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Bombeiros do concelho de Bragança recebem apoio “essencial” para manter da instituição

Ter, 09/02/2021 - 10:17


Este ano, os protocolos assinados representam um montante global superior a 330 mil euros. A Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Izeda, com sede na única vila do concelho, recebeu mais de 83 mil euros. O dinheiro “é para manutenção da casa” e torna-se vital.

Enfermeiros denunciam agravamento das condições de trabalho com a pandemia

Ter, 09/02/2021 - 10:16


Segundo Alfredo Gomes, dirigente do Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP), os problemas como a atribuição de pontos para efeito de progressão de carreira, que ainda não foi aplicada, ou a falta de compensação do risco e penosidade da profissão, foram agravados com a pandemia e as condições

Vendavais Salas virtuais

Vivemos todos uma nova era, não que ela não tivesse sido anunciada já há alguns anos, mas que a realidade a fez realmente ver com os olhos da modernidade. Ao longo de toda a História o homem encarregou-se de fazer avançar a ciência ao ritmo das necessidades e, por isso mesmo, apareceram grandes invenções que fizeram avançar o mundo em quase todas as vertentes, das económicas às sociais. Contudo, a Natureza, sempre à espreita e por vezes adversa aos interesses do homem, prega-nos partidas incomensuráveis que nos obriga a inventar à pressa novas formas de combater a adversidade. Diz o povo e com razão que devagar se vai ao longe, ora o seu contrário pode ser catastrófico. Na realidade o aparecimento do Coronavírus, fosse derivado ao avanço da ciência e ao seu descuido ou a razões desconhecidas como se quer fazer crer, foi uma machadada enorme para a sociedade mundial que se reerguia de uma crise económica e social brutal. O desconhecido inimigo viral levou a ciência a correr muito à pressa para descobrir o meio de o combater, antes que fosse demasiado tarde, perante as inúmeras mortes que se estavam a verificar em todo o mundo. Em menos de um ano, foram descobertas quatro ou cinco vacinas capazes de iniciar um combate feroz ao vírus assassino. Apesar disso, os milhares de mortos não foram evitados, nem se evitam ainda em todos os países. Vemos o que se passa no Brasil, no México, na Alemanha, na Itália, na Espanha e em Portugal, por exemplo. Entretanto, as consequências foram terríveis e as medidas impostas foram extremamente necessárias, mesmo perante a contestação idiota dos apregoadores da liberdade e da democracia que não se lembram que a sua liberdade acaba onde começa a liberdade dos outros. Isto sim é democracia. O confinamento foi a medida mais imposta como indispensável ao avanço do vírus e ao travar da sua expansão. Infelizmente, muitos acharam que era um ultraje. Para o vírus, era a autoestrada para o seu progresso. As casas transformaram- -se em salas virtuais, onde as pessoas passaram a trabalhar e a conviver, sem poder fazer a vida que até então era normal. A prisão que ninguém queria! As escolas esvaziaram-se à pressa logo que o vírus se começou a espalhar, antes que as crianças e os professores fossem atingidos e os novos veiculadores do crescimento da doença. Os alunos tomaram contacto com uma nova realidade e um novo método de aprendizagem, bem diferente do habitual. O regresso à escola foi feito com alguma emoção, mas incompleto. Faltavam os cumprimentos, os abraços, a energia da empatia comum num espaço que todos queriam e querem, de alegria e sã convivência para além da aprendizagem e preparação para o futuro. Quando todos já pensavam que entrávamos numa época nova deste combate desigual, eis que uma nova vaga assola a comunidade mundial e também atinge Portugal, o tal do milagre português que, subitamente vira o pior exemplo da contenção da pandemia, tal o número de mortos e de contaminados diariamente. E apesar da relutância em admitir novas soluções drásticas, o governo vê-se obrigado a decretar novo estado de emergência e de confinamento. O não querer admitir que o fecho das escolas era uma medida necessária depois da abertura extemporânea do Natal e do Fim do Ano, vê- -se coagido a fazê-lo antes que seja demasiado tarde. A teimosia do senhor ministro da Educação e do primeiro-ministro, fez com que tardasse a indispensável tomada de decisão. De novo, as escolas fecharam abruptamente e à pressa, antes que os alunos e as escolas estivessem devidamente apetrechadas para encarar o novo confinamento. De novo em salas virtuais, os alunos vêm-se confrontados com aulas à distância onde impera o distanciamento social forçado, a incapacidade de interagir com os professores em tempo certo, a dificuldade na resolução de dúvidas e no avanço da matéria curricular proposta. Mas também os pais enfrentam o confinamento e o trabalho via internet, juntando-se assim aos filhos na mesma sala virtual a que o confinamento obriga. Seria escusado? Talvez. Que sirva de lição para a nova vaga que já se anuncia. Como costuma dizer a minha mãe, isto só acaba quando o mundo acabar! Talvez tenha razão.

