mariana de Morais e 50 mil réis em sua filha chamada também D. Mariana de Morais e os 12 que restam a cumprimento dos 80, os logrará ele a título do hábito da O. Cristo que lhe tem mandado lançar. Lisboa Ocidental, 31 de Março de 1719. (2) Atendeu el-Rei ao pedido do suplicante concedendo-lhe a Ordem de Cristo. Por esta altura tinha já a guerra terminado e António Malheiro era já um homem de prestígio na sociedade brigantina. E desde há anos, um esforçado colaborador da inquisição. Em prova disso está o facto de em Novembro de 1714, na ocasião da vaga de prisões que vimos tratando, ter sido depositado em sua casa o mais influente e notável dos 9 prisioneiros: Francisco Rodrigues Ferreira. Aliás, ele fora já “ocupado outras vezes para fazer prisões de cristãos-novos e por muitas vezes teve prisioneiros em sua casa”. Era capitão naquela altura e tinha um irmão, igualmente militar e com o mesmo posto que, em paralelo, era familiar da inquisição – Domingos Pires Malheiro, que por aquela altura faleceu. (3) E então ele decidiu candidatar-se, apresentando o requerimento em Julho de 1719. A essa altura, se bem que tendo casa montada em Bragança, António Malheiro da Cunha encontrava-se servindo no posto de sargento-mor da praça de Chaves. O seu processo de habilitação é muito interessante, por nos dar notícias de acontecimentos históricos e da paisagem social da região da Lombada, onde nasceram e viveram seus antepassados. Assim, ficamos sabendo, por exemplo, que a aldeia de Moimenta foi 3 vezes arrasada pelos espanhóis na guerra da Guerra da Sucessão de Espanha, com incêndio da igreja e dos livros de registo de batizados e casamentos, (4) pelo que não foi possível provar a naturalidade de um avô. Nem a do próprio candidato, pois também na Ervedosa os livros desapareceram, queimados no tempo da guerra. Da identidade dos seus pais e dos avós, já falamos quando se tratou do seu irmão Domingos, que era o familiar do santo ofício que dirigiu a coluna de prisioneiros para Coimbra. Chegado a Bragança e entrado na vida militar, António Malheiro tratou de casar, o que consumou com Brígida de Morais, “filha de um coveiro”, da qual, estranhamente, parece que as origens se não investigaram, com a profundidade costumada. Terá funcionado a “cunha” do padre Inácio Bernardes a quem o candidato escreveu, recordando as falhas dos arquivos paroquiais, acrescentando: - Peço a Vossa Mercê, que veja como temos de acabar de concluir este negócio (que se não podem achar livros que deem inteira razão destas coisas. Peço a V. M., podendo ser, que esta diligência venha cometida ao reverendo abade de Vinhas ou ao de Rebordãos (…) Espero que V. M. me faça honra e favor de encaminhar este negócio, que o saberei merecer. Chaves, 1 de fevereiro de 1721. (5) Voltemos a Bragança onde António malheiro ficou viúvo e voltou a casar, com Mariana de Morais, viúva de um alferes e mãe de um rapaz que se preparava para ser padre, tendo já recebido as ordens menores. Vale a pena espreitar os seus antepassados, nomeadamente o seu avô paterno, António Pires, natural de Moimenta, que veio para Bragança a servir os padres do colégio e o seu pai, Miguel Pires, que tinha a profissão de “entalhador e imaginário”. E este será um nome a ter em conta para a história dos entalhadores de altares e escultores de imagens de santos. Resta dizer que António Malheiro da Cunha recebeu carta de familiar do santo ofício em 28.7.1721. E se era pobre quando veio para Bragança e se alistou como soldado, então era já um homem de elevado estatuto social, com fazenda avaliada em mais de 6 mil cruzados (2 contos e 400 mil réis) e com um ordenado 300 mil réis/ano. Para que os números representem alguma realidade, diga-se que a jorna de um operário andava então nos 100 réis. E se ele era filho de um sapateiro, os seus descendentes contar-se-iam entre a elite da nobreza brigantina e trasmontana, reescrevendo a história da família.

CTM Mirandela vence Lourosa

Dom, 07/02/2021 - 15:43


A dupla Rita Fins/Matilde Pinto começou por vencer o jogo de pares com os parciais de 11-4, 11-6 e 11-5.

A nível individual, Mariia Melanina levou de vencida a atleta Mariana Rodrigues (11-6, 11-1, 11-8) e Matilde Pinto derrotou Beatriz Valente por 11-1, 11-6 e 11-4.