Caminhando sozinho

Um célebre poeta espanhol muito citado e raramente lido em terras de Portugal, escreveu: o caminho faz-se caminhando. Eu sei que ele caminhou quase sempre acompanhado nunca curvando ideologicamente com tremuras oscilantes no fim da vida, no entanto, a sua poesia tersa, vibrante e consolada atrai-me tanto quanto gosto de poesia universalista que perdura através dos milénios. Ora, neste último ano a pandemia e a demorada convalescença avinagram-me os dias, levando-me pensar as noites tal como Camilo as explicou em Quarenta Noites de Insónia. Este exercício noctívago está nos antípodas das noites bragançanas nas quais na companhia do saudoso Fernando Faria (Tozé), do Fernando Machado, da Margarida Cepeda e o José Bouça estripávamos madrugadas ao sabor dos substanciosos pregos de vitela vendidos pelo Sr. Pereira, algumas vezes perdizes sem ração, para lá dos enchidos antecipadamente saboreados gulosamente no restaurante do generoso Alberto, o D. Roberto em Gimonde. Se agora caminho sem pressas três quilómetros diariamente em redor de mim próprio (a casa residencial), nos idos antecedentes chegava a palmilhar vinte quilómetros não para imitar o lendário Emil Zátopek, sim no desejo de manter o coração em forma e, este, como se diz no Ribatejo borregou. A pandemia confinou-me e amofina-me o quotidiano pois emparedou-me (castigo medieval) a restringir-me os feros ânimos de liberdade de movimentos de quem calcorreou países e continentes respirando liberdade. E, agora? Agora, uma máscara esconde-me a face, o medo ganhou carta de alforria afastando-me das pessoas, apenas me atrevo a conceder licença à gata para se aproximar. Na dança e contradança dos passos, solitário, desfilam a meus olhos personagens detestáveis e salafrárias em evidência na nossa sociedade actual, o indivíduo taful ganhou foros de celebridade, o homem competente sem dobrar a cerviz é colocado na prateleira porque os comissários políticos adoram manteigueiros bem-mandados, daí ocuparem lugares bem dotados financeiramente aqui e no estrangeiro cujo exemplo mais recente ocorreu na taifa da ministra da saúde. O caminho faz-se caminhando, é verdade, só que a maioria só tem possibilidades de dar passos (não passadas) num caminho de pedras, acontecendo à esmagadora maioria dos caminhantes o acontecido ao convencido António José Seguro. Tramou-se! Os olhos contemplam os quadros de mortos que vão engrossar a Procissão de defuntos (título de um livro do fecundo prosador Tomaz de Figueiredo) vazados nos crematórios devido ao vírus, as negras angústias redundam em língua de sola humedecida pela comissura impotente muito por causa da quase nula ausência de planeamento qual hidroavião castrado da canção olha a mala, olha a mala dos manietados opositores salazaristas. Na actualidade a oposição berra alguma coisa, porém prefere o ripanço das boas venturas de aguardar melhor estação do ano, deixando ao Sr. Ventura o exclusivo da berraria a originar-lhe baba e ranho de ressabiamento porque não chega querer. Para já, não vá o Diabo tece-las pois é tendeiro e traiçoeiro. E os mortos? Os mortos na maioria dos casos quão enganosos são os soluços vertidos no momento da despedida, poucos serão aqueles que não conhecem episódios de veloz ocaso dos referidos defuntos, partilhas, ânsias de renovação, do hoje tu, amanhã eu, do triunfo da vacuidade niveladora por baixo, salientam os punhos de boxeur em queixos desprotegidos sinónimo de alegre e estrídulo esquecimento. Lembrem- -se da ópera viúva-alegre. Viúvo também. O que se poderá imaginar que seja mais torpe que não ver por não querermos?

À procura do abraço perdido

No passado dia 21 de janeiro, dever-se-ia ter festejado o dia internacional dos abraços. Não instaurado este ano o que, tendo em conta as distanciações sociais de rigor, trairia para os seus inventores um lamentável humor negro. Teve origem nos Estados Unidos há trinta e cinco anos pelo reverendo Kevin Zaborney. Este religioso sonhava ver a população inteira dos Estados Unidos a abraçar-se, convicto pelas recentes descobertas científicas de que um abraço durante vinte segundos desencadearia nos abraçados uma segregação de ocitocina, hormona do bem- -estar. O reverendo foi confrontado na sua escolha com revelações meteorológicas que previam que no dia vinte e um de janeiro seria atingido o pico das depressões invernais. Era preferível, conclui ele, apertar um desconhecido nos braços a tomar um Xanax num copo de whisky. Ele mesmo beneficiaria da euforia da nova instituição mais recente do feriado de vinte de Janeiro, em honra do pastor Martin Luther King e da sua pastoral que se estribava na não-violência. Rapidamente, a iniciativa deste movimento público de ternura geral seduziu outros países. A Austrália, o Reino-Unido, a Alemanha, a França, a Polónia… Em Portugal temos o dia do abraço a 22 de maio. A verdade é que o reverendo americano não foi o único pioneiro na matéria. Mais ou menos na mesma época, uma Indiana, Mata Amritanandamayi, “Mãe da Plenitude imortal” sentiu a mesma intuição e criou a ONG ETW. Pôs-se a curar e pacificar ela-mesma o espírito humano, abraçando incondicionalmente e por todo o mundo. Terá abraçado, só no ano de 2017, 37 milhões de pessoas pelo mundo fora, todas elas se teriam encontrado algo “ perturbadas”. É claro que teria de haver controvérsia à volta deste guru e das suas ações caritativas. Porém, as críticas e acusações nunca infirmaram o poder reparador das embaixadas do coração e das almas dos homens, sejam quais forem as suas origens. E não é neste momento, em que nos sentimos cruelmente privados desse afeto, que vamos contestar o poder deste contacto que nos parecia, ainda ontem, tão banal e por vezes mesmo constrangedor. Talvez nunca mesmo, se tenha sentido uma necessidade tão forte, tão urgente. Ah! Estar de novo pertinho do fôlego de outra pessoa, agarrá- -la, apertá-la contra si em intermináveis efusões de amizade e afeto! Ah! Um pouco de ternura por fim! Um pouco de calor e ternura, de corpo inteiro, sem medo do outro. Porque não é na ternura que encontramos nesta calorosa manifestação física do abraço amigo? Uma inclinação para a delicadeza, e por conseguinte uma disposição de espírito infinitamente superior à da retribuição e da violência, que é anulada com um simples sorriso. Há na ternura a expressão suprema da inteligência – a lucidez. Esta manifesta um autodomínio, a contenção dos nossos mais baixos instintos; a violência e os seus inúmeros avatares- o ressentimento, o ódio, a maledicência, a inveja. Inspira-nos a doutrina de Jesus “porque Eu sou manso e humilde de coração”. Na verdade, estas são duas virtudes inseparáveis. Econtra-se entre as bem-aventuranças:  “Bem- -aventurados os mansos, porque eles possuirão a terra” (Mt 5,4). Como é simples imaginar a estupefação das multidões perante este anúncio, a insolente revolução dos corações que esta não deixa de suscitar desde há séculos! Na idade média, inspirou o amor cortês erigindo-o como qualidade de vida, uma arte da delicadeza e de respeito pelo outro. Algo inspirado pelo amor confundido com a nobreza da alma. Uma serenidade que não tem nada de adocicado, mas toda uma firmeza, de humildade, de caridade, «a amabilidade própria à verdadeira sabedoria que vem do alto” dizia S.Tiago ( Tg. 3,13). Este dia mundial dos abraços convida-nos a esta serenidade, e a meditar sobre ela, sobre as suas virtudes, neste período de violência extrema e crescente, e de grande solidão. A deixar-se converter por ela, a rogar-lhe que nos torne mais lúcidos, li ou ouvi: “ Fecham- -se os olhos dos mortos com ternura, é também com esta ternura que é preciso abrir os olhos dos vivos”